Capítulo 15

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Felipe narrando:

Não consigo pensar em nada. Estou a duas horas, andando de um lado para o outro na recepção do hospital. Depois que o carro bateu em Claire e eu a vi caída, sagrando e inconsciente, meu coração parou. Corri para seu lado e tentei manter todos afastados enquanto a ambulância não chegava. Segurei uma de suas mãos, estavam geladas. Depois de cinco minutos, que pareceram uma eternidade a ambulância chegou e os socorrentes começaram a realizar  todos os primeiros-socorros. A imobilizaram e a colocaram dentro do carro, apenas uma pessoa podia ir junto com ela. Eu já ia entrando quando Maryan chegou e praticamente, se jogou na minha frente, sendo assim, indo no meu lugar. Peguei minha moto e vim o mais rápido que pude para o hospital. O grande problema é que somente pessoas da família terão acesso as informações sobre o estado de saúde dela. Liguei para os tios dela e eles me disseram que viriam o mais rápido que pudessem, já fazem duas horas que eu liguei.

—Você tem que se acalmar! - Diz Maryan pela quinta vez, mas devido a sua voz trêmula e embargada, noto que nem ela consegue seguir seu próprio conselho. —Ela vai ficar bem...

—COMO VOCÊ SABE DISSO? - Maryan encolhe os ombros e abaixa a cabeça. —Me desculpa Maryan, eu estou muito preocupado. - Ela assente com a cabeça e fixa o olhar em mim.

—Sabe como eu sei que ela vai ficar bem? - Agora ela tem minha total atenção. Nego sua pergunta com a cabeça e ela volta a falar. —Claire Smith é a garota mais forte e corajosa que eu conheço. Ela já passou por tantas coisas, tantas dores, tantas perdas. Primeiro ela perdeu seus pais, depois teve que se mudar perdendo todos os amigos dela, voltou pra cá perdendo todos os amigos que ela tinha feito por lá, perdeu você... Enfim, ela já sofreu tanto e mesmo assim, ainda tem tanta vontade de viver, tem alegria na alma. Ela é aquele tipo de pessoa que contagia a todos, independentemente de estar triste ou feliz. Claire Smith é forte, corajosa, dedicada, determinada, as vezes um pouco fria, mas ela também é sensível, carinhosa e amorosa. Ela vai lutar pela vida até o último minuto pois... - Ela é interrompida pelas lágrimas, vou até ela e a abraço delicadamente. —Desculpe, ela é minha melhor amiga. Também estou muito preocupada. - Contenho as lágrimas. Não posso chorar agora, ela precisa do meu apoio. Nesse momento vejo a senhora Smith entrando juntamente com seu marido. Ela corre na minha direção, em prantos.

—Minha sobrinha, onde ela está! - Tento acalmá-la. — ONDE ELA ESTÁ?

—Meu amor, acalme-se! - O senhor Smith fala e a abraça. —O Felipe não sabe pois os médicos só querem dar informações aos familiares. Sente-se, vou falar com a recepcionista. - Ela o obedece. Senta-se na cadeira e cobre o rosto com as mãos, ela ainda está chorando. Sento ao lado de Maryan enquanto esperamos informações. Alguns minutos depois o senhor Smith volta. —Temos que aguardar, o médico já está vindo falar conosco! - Cinco minutos depois um médico, aparentemente de quarenta anos chega. Sua expressão é neutra, não consigo identificar nenhum tipo de emoção.

—Família Smith, temos que conversar sobre o estado de Claire Smith. Os jovens podem ouvir? - A tia de Claire assente, e o médico prossegue. — A jovem sofreu um acidente de carro e uma das partes afetadas foi a perna, detectamos uma lesão muscular de grau três na panturrilha. O tratamento dessa parte vai consistir em fisioterapia e repouso, ela também teve uma leve torção no braço direito. - Maryan e os tios suspiram aliviados, mas eu me viro para o médico.

—Mas...? - Ele olha para o chão antes de voltar a falar.

—Ela bateu a cabeça no chão durante a queda, isso causou uma pequena hemorragia interna. Exames mostrarão que não será preciso operá-la, mas as próximas quatro horas serão decisivas. Se ela não acordar até o fim dessas quatro horas, isso quer dizer que ela não acordará mais. - A tia de Maryan volta a chorar, e Michael a abraça. Maryan também senta na cadeira e cobre o rosto com as mãos.

—Posso vê-la? - O médico olha para o tio de Claire.

—Claro, acho que de todos aqui, você é o que ela mais gostaria de ver. - Ele sorri para mim, que retribuo. —Pode ir, fique o tempo que quiser!

—Obrigada! - O médico me acompanha até o quarto que Claire está. Ele me manda entrar sozinho e se retira. Me aproximo da cama lentamente. Meus olhos vão direto pra sua perna que está enfaixada, seu braço levemente inchado porém também está enfaixado. Ela está usando um colar cervical. Tem leves arranhões em sua bochecha, e uma pequena mancha roxa no canto de sua testa. Ela parece tão frágil e delicada. Me aproximo dela e beijo levemente sua testa. Nesse momento, sinto o quanto ela está gelada e não consigo mais conter as lágrimas.

—A culpa é minha, toda minha, Claire! Eu deveria proteger você, cuidar de ti, nunca deveria isso ter acontecido

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—A culpa é minha, toda minha, Claire! Eu deveria proteger você, cuidar de ti, nunca deveria isso ter acontecido. Você é a pessoa mais importante pra mim, e eu jurei, naquele dia dois anos atrás jamais te machucar, jurei te proteger de tudo e todos, não queria que nada de mal te acontecesse e olhe só pra você agora, e é tudo culpa minha. Não deveria ter te tratado daquele jeito. Tudo que eu queria era ter te beijado e te abraçado. Quando eu vi aquele carro acertar você e te vi cair no chão, meu coração estilhaçou. Naquele momento eu pensei: "Como eu vou viver sem você?""Como vou conseguir seguir em frente sem você pra iluminar os meus dia?" "Sem esse seu precioso sorriso, como seguiria minha vida sem ele?" E percebi que, não importa quanto tempo se passe eu ainda vou continuar te amando. Por isso te peço. - Seguro sua mão e entrelaço nossos dedos. —Te peço para que não me abandone, fique comigo, vamos ser tão felizes juntos. - Sinto um leve aperto em minha mão, levanto o rosto e noto Claire, com os olhos um pouco abertos, olhando pra mim.

—Felipe. - Ela sussura, mas para mim, parece que está gritando. —Eu te amo muito.

—Claire, eu te amo mais que tudo e pra sempre vou te amar. - Aproximo meu rosto lentamente do seu, encosto meus lábios delicadamente sobre os dela, como se ela fosse uma flor frágil demais, que merece todos os cuidados. Ela retribui o beijo e depois que nos afastamos ela sorri.

—Vou repousar! - Ela sorri, cansada. — Amo você, Romeu! - Sorrio para ela e digo.

—Eu amo você, minha Julieta!



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