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Você estava me ignorando por três dias. Pela manhã, também começou a sair mais cedo para a escola só para não ter que tomar café comigo.

Na escola, quando eu passei por lá para tentar conversar de novo com você no caminho de volta para casa e pedir desculpas pelo ocorrido, os alunos me trataram como se eu fosse de outro planeta. Talvez porque eu tenha do nado aparecido na escola, no meio do ano letivo, mas provavelmente porque todos ainda lembravam da surra que eu dei naquele garoto da sua turma.

Eles todos me olhavam com desprezo, mas eu realmente não me importava.

A solidão sempre foi uma visita inconveniente que fez morada em mim.

O que me machucava era quando você também me olhava assim, como se me desprezasse.

Qual é o meu problema, Emilly? Eu queria te manter afastado do meu pecado e de mim, o pecador, mas quando finalmente consegui, eu só sabia pensar em como te fazer querer se aproximar de novo.

Eu sempre fui assim, não é? Inconstante, a perfeita definição de contradição.

De tanto te querer perto, eu te mantinha longe, e isso doía.

Mas naquela noite foi especificamente difícil.

Nossa mãe estava em mais um de seus plantões no hospital onde trabalhava e nós estávamos sozinhos em casa. Eu no meu quarto, você no seu, a casa completamente silenciosa como se nenhum ser vivo estivesse ali.

Eu estava tentando ajudar alguns alunos virtualmente com a matéria de história, não porque era alguém de bom coração, mas porque precisava tirar você da minha cabeça.

Você já deve saber, não funcionou. Como um desistente, mais derrotado que a Alemanha nazista pós-guerra, eu deixei de lado o livro e o caderno e me dirigi ao banheiro.

Quando éramos mais novos, você sempre esquecia de levar sua toalha para o banho e ficava minutos seguidos gritando para que nossa mãe levasse uma para você. Você mudou muito, Emilly, mas isso parecia não ter mudado.

Quando saí do quarto, você saiu do banheiro. Seu corpo estava completamente molhado e você tentou dar um jeito vestindo a calça de moletom que provavelmente já estava usando antes de ir tomar seu banho. O tecido cinza estava marcado pela umidade em suas pernas, e você estava apenas de sutiã.

De tão hipnotizado, fui capaz de ver as gotículas de água deslizando por sua pele bronzeada e os pelos finos de seus braços eriçados por não ter se secado apropriadamente.

Você parou de andar quando me viu. Eu também parei de andar quando te vi, não conscientemente.

Mantive meus olhos bem atentos ao seu corpo exposto, acompanhando dolorosamente o percurso de uma gota que desceu pela linha entre seu pescoço e deslizou por sua pele bonita até se chocar contra o meio de seu sutiã.

Sem perceber, eu deixei minha língua deslizar por meu lábio, umedecendo-o num gesto afetado pela maravilha que era seu corpo.

Mas então eu lembrei que você também estava me observando e finalmente levantei meus olhos, encontrando os seus.

Você era sempre tão transparente, Emilly, mas dessa vez foi impossível interpretar a expressão em seu rosto.

Você percebeu o desejo em meus olhos?

Apavorado, eu senti como se um bolo estivesse se formando em minha garganta e foi difícil forçá-lo para baixo, principalmente porque você parecia tão atento ao movimento do meu pomo-de-adão.

Depois, você subiu lentamente até fixar seus olhos em minha boca, e eu te vi soltar o ar com lentidão.

"Marrcos...", você chamou, num fio inconsistente de voz.

Quando nossos olhares se encontraram pela segunda vez, você prolongou o contato por apenas mais dois segundos. Então, como se arrastados para fora de um transe, eu te vi arregalar os olhos, assustada, antes de correr de volta ao seu quarto e fechar a porta com urgência.

Você ficou com medo de mim, picinho?

Ainda atordoado, eu segui meu caminho ao banheiro e me forcei a esquecer os segundos que compartilhamos no corredor.

Tentei esquecer daquela gota de água pousando graciosamente em seu sutiã. Tentei apagar o meu desejo de sugar cada uma daquelas gotículas em sua pele.

Mas a imagem permaneceu viva em minha cabeça e de repente, eu me imaginei em cima de você, sugando suavemente um de seus peitos, descendo com a boca pelo caminho no centro de sua linda barriga até alcançar o elástico de sua calça.

Imaginei os seus gemidos quando sentisse minha boca em sua pele. Quase consegui ouvir o seu suspiro de antecipação quando minhas mãos alcançassem sua calça, puxando-a para baixo e revelando que você estava molhada. Que ficou tão excitada quanto eu.

Então me imaginei beijando todas as partes de sua coxa, provocando-a, mordendo a carne macia de suas partes internas.

Totalmente fora de mim, eu encarei meu reflexo no espelho manchado pelo vapor do banho morno que você tomou. Vi minhas pupilas dilatadas e senti minhas bochechas quentes pelo calor provocado por minha imaginação.

Meu corpo todo foi atiçado, me fazendo sentir como um animal, incapaz de controlar o instinto.

Pedindo perdão a Deus por meu pecado, eu então desci minha mão e desabotoei minha calça.

Meu falo duro ficou livre, mas não por muito tempo, porque eu logo o agarrei com minha palma quente e comecei a estimulá-lo com movimentos obscenos de vai e vem.

Enquanto meus gemidos se tornavam mais altos, misturados ao som imoral da masturbação, minha mente se tornou mais vazia, livre de qualquer coisa que não estivesse relacionada a você. Livre de culpa.

Mas então eu jorrei, forte e quente, sobressaltado pelo gozo acertando minha barriga. E a culpa voltou, como um pêndulo sempre volta à posição inicial.

Minha respiração irregular não me permitiu oxigenar meus pulmões adequadamente, e eu me senti fraco.

Quando percebi o que tinha acabado de fazer, meu corpo desabou no chão frio do banheiro, minhas costas apoiadas contra a parede de azulejos brancos e meu coração apertado.

Antes mesmo que eu percebesse, as lágrimas já estavam escorrendo de meus olhos e manchando meu rosto, até que o primeiro soluço escapou, alto e dolorido.

Eu cobri minha boca, tentando desesperadamente conter um grito de dor e repúdio depois de me tocar pensando em minha própia irmã.

Me diz, picinho, por que eu sempre fui tão doente assim?

Fated | MH + EAOnde histórias criam vida. Descubra agora