Capítulo 28

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"Isn't it lovely, all alone"

"Heart made of glass, my mind of stone"

"Tear me to pieces, skin and bone"

"Hello, welcome home"

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"Não é adorável, a solidão?"

"Coração feito de vidro, minha mente de pedra"

"Rasgue-me em pedaços, pele e osso"

"Olá, bem-vindo ao lar"

Lovely - Billie Eilish feat. Khalid

Nicolly


Depois daquele pequeno teatro fracassado de Brianna no corredor ontem, acabamos discutindo depois de ela ter cometido tal erro e ainda ter se jogado em cima do Felipe após eu ordená-la que ficasse longe dele. Nosso acordo foi quebrado e agora eu a odiava. Mas sentia algo muito estranho. A noite havia sido chuvosa por isso o dia amanhecera frio. Tomei um banho e desci até o escritório onde minha mãe estava, ou melhor, onde ela passava a maior parte do dia desde que...

 —Nicolly, já não avisei que deve bater na porta antes de entrar? - Minha mãe fala logo após eu ter entrado de forma brusca em seu escritório.

—Estava distraída em meus pensamentos, me desculpe. - Fecho a porta e me aproximo mais da sua mesa.

—Tanto faz. - Ela levanta o rosto e me encara no momento em que sento na cadeira à sua frente. —Posso saber o que quer?

—O café da manhã. Vamos tomar? - Ela volta a encarar o papel.

—Já tomei.

—Por que não pediu para me chamarem? - Ela levanta o rosto e revira os olhos.

—Não tenho tempo à perder com momentos em família. - Seu tom de voz é frio e seco.

—Mas, quando o papai...

—Seu pai morreu. - Ela me interrompe. —E eu não posso perder meu tempo com uma garota chata e mimada como você, tenho coisas realmente importantes com o que gastar meu tempo. — Seu olhar está fixo no meu rosto. —Agora se realmente não tem nada de útil para me falar, retire-se do meu escritório. —Mordo o lábio inferior e me viro. Saio do escritório sem respondê-la. Ela sempre é assim. Nunca tem tempo para nada que não seja o trabalho e seus casos românticos. Sinceramente sinto muita falta do meu pai. Subo às escadas em direção ao meu quarto. Deito-me na cama e pego o porta-retratos que fica no meu criado-mudo. Uma foto minha com meu pai, um dia antes de sua morte, à três anos atrás. Tínhamos saído para curtir o final de semana entre família, ou melhor, entre meu pai e eu já que minha mãe se recusou a ir. Quando voltamos para casa no domingo, meu pai acabou passando mal, teve um infarte e não resistiu. Minha mãe chorou. Foi a primeira vez em que ela demonstrou algum tipo de emoção diante de mim. Pensei que aquela tragédia fosse nos unir, mas ela apenas se afastou cada vez mais. Até um dia ela confirmou o que eu suspeitava. Ela não gostava de mim e, nunca quis ter filhos. 

Por que comigo? Por que justamente eu não podia ser feliz? A única pessoa que era minha depois que meu pai morreu, era o Felipe e, aquela estúpida garota o tirou de mim. Por isso eu a odeio. Ela o tirou de mim. Maldita Claire Smith. Se eu não pude e, não posso ser feliz eles dois e nem Maryan e Antony serão. Não vou permitir.

Atiro o porta-retratos contra a parede e ouço o barulho do vidro sendo estilhaçado. Levanto e sento-me no  "Window Seat". Observo pelo vidro da janela as gotas de chuvas começarem a cair. Primeiramente finas e depois aumentando para o que parecia ser uma tempestade. Sorrio sarcasticamente e traço pequenos círculos na janela com meus dedos.

—Não é adorável, ficar sozinho? - Não. Não era. Mas eu não era um tipo de pessoa que os outros gostariam de ter por perto. Não depois que me tornei egoísta.

 Não depois que me tornei egoísta

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