Capítulo 2

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O intervalo estava quase no fim e eu ainda teria que aguentar duas horas de aula de química. Ainda estou atordoada e sinceramente, não estou conseguindo pensar direito. Por que, de tantas escolas, eu tinha que vir estudar logo nessa? Tudo que eu mais queria nesse momento era voltar pra Los Angeles e nunca mais colocar meus pés nesse lugar. Mesmo depois de tanto tempo longe daqui, sem vê-lo, não consegui superar o que aconteceu e ainda dói, muito.

Sou uma das primeiras a entrar na sala. Escolho uma das últimas bancadas, no final da sala. Queria que a Maryan tivesse nessa aula comigo pra sentar do meu lado. Uma garota loira logo entra na sala e na hora reconheço. A garota que eu vi na biblioteca. Ela anda na minha direção e senta do meu lado, mas antes me lança um olhar de raiva. Essa aula vai ser longa. O professor chegou e ia começar a se apresentar para a turma quando alguém abre a porta de uma vez, fazendo um grande barulho. Não acredito no que eu estou vendo. É ele, o garoto da biblioteca. Ele vai para o fundo da sala e senta na bancada que fica atrás da minha. Queria virar e encará-lo, porém me contenho. O professor se apresenta e pega uns papeis dentro da bolsa.

– Vou começar a aula de hoje realizando o sorteio de duplas. – Faço uma leve careta. – Quem já estudou comigo sabe que, no começo do ano letivo eu realizo um sorteio de duplas. Isso vai definir a pessoa com quem vocês vão trabalhar durante todo o ano e, essas duplas não podem ser trocadas. Vamos começar o sorteio!

Ele escreve o nome dos alunos em pequenos pedaços de papel e coloca dentro de uma caixa, em seguida sacode e sorteia os nomes.

– Claire. – Meu nome é um dos primeiros. Cruzo os dedos e torço para tirar um bom parceiro de trabalho e que não seja nem essa loira e nem... – sua dupla será o Felipe.

Meu queixo caiu, literalmente. Abaixo minha cabeça e cubro com as mãos. De vinte alunos, minha dupla tinha que ser logo o Felipe. O professor termina de sortear e manda as duplas sentarem juntas. A garota loira que estava do meu lado, aperta de leve o meu braço me fazendo olhar pra ela.

– Eu acho bom, você não se aproximar muito do Felipe, ele é meu. – Ela sussurra e me olha furiosa. – E caso você me desobedeça, prazer, eu sou Nicolly Miles e posso destruir você! – Ela me lança um sorriso descarado e sai. Alguns segundos depois, observo alguém colocar uma mochila preta sobre a bancada e sentar ao meu lado. O professor começa a distribuir folhas com um experimento pra realizarmos. Pego a folha e começo a ler quando Felipe a puxa da minha mão.

– Não pode continuar me ignorando! – Sua voz continua a mesma, apesar dele estar sendo um pouco arrogante. – Vai ter que falar comigo em algum momento.

– Vamos começar sobre tudo relacionado a matéria, só isso. – Falo tentando ser o mais fria possível.

– Por que está agindo assim? – Ele pergunta e eu acho que talvez tenha um pouco de tristeza nela. – Por que está agindo come se nada tivesse acontecido?

– Nada aconteceu! – Falo e olho pra ele. – Se pensa que vou contar o que vi na biblioteca pra alguém, não se preocupe, não vou contar!

– Está fingindo que não se importa, sabe disso! – Ele me encara profundamente. – Não pode ser que depois de tudo que aconteceu anos atrás você não ligue em me ver com outra.

– Mas essa é a verdade, eu não me importo, eu não ligo! – Falo olhando no fundo dos seus olhos. –O que aconteceu, é coisa do passado. A vida é sua e você pode fazer o que quiser com ela, eu simplesmente não ligo. – Tento parecer o mais sincera possível, mas a verdade é que um pouco de mim se importa.

– Você mudou, muito! –Ele fala e olha pra bancada.

– Você também, você não é mais o garoto fofo e gentil de antes. – Ele volta a me encarar e respira fundo. – Antes que eu esqueça, sua namorada disse pra eu ficar longe de você porque você é dela.

– Ela não é minha namorada e eu não sou dela. Apenas nos beijamos algumas vezes. – Aquilo que ele falou doeu, quer dizer que agora ele é um pegador. Com certeza não é o mesmo Felipe que eu conheci.

– Realmente, você mudou! – Falo tentando disfarçar meu incomodo.

– A dor de perder a pessoa que você ama faz você mudar. – Olho pra ele, espantada, só que nessa hora o sinal toca e ele sai rapidamente da sala. Meu Deus, ele estava falando de mim.


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