O Ensino Médio pode ser uma fase da sua vida da qual você se recordará para sempre, e abrirá um sorriso instantaneamente, você sairá de lá com amigos para a vida toda, experiências inesquecíveis e histórias para dar e vender. Também pode ser uma fase da qual você nunca mais vai querer se lembrar, apagará todos os registros, excluirá o contato dos colegas de sala, e jurará nunca mais pisar em um colégio novamente. Ou, você pode simplesmente não sobreviver ao Ensino Médio.
- Bem-vindos ao primeiro ano! - Disse uma garota ruiva e esguia ao microfone de um palco improvisado na quadra - Meu nome é Jess, eu sou a representante do primeiro ano, e quero desejar um bom ano letivo à todos os novatos vindos de outras escolas! Caso estejam se perguntando - ninguém estava - eu estou no segundo ano agora, mas fui eleita para representar o primeiro neste ano!
Estávamos todos sentados em cadeiras de plástico enfileiradas e separadas de acordo com nossas séries. Eu era a única que não tinha um grupo de amigos, me sentia deslocada, não conhecia ninguém e nunca havia estudado em um colégio tão grande como o Dellavega. Quando eu tinha cinco anos, meu pai colocou um papel de parede com estampa do fundo do mar no meu quarto, porém, não haviam peixes, apenas algas e corais. Pintei com esmalte cor-de-rosa um peixinho bem no meio do oceano, quando meus pais viram fui proibida de pintar mais peixinhos, disseram que eu estava "estragando" o papel de parede. Chamei aquele peixinho solitário de Glubby, e todas as noites eu o fazia companhia e lia histórias, pois não haviam outros peixes para ele brincar. Naquele dia, eu me sentia como o Glubby. Sozinha no oceano.
Quando o discurso de boas vindas de Jess terminou, os professores se apresentaram brevemente e fomos dispensados. A escola era imensa, contava com três quadras esportivas, quatro andares de salas de aula, um refeitório ao ar livre, dois pátios e uma piscina olímpica. Aquilo me encheu os olhos, pois até então só havia estudado em escolas pequenas.
Minha primeira aula era de química, mas o mapa das salas era muito confuso, me peguei circulando por toda a escola cerca de vinte minutos. Andando apressadamente e olhando fixamente para o mapa, esbarrei em alguém bem de frente. O mapa caiu junto com meus óculos e alguns livros que esta outra pessoa carregava.
- Opa! Está perdida?- disse a garota em que havia esbarrado.
- Desculpe, sou nova aqui e estou tentando achar minha sala.
- Qual sua próxima aula? - me perguntou.
- Química, primeiro ano...
- Haha, bobinha! Você está perdida mesmo, não é? A química do primeiro ano é no bloco B.
Uma placa na pilastra à minha esquerda indicava: "Bloco C"... droga. Eu não havia prestado atenção na garota, até aquele momento. Ela era alta, ruiva, magra e atraente. Usava um uniforme de líder de torcida, e aparentava ter uns 17. Bem clichê, mas ao mesmo tempo original.
- Eu sou Alexia, mas só Lexi serve, qual seu nome? - me perguntou, e eu saí do transe em que ela mesma havia me colocado.
- Me chamo Rebecca, mas só Becca serve.
- Legal, toma aqui, - ela agachou e pegou meu mapa e meus óculos - vai precisar!
- Obrigada, até mais.
- Até Becca!
Ela seguiu o corredor na direção oposta e entrou na primeira porta à direita.
Quando finalmente consegui me encontrar, entrei às pressas na sala de aula, sem nem pedir licença ao professor. Todos se curvaram para mim, me senti em um reality show sendo observada por mil câmeras.

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Adeus, Becca
Genç KurguO Ensino Médio pode ser uma fase da sua vida da qual você se recordará para sempre, e abrirá um sorriso instantaneamente, você sairá de lá com amigos para a vida toda, experiências inesquecíveis e histórias para dar e vender. Também pode ser uma fas...