Doze

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  A festa foi acabando, inversamente proporcional à minha conversa com Tiago. Sentamos na areia da praia e nada do nosso assunto nem dar sinal de acabar.
  ‎Enquanto eu ria da história que ele a acabara de contar, senti uma mão delicada no meu ombro.
  ‎-Mamãe.
  ‎-Oi, Amor.
  ‎Ela sentou no meu colo, esfregando um olho distraidamente. Beijei seu cabelo, a ajeitando mais confortável.
  ‎-Eu quero dormir.
  ‎-Pode dormir no meu colo, filha.
  ‎-Não. Eu quero deitar com você.
  ‎-Dandinha...
  ‎Olhei para Tiago em minha frente, pensando. Como em mágica, Bruna veio correndo até nós três.
  ‎-Tatá! Eu ouvi. Vou deitar agora, me dá ela.
  ‎-Ah, ótimo, Bruninha. Vai com sua Dinda, Danda.
  ‎-Mãe...
  ‎-Deixa sua mãe, princesa. Vem comigo. O  Ney e o Davi vão ficar um pouco com a gente.
  ‎Totalmente contra sua vontade, Bruna pegou Dandara no colo e a levou para o quarto. Sentei de novo com Tiago e sorri, sem graça.
  ‎-Desculpa por essa cena. A Dandara é muito apegada em mim, é ciúmes.
  ‎-Você devia ter ido, Tatá.
  ‎-Não. De forma alguma. Ela tem que entender que a mãe dela também tem uma vida.
  ‎-Está certo. Você acha que ela me aceita bem?
  ‎Lembrei do que Dandara me falou. Como dizer, carinhosamente, o quão minha filha não queria nos ver juntos?
  ‎-Eu não sei... Provavelmente, sim. Ela é um doce, eu te prometo. Só que agora está com um pouco de ciúmes. E isso é diferente, eu nunca estive com um cara desde que ela nasceu.
  ‎-Porque?
  ‎-Quando descobriam que eu já era mãe, fugiam tão rápido.
  ‎-Ainda bem que eu amo criança-sorri.
  ‎-Uma sorte minha.
  ‎Falamos de várias outras coisas. Tiago cantou para mim, dançamos e brincamos de tentar contar estrelas. Já se passava de uma da manhã quando o clima esquentou.
  ‎Estava deitada em baixo dele, que me beijava de forma excitante e provocante.
  ‎-Quer ir para o meu quarto, Tatá?
  ‎-Eu tenho a Danda, Titi. Vamos deixar para outro dia.
  ‎-A Bruna já colocou ela para dormir tem muito tempo.
  ‎Sorri, ponderando. Não acreditei quando me vi caminho ao quarto dele. Não era do meu feitio me entregar assim, mas esse amor era tudo que eu mais precisava.

🌸

-Bruna-
 
    Minha noite foi pura insônia. Não por preocupação nem nenhum sentimento ruim, mas por ansiedade e felicidade. Mas durante minhas crises de acordar do nada, pude imaginar que Tatá tinha se entregue aos charmes de Tiago, um casal que dei força porque achei que não ia acontecer.
    ‎Quando o relógio marcou 5:30, levantei definitivamente e fui direto para meu banho. Me vesti com um vestido branco suave e com toda minha euforia, quis tirar meu vestido da capa.
    ‎Ao pegar ele no armário,lembrei que Tatá trancara a capa com um cadeado e a chave estava com ela. Minha amiga até podia negar, mas eu sabia que ela escondia no sutiã aquela porcaria de chave.
    ‎Fui até a varanda verificar as armações da estrutura da minha cerimônia,rindo toda boa ao ver cada flor em seu lugar, enquanto ligava para Talita. A criatura atendeu com a maior voz de sono.
    ‎-Eu caso em 6 horas. APENAS SEIS HORAS. LARGA O TIAGO E VOLTA PARA O NOSSO QUARTO AGORA.
    ‎-Aí, Bru... Estou indo. Não grita essa hora.
    ‎- Eu estou a um minuto de explodir. Grito SIM.
    ‎Com esse último, ouvi um barulho no quarto e virei. Vi minha afilhada se mexendo na cama e me calei.
    ‎-Acordei a Danda sem querer. Beijo.
    ‎-Que perigo deixar vocês sozinhas. Eu estou indo.
    ‎-Ok. Vem logo.
    ‎Desliguei o telefone e sentei na cama ao lado de Danda. Ela resmungou e olhou para mim com rosto de sono.
    ‎-Oi, Dindinha.
    ‎-Oi, minha princesa. Dormiu bem?
    ‎-Uhum. Essa cama é boa.
    ‎Ri, abraçando seu corpo delicado. Em resposta, Danda beijou minha cabeça.
    ‎-Amor, eu vou casar hoje, sabia?
    ‎-Claro, dinda. Todo mundo já sabe disso.
    ‎- Eu gosto de falar isso.
    ‎-Cadê minha mamãe?
    ‎- Ela... A sua mãe foi no... Ah,meu Deus. Ela foi conferir as flores lá na praia.
    ‎-Eu tenho 4 anos mas não sou idiota, Dinda. Ela tá com o Tiago?
    ‎-É... Você é muito esperta, garota. Mas não deixa sua mãe saber ainda que já sabe.
    ‎-Tá. Você gosta do Tiago, Dinda?
    ‎-Então, meu amor...  Eu sou muito amiga do Tiago também. Ele é um cara legal. Você pode dar uma segunda chance para ele.
    ‎- Eu queria que a mamãe namorasse o tio Fábio. Ele é mais engraçado. Não acha?
    ‎-Ah, o Porchat é ótimo... Eu amo ele e sua mãe juntos.
    ‎-Eu também. Mas, dinda, ele é tão burro.
    ‎Gargalhei, mas logo depois tentei ficar séria. Dandara tem quase as mesmas manias de Talita e, com certeza,o mesmo tipo humor.
    ‎-Pequena, ele não é burro. Ele magoou a sua mãe. Quer dizer... É, ele é burro, sim. Tua mãe é um mulherão. É linda.
    ‎- Eu sei. Parece comigo.
    ‎-Convencida-Ela sorriu.
    ‎-Mas, Dinda...  Você foi lá em casa umas mil vezes triste. E agora você vai casar com meu tio e vocês vão ser felizes.
    ‎-Amém.
    ‎-Porque minha mãe não pode se acertar com o Fábio e ser feliz também?
    ‎-Ah, Dandinha... Isso é mais difícil do que parece.
    ‎-Isso é chato.
    ‎-É...
    ‎Ao ouvirmos a porta abrindo, nosso assunto acabou. Tatá entrou no quarto sorrindo e pulou na cama também, me abraçando.
    ‎-Minha bebê maior vai casar!
    ‎-Minha ficha nem caiu ainda.
    ‎Começamos a agir igual adolescentes,  o que deixou minha afilhada com uma cara de quem, acredito eu, estava nos achando esquisitas. Assim que nosso breve surto acabou e depois que Tatá mimou a filha, foi tomar banho.
    ‎Queria conversar com minha amiga sobre sua noite,mas nunca falaria isso na frente de Danda. Tatá me deu a chave e fui tirar meu vestido da capa, isso também enquanto conferia as mensagens de meu cabeleleiro.
    ‎Mesmo ocupada,ouvi quando Danda começou a falar do nada no quarto. A olhei de longe e a vi usando o telefone da mãe em uma ligação. Assim que percebi o teor da ligação, sorri e deixei ela continuar.

