Prólogo

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Bárbara

Se alguém me dissesse que minha pacata vida teria desabado nesses últimos seis meses; eu teria gargalhado de tal pessoa. Apesar de ter tido alguns pequenos problemas na infância, minha vida era tão normal e pacata como qualquer outra. Minha vida era tão sem graça, que não inspiraria nenhum autor de livros a contar minha história.

Bem, mas como dizem: quando algo de ruim acontece desencadeia uma onda de outras tragédias, por assim dizer. Então quando li pela última vez a folha em que estava declarada a minha demissão, tentei lembrar-me do dia em que o primeiro dominó foi derrubado, fazendo assim com que consecutivamente tudo ao meu redor desabasse.

"Foram há exatos seis meses atrás, sai correndo da faculdade pois queria fazer uma surpresa ao David, meu namorado. Iria completar um mês que não passávamos um tempo íntimo juntos, pois nossas agendas não se encaixavam, devido a trabalho e faculdade. Prendi meus longos cabelos pretos em um coque e peguei o primeiro taxi que apareceu, dez minutos depois estava diante da sua porta com a chave extra na mão. Animada entrei, David estava na academia e só retornaria dali uma hora, isso me daria tempo de sobra para preparar tudo.

Eu só não esperava presenciar aquela cena diante dos meus olhos...

David estava nu em toda a sua glória na sala de estar, seus cabelos loiros estavam úmidos e o cheiro que senti era de sabonete e sexo, David estava arremetendo firme contra a pessoa que estava de quatro no sofá, suas costas largas e seu bumbum perfeito retesavam-se a cada investida dele. Eu estava sendo traída, porém não foi isso o que mais me deixou em choque, foi o fato de que o parceiro sexual do meu namorado fosse o seu melhor amigo Pedro que estava de quatro e gemia sem parar...

— Inacreditável! — Disse sem conseguir me conter, rapidamente os dois me encararam, assustados; eu não conseguia tirar os pés do chão tamanho choque.

— Bárb, amor não é o que você está pensando. — Disse ele. A frase clichê dos traidores. Ele catou o short da academia no chão e o vestiu. Uma risada escapou do fundo da minha garganta, um som estranho e bizarro escapou dos meus lábios.

— Não? E o que você acha que estou pensando David? Que vocês estavam fazendo exercícios extras após a academia? Que talvez eu não tenha sido traída? Que foi tudo ilusão da minha mente? — Suspirei irritada. — Bem David, eu não nasci ontem e o que estou vendo aqui...o que estou pensando nesse momento é: Que meu namorado não tem coragem de sair do armário e por isso fica comigo. — Comecei a rir ainda mais, uma risada histérica, e os dois ficaram lá, me encarando feito idiotas, Pedro vestiu-se rapidamente e como se estivesse habituado a fazer isso. Foi quando eu senti as lágrimas arderem em meus olhos, e comecei a caminhar trôpega e tentando pisar firme a caminho da porta, não iria chorar na frente deles, não lhes daria esse gostinho.

— BARB ESPERE! — Gritou David. Ele veio correndo e me puxou pelo braço antes que eu alcançasse a saída. E me olhou com aquele olhar pidão que eu tanto estava acostumada, porém o olhar que antes me desarmava e me fazia ceder, me causou náuseas. — Eu sinto muito. — Foi o que ele disse. Um ano juntos, o homem que finalmente confiei depois de ser abandonada por todos. E ele iria me dizer apenas isso.

— Vá se ferrar! — Disse e puxei meu braço de seu domínio. — Eu confiei em você! — Ele piscou triste, pois sabia da minha história, do meu passado. — Confiei em você David e graças a você não cometerei esse erro novamente. — Ele estremeceu diante do meu olhar irado, aquelas íris azuladas me encaravam suplicantes.

— Eu só estou confuso, eu não sei o que quero, estou confuso mesmo. — Ele parecia transtornado. — Eu tenho tanto medo.

— Acho que está na hora de você ser homem, ser corajoso... parar de brincar com a vida das pessoas porque você é um maldito covarde. — Encarei Pedro que estava com a cabeça baixa e parecia tão infeliz quanto eu. Ainda assim eu não senti pena dele. Eles não pensaram em meus sentimentos quando estavam fodendo no sofá da sala. Corri para o elevador e quando alcancei a rua, as malditas lágrimas vieram com força total, chorei copiosamente no ônibus ao voltar para a minha pequena quitinete, só queria chegar logo e me esconder do mundo."

E agora seis meses depois perdi meu estágio em administração, estava a ponto de ser despejada do meu cantinho, pois certamente não teria como pagar o aluguel do mês seguinte. Derrotada segui para o meu pequeno lar, o lar em que vivia há quatro anos, após a morte de meu amado pai. Vivia sozinha e não tinha ninguém por mim. Mas gostava da minha vida ordenada e normal.

Entrei no pequeno apartamento de três cômodos e vi que havia uma mensagem piscando na secretária eletrônica. Certamente a empresa de cobrança, querendo saber o motivo de eu não ter pago o cartão de crédito naquele mês. Suspirando coloquei a lasanha congelada no micro-ondas e fiz um suco instantâneo de uva e apertei o maldito botão, afinal em breve eu não poderia pagar o telefone então certamente essa seria uma das últimas mensagens que eu escutaria.

— Barb sua louca você está ai...? — Era Josiane minha melhor amiga, que havia se mudado dali para uma vida muito mais movimentada. — ... bem acho que não... mas vou deixar a mensagem...está chegando o verão sabe e aqui em Florianópolis é uma loucura nessa época, anyway minha mãe está precisando de ajuda com a administração e tudo mais, sei que você tem um estágio ai no sul, mas é o dobro do salário e você... bem... você terá a nós, vamos nos divertir muito e.... — Um bipe e a mensagem acabou.

Assim como várias coisas ruins aconteciam juntas, sempre teria algo de bom a acontecer para ter um equilíbrio. O mundo precisava de equilíbrio, não é mesmo? E pela primeira vez em toda a minha vida aquela frase fez todo o sentido para mim: Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela.

Depois de pensar nos prós e contras de toda aquela situação caótica que se transformou minha vida, tomou uma decisão.

Eu iria.

Nada me prendia no Rio Grande do Sul, nada. Uma vida nova era tudo o que eu precisava e com esse pensamento peguei o celular e liguei para Josiane.




[1] Anyway [inglês] é como (de qualquer forma, enfim).


ESSA É A MINHA PRIMEIRA HISTÓRIA, ESTOU FAZENDO UMA EDIÇÃO 2 DELA E QUERO OPINIÕES DE VOCÊS ♥ 

OBRIGADA 

AMO-OS ♥

AS POSTAGENS SERÃO DIÁRIAS, OU QUASE DIÁRIAS HAHA , SORRY, ÁS VEZES ACONTECEM IMPREVISTOS 

Doce Tentação - Edição 2 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora