Capítulo 5 - Frívolos e tolos, quem são nossos suspeitos?

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6 meses antes

  Adrien entrou no refeitório com um guarda de cada lado, revirando os olhos ao ver os presos o encararem com diferentes tipos de olhares e gestos: uns indiferentes e continuando a comer, outros risonhos e brincando com os talheres, e outros com... raiva talvez, mastigando a comida como se fosse o coração dele ali, soltando um riso irônico. Logo, os guardas o empurraram para a fila que se formava ao lado do balcão de refeições, com o velho cozinheiro servindo porções de algo laranja e pastoso em uma tigela cinza. O refeitório só não fedia mais que sua cela pois não era possível, as paredes emboloradas e rachadas aqui e ali, mesas de metal espalhadas pelo lugar iluminado por lâmpadas brancas, algumas apinhadas de homens de todas as idades e outras mais vazias. Aquele era seu primeiro dia, mas já estava de saco cheio, a raiva crescendo loucamente.

  De acordo com o diretor da prisão de segurança máxima/asilo, ele passaria, pelo menos, quarenta anos em regime fechado por inúmeros crimes, sem direito à condicionais, fiança ou advogados. Uma pena para eles, já que o criminoso provavelmente fugiria na primeira noite, assim que o guarda careca desse mole e dormisse como um anjinho encostado a parede de sua cela.

  Ele encarou a fila, cruzando os braços e estreitando os olhos claros ao ver os guardas o olharem torto, como se perguntassem o que estava fazendo. Assim que ele havia entrado no refeitório barulhento, o lugar ficou no mais absoluto silêncio. Aquilo era suspeito.

  — Anda logo Noir, e vai pra fila. — um guarda com cabelos claros ordenou, cruzando os braços igualmente.

  — Não quero comer. — retorquiu apático.

  — O que, a comida não é boa o suficiente pra você? Seu, como se diz mesmo... — olhou para o teto pensativamente, logo levantando um dedo e sorrindo sarcástico — seu ego é gigante demais pra você comer da nossa reles comida, princesinha?

  O lugar explodiu em gargalhadas. Adrien continuou indiferente, apenas vendo o guarda rir até por as mãos na barriga. Ele aguardou o refeitório ficar em silêncio, sorrindo de lado e andando a passos lentos até a dupla de guardas que antes o escoltava, se inclinando ligeiramente na direção deles, os olhos verdes escurecendo. Todos os olhavam atentamente, com certo receio de até mesmo olharem, pois conheciam a fama de Chat Noir. E não era uma boa fama.

  — Realmente, se compararmos meu ego com seu cérebro Willie, — observou o crachá com o nome do guarda e o apelidando, franzindo o cenho teatralmente e sorrindo ainda mais — ele é ridiculamente grande não acha?

  O guarda levou alguns segundos até assimilar o que o loiro disse, ficando vermelho de raiva ao ouvir os detentos gargalharem. Até o outro guarda se segurava para não rir, desviando o olhar para o chão, os ombros trêmulos. O guarda de cabelos claros agarrou Adrien pelo colarinho do uniforme preto, os olhos castanhos brilhando furiosamente, o loiro apenas o encarando com indiferença, ouvindo o refeitório ficar silencioso novamente. Em raros momentos algo do tipo acontecia, e aquilo era mais que um entretenimento para os presos.

  — Você está cometendo um grande erro ao fazer isso, Noir. — sibilou, ouvindo o homem suspirar pesadamente, quase como se sentisse pena do guarda.

  — E a sua mãe foi a campeã dos erros quando te pariu. Serve de consolo? — inclinou a cabeça para o lado, o olhando por cima.

  O jovem guarda quase fervilhou de raiva, as mãos tremendo e ficando esbranquiçadas com a força que fazia ao apertar o colarinho da roupa dele, ouvindo Adrien soltar um risinho baixo, como se achasse graça de sua reação.

  — Olha aqui, eu sou o sobrinho do diretor, e logo assumirei esse lugar fedorento, então seu ladrãozinho de merda, eu acho bom você me-

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