Capítulo 4, Parte 1 - Joguinhos de Gato e... Marinette

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  Marinette se remexeu inquieta na cama, tentando encontrar uma posição melhor para pelo menos cochilar, já que mal pregava os olhos desde que se deitara, há 5 horas atrás. O dia no trabalho fora péssimo: sem pistas sobre o caso de Chloé Bourgeois —, sem notícias da localização de Wayzz del Rio e Larry Shapman e, para completar, a cereja do bolo: Pollen Bourgeois, encontrada morta na cadeia.

  A ex-estilista havia se suicidado com um tiro no queixo, o que era "comum" acontecer em casos como aqueles. Mas Marinette não conseguia achar aquilo normal. Pollen tinha sim, motivos para se suicidar, mas era estranha a maneira que a situação estava naquele momento.

  Como ela havia conseguido levar uma arma para uma cela? Como ela conseguiu trazer uma arma para uma delegacia se havia sido revistada e passou por um detector de metais? Logicamente, seria impossível, mas o caso fora imediatamente arquivado para a indignação da detetive. Mas Marinette sabia que não era tão impossível assim. Algo muito ruim estava acontecendo, como se o assassino estivesse montando uma fileira com peças de dominó e as derrubasse uma por uma, começando com as irmãs Bourgeois e caindo sucessivamente.

  E realmente, 7 horas depois, Marinette teve uma notícia não tão agradável.

  Seu celular começou a vibrar na cômoda, fazendo a garota ter um espasmo involuntário pelo susto no meio de um cochilo recém-começado, xingando baixinho. Assim que atendeu, ouviu sirenes ao fundo da chamada, uma respiração inconstante, como se a pessoa que lhe ligasse tivesse acabado de correr uma maratona. Marinette abriu os olhos azuis de uma vez, sentando lentamente na cama, os músculos reclamando de dor. Ao ouvir a voz do chefe sentiu-se ficar tensa. Ninguém ligava às duas da manhã sem ser algo de extrema urgência, além do fato de trabalhar na polícia e ser o seu chefe à ligar.

  — A segunda... vítima. Ele fez a segunda vítima, Inspetora. Venha imediatamente. E traga Chat Noir com você.

  Sem dar a chance de Marinette responder, Plagg desligou a chamada, o visor do celular da detetive piscando com a mensagem recém-chegada do endereço, suspirando ao correr para o banheiro.

***

  Marinette bateu na porta do dormitório outra vez. Chat Noir não dava nem sinal de vida. A garota bateu o pé no chão impacientemente, batendo na porta outras vezes, o som da chuva atrás de si incomodando seus ouvidos. As paredes marrons e descascadas ao lado da porta faziam companhia a Marinette, que apertou o sobretudo que usava no corpo com força, o frio da madrugada lhe gelando até os ossos. Ouviu algo do outro lado cair, um palavrão sendo repetido diversas vezes, o som da tranca da porta finalmente ocorrendo para o alívio dela.

  Quando a porta se abriu, Marinette corou de vergonha quase que imediatamente e desviou o olhar, Chat estando sem a máscara preta com lentes felinas, o traje e as armas e as orelhas de gato no topo da cabeça, apenas usando uma calça preta de moletom, os cabelos dourados despontando para todos os lados. Ele parecia irritado, coçando os olhos verdes, o maxilar contraído. Realmente, era uma ótima ideia bater na porta dos outros as duas da manhã e as ver... assim.

  — Quem caralhos tá enchendo a porra do meu saco às duas e meia da manhã? — olhou para baixo, vendo a garota olhando para outro lado, as bochechas vermelhas. — Ah, oi bugboo. Entra aí.

  Marinette o olhou descrente, vendo-o sorrir como um idiota para ela, os olhos verdes semi-abertos pelo sono. Ele simplesmente virou as costas e voltou para o breu que era o lugar, os pés descalços soando ruidosamente no chão. A garota entrou no quarto, vendo que apenas a cama com um cobertor de veludo verde estava bagunçada, o resto do lugar, intocado. As paredes eram de um tom branco, uma porta marrom ao lado de um armário branco — que deveria ser do banheiro entreaberta. Havia uma mesa de mogno ali, uma cadeira posta em sua frente, dois pratos, um copo e talheres, tudo perfeitamente organizado. As persianas nas janelas estavam fechadas, apenas feixes de luz dos postes nas ruas iluminando o quarto antes de Marinette acender a luz no teto, vendo o loiro se encostar na parede oposta a si.

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