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Na manhã seguinte, eu acordei com o corpo coberto de suor, os olhos arregalados e o peito subindo e descendo furiosamente. Era mais um daqueles sonhos, Emilly, e esse continuava se repetindo noite atrás de noite.

Nele, eu sempre estava preso a uma cama, com a vida deixando meu corpo pouco a pouco. Você chorava ao meu lado, segurando minha mão, e então eu tinha a mais absoluta certeza do que estava acontecendo. Eu estava morrendo, picinho.

E a última coisa que eu ouvia, antes de ser arrastado para a realidade, era a sua voz em meio ao choro repetindo a mesma promessa de sempre.

"Nem que seja em outra vida, eu vou te encontrar de novo"

E não pela primeira vez, eu fui assolado por aquela estranha sensação de que esses devaneios do meu subconsciente não eram apenas sonhos, mas isso parecia tão impossível, Emilly, que eu me conformei em acreditar que tudo era apenas uma piada de mal gosto que minha própria cabeça estava fazendo.

Afetado por esse sonho que declarava minha morte iminente, atordoado pelos sentimentos que isso despertou, eu passei tempo demais sem conseguir sair da cama. Quando finalmente consegui me levantar e saí do quarto, eu vi a sua porta ainda trancada, mesmo que já estivesse tão tarde.

Aquele sábado seria apenas mais um daqueles dias em que ficávamos sozinhos em casa, mas nos evitando como se qualquer mínimo contato pudesse iniciar uma tragédia.

Essa sensação de distanciamento, de medo e repúdio já eram quase familiares, então por mais que eu não estivesse feliz - porque eu nunca estava feliz -, também não estava especialmente abalado por isso.

Nesse mesmo dia, o relógio da cozinha mostrava que já passava das três da tarde, mas eu ainda estava preparando meu almoço.

Então você apareceu, com os cabelos molhados do banho recém tomado e os olhos inchados e vermelhos.

Você chorou tanto assim, picinho? Por mim?

Incapaz de entender, eu apenas te olhei, deixando que o silêncio predominasse enquanto você me encarava com algo que flutuava entre ressentimento e tristeza.

"Marcos...", eu ouvi sua voz me chamar, fraca como nunca esteve antes, segundos antes de ouvir o som da campainha ecoar pela casa.

Eu estava com medo, picinho. Na noite anterior eu me convenci de que estava louco, mas então você apareceu, mostrando que o sofrimento em sua voz não era coisa da minha cabeça.

Eu estava confuso e assustado, por isso ignorei seu chamado, deixei a comida esfriando sobre o fogão e me adiantei até a porta, fugindo de você.

Quando abri, era ela quem estava lá. Babi.

"Quer dar uma volta?", ela perguntou, depois de ver meu cumprimento um pouco surpreso. "Vou ser educada e te pagar um sorvete antes de te convidar pra transar."

Eu olhei para trás e vi que você nos observava, parado na divisória entre a cozinha e a sala.

Meu almoço ainda estava sobre o fogão e meu estômago vazio começava a doer, mas mesmo assim eu aceitei o convite dela, porque precisava sair, precisava ficar longe de você para tentar entender o que estava acontecendo.

"Espera só um pouco", pedi, me afastando da porta para que ela entrasse. "Pode sentar, eu já volto"

Bárbara assentiu, parecendo pouco acanhada quando caminhou até o sofá e se acomodou sobre ele. Depois de observá-la mais um pouco, eu voltei à cozinha e fui seguido por você quando caminhei até a panela com a comida recém-preparada.

"Não vai.", você pediu com voz manhosa de choro.

"O que?", eu perguntei, respirando fundo quando olhei para você. "Por que eu não iria?"

"Porque...", você hesitou, e o silêncio voltou enquanto eu esperava uma resposta.

"Quer saber? Não importa o porquê", eu disse, guardando a comida na geladeira e já começando a voltar para a sala. "Eu vou com ela."

"Não!", você quase gritou, e foi isso que me fez parar outra vez. Quando virei para te olhar novamente, vi que seus olhos brilhavam, transbordando de lágrimas, e seu corpo tremia a ponto de você precisar se apoiar no balcão.

Eu não entendia o que estava acontecendo, Emilly, mas então você finalmente disse.

"Eu não aguento te ver com ela. Eu não aguento te ver com nenhuma outra!"

"Como é?", eu questionei, sem conseguir acreditar no que tinha escutado.

"Marcos, eu...", você deixou sua voz morrer, pela segunda vez. "Eu tenho mentido pra você por tanto tempo, mas... você também sente, não é? Essa... essa coisa. Esse pecado."

Meus olhos estavam arregalados como nunca estiveram antes, Emilly, porque eu nunca esperava ouvir aquilo de você. Mas então eu passei as mãos por meu rosto, me convencendo de que, não importava qual a loucura que você estava tentando me dizer, não era o que eu pensava.

Você simplesmente não podia estar falando sobre me amar da forma como eu te amava.

"Eu vou sair daqui", foi tudo que eu consegui dizer, assustado.

Mas antes que eu me virasse, você inflou o peito e pareceu se encher de determinação para dizer o que finalmente me deixou incapaz de me mover.

"Seus sonhos, Marcos", você disse, caminhando em minha direção com o rosto manchado de lágrimas. "São iguais aos meus, não são?"

Meu coração parecia ter parado de bater, Emilly, e eu sentia que estava ficando louco, porque aquilo não podia ser real.

"Não vamos mais fingir, por favor, eu não aguento mais", você implorou, segurando meu rosto com suas duas mãos quando parou em minha frente. "Meu coração... eu não tenho mais tempo..."

Sua boca tocou a minha, seus lábios gelados e trêmulos pressionando os meus pela primeira vez.

Você me deixou completamente sem ar e minha cabeça parecia estar prestes a explodir com tudo que se passava dentro dela depois desse simples toque.

Então você me olhou, com determinação em meio ao medo, sem soltar meu rosto.

"Eu cumpri minha promessa. Eu te encontrei de novo, meu bem, então vamos ficar juntos."

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sim, a Emy também tem os sonhos e sim, na vida passada o Marcos morreu.

Que reviravolta, Brasil!

Até o final a gente ainda vai sofrer juntos, mas o final nossa sinhooura! É top!

Feliz Páscoa adiantado pra todo mundo ♡

Fated | MH + EAOnde histórias criam vida. Descubra agora