-Ligação-

     -Alô?
     -‎Tatá? Está tudo bem?
     -‎Oi, tio Fábio. Sou eu.
     -‎Ah, Oi, Dandinha. Tudo bem?
     -‎Tudo. Queria te pedir uma coisa. Mas tem que ser rápido antes que minha mãe volte.
     -‎O que você está aprontando,pequena?
     -‎Tio, minha mãe está namorando um homem muito chato. E eu acho que ela nem ama ele.
     -‎Sério, Dandara? Qual é o nome dele?
     -‎Tiago Iorc.
     -‎O cantor?
     -‎Ele! E ele é muito chato. Você tem que fazer as pazes com minha mãe.
     -‎Dandinha... Isso é tão complicado.
     -‎Todo mundo me fala isso! Isso é chato.
     -‎É porquer realmente é complicado. Sua mãe gosta mesmo dele?
     -‎Não. Tenho certeza. Ela me disse que quando você gosta de alguém, você fica bobo. Ela não está. Quer dizer... não boba diferente do que ela é.
     -‎Danda, prometo que vou fazer alguma coisa. Eu só tenho que pensar.
     -‎Você é lento, tio Fábio. Vai no trabalho dela segunda. Eu sei que ela vai ter uma reunião muuito difícil de manhã. Ah, e ela ama de paixão flor roxa. Porque ela acha diferente. Só que eu não sei o tipo.
     Pelo tom de voz, podia-se notar que Fábio sorria.
     -‎Tio Fábio!
     -‎Oi, meu Deus.
     -‎Você não estava namorando?
     -‎Estava, baixinha. Estou. Sei lá. É tão confuso. Eu gosto demais da sua mãe.
     -‎Você chateou ela demais.
     -‎Eu sei.
     -‎Ela ficou chorando a noite toda.
     -‎Imagino. Eu fui bem mal mesmo.
     -‎Bem mal mesmo. Ela ficou morrendo de raiva de você.
     -‎Eu já entendi, Danda.
     -‎Mas é que ela ficou muuuito chatea...
     -‎Dandara! Eu já entendi.
     -‎Não precisa ser grosso! Se não, eu não te quero mais com a minha mamãe.
     -‎Calma aí, mocinha. Seu apoio é muito importante para mim.
     -‎É mesmo. Mamãe fala que eu sou o tesouro dela.
     -‎Eu não duvido nadinha que seja. Você é uma Safira.
     -‎Ah!Minha mãe já me disse isso. Ela falou que a Safira é boa por que eu levo paz pra ela.
     -‎Ela disse mesmo? Danda... Fui eu quem ensinou isso pra sua mãe.
     -‎Você chamava ela assim?
     -‎Chamei. Uma vez... Faz tempo. Você nem tinha nascido.
     -‎Tá me chamando de velha?
     -‎Nossa. Se você é velha, eu sou um ancião.
     Com isso, a pequena gargalhou. Mas logo ouvira que o chuveiro havia sido desligado. Correndo, se despediu de Fábio e desligou a ligação.
     ‎-Do que você está rindo tanto, bebê?
     ‎-Eu...
     ‎-Estava contando para ela aquela vez que você bebeu demais em Nova Iorque.
     ‎-Você é tão engraçada, mamãe.
     ‎-Mereço vocês.
     ‎Tatá revirou os olhos de brincadeira, indo pentear o cabelo. Bruna piscou para a pequena na cama. Ali nasceu um segredo entre as duas e Fábio, tão confidencial quanto um documento de Estado.
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