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Marcos se moveu sobre os próprios pés, sentindo as pernas cansadas por ter passado tanto tempo na mesma posição, sentado diante do túmulo de sua amada irmã.

Ele gemeu fraquinho quando massageou o próprio pescoço, aproveitando sua pausa para olhar para o céu.

O sol brilhava forte e as nuvens tinham desaparecido completamente. Era um dia bonito e ensolarado no meio de um mês conhecido pelas chuvas fortes.  

Era como um milagre, assim como o amor que compartilhou com aquela que carregava seu sangue.

— Foi você quem fez o dia ficar tão bonito? — Marcos perguntou, então, com um sorriso pequeno enquanto olhava o nome de Emilly cravado na lápide. — Você sabia que eu vinha hoje, não é, picinho?

Em resposta, nada veio além do silêncio do cemitério onde, dez anos antes, tinha sido enterrado o corpo de Emilly.

Mas talvez Marcos estivesse certo. Talvez Emilly soubesse que seria visitada nesse dia, já que seu irmão sempre aparecia com flores e uma nova história para contar no dia do seu aniversário.    

E, talvez, ela tenha sido capaz de convencer o universo inteiro a ter uma trégua com Marcos, porque nem mesmo os deuses eram capazes de dizer não a Emilly.  

— Você deve estar confusa. — Marcos murmurou, ainda sem se levantar. — Por dez anos, eu vim aqui no dia vinte e quatro de julho e te contei histórias diferentes. Contei sobre como me reconciliei com nossa mãe, como consegui um bom emprego e como conheci minha noiva. Então você deve estar se perguntando porquê, hoje, eu te contei a história de nós dois.

Sozinho, Marcos sorriu mais uma vez, antes de continuar.

— Eu vou embora, picinho. — Ele disse, então. — Eu vou para Sorriso e não sei se vou voltar. Eu tento viver bem aqui, tento ser feliz com minha nova família, mas ainda tem algo que me machuca sempre que eu olho para qualquer canto dessa cidade. Então hoje eu vim aqui para me despedir de você.  

Os dedos de Marcos acariciaram as pétalas das flores que tinha deixado sobre o túmulo da irmã, e ele respirou fundo, olhando para a aliança em seu dedo.

Ele estava noivo de uma mulher que conheceu dois anos antes, e ela carregava um filho seu no ventre.  

Marcos não diria que estava infeliz, porque amava sua noiva, assim como amava seu filho, mesmo sem tê-lo conhecido. Mas ele se sentia incompleto e sabia que se sentiria assim até que pudesse finalmente reencontrar sua Emilly.

— Mas não foi só para isso que eu vim aqui. Não foi só para dizer um adeus. — Ele continuou. — Eu quis te contar tudo isso para que nós dois sejamos capazes de aprender com nossos erros. Eu quis relembrar cada detalhe doloroso desses anos para que, no nosso reencontro, eu seja capaz de acertar.

Ele sorriu, determinado.  

— Então eu prometo que não vou ter medo da próxima vez e eu não vou te abandonar, pelo menos não para sempre. Eu vou dar tudo de mim por você e eu juro que nós vamos ser felizes.

Marcos fez algum esforço para ficar de pé, e então bateu as mãos na calça para tirar os pedacinhos de grama presos em sua roupa.

— Obrigado por ter existido, pequena. Obrigado por ter me amado e por ter sido corajosa para lutar por nós dois no final. Eu nunca vou me esquecer da sua força.

Um suspiro escapou por entre os lábios de Marcos e ele sorriu mais uma vez, sabendo que estava na hora de ir embora.  

— Nunca esqueça que eu te amo desde outra vida, por todas as outras vidas. — Ele murmurou, baixinho, e completou em silêncio, sentindo a esperança ecoar em seu coração.

Te encontro na próxima vida, picinho. 

E você sabe, eu nunca vou deixar de te amar.

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sim, a emy estava morta desde o começo da fic:(

o próximo capitulo é o ultimo, prometo que ele sim é feliz ok? 

Fated | MH + EAOnde histórias criam vida. Descubra agora