Capítulo 3 - O Trágico Remake de "O Guarda-Costas"

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  Marinette procurou a chave no meio da bagunça de sua bolsa de couro marrom, os dedos revirando a bolsa impacientemente, suspirando ao ouvir o tilintar do chaveiro no corredor vazio, colocando a pequena peça dourada na fechadura. Entrou para o apartamento arrastando os pés, trancando a porta e tirando os sapatos, colocando-os no mesmo canto de sempre, o assoalho de madeira rangendo levemente.

  — Cheguei. — murmurou, ouvindo apenas o silêncio como resposta, rindo sem vontade.

  Marinette morava naquele apartamento há 5 anos, desde os 18, acostumada a sempre olhar para o mesmo papel de parede florido de tons pastéis, a mesa pequena e redonda de mogno, o sofá vinho em frente a estante, também feita de mogno. Simples, mas aconchegante. Jogou a bolsa no sofá e foi até o quarto para tomar um banho, acendendo a luz amarelada do lustre antigo e suspirando. A cama estava meio-arrumada com a colcha branca e os montes de travesseiros recostados na cabeceira estofada, um gato de pelúcia aos pés da cama, livros e revistas de moda aqui e ali nas estantes baixas, decorando o pequeno quarto, o caracterizando do jeitinho de Marinette. As paredes pintadas de um leve tom de rosa-pastel deram um ar clean ao lugar, o notebook largado preguiçosamente em cima da poltrona ao lado da janela. Marinette passava realmente mais tempo ali do que nos outros cômodos do apartamento, sorrindo com o pensamento.

  Assim que saiu do banho, foi direto ao escritório, espirrando ao entrar no local fechado e coberto de poeira, pensando se deveria ou não jantar mais tarde. De longe aquele era o lugar mais bagunçado e complexo da casa, cheio de papéis e livros espalhados, algumas telas penduradas em uma das paredes bordô, ampliando a tela do real computador desligado, posto em cima de uma mesa de vidro. Em outro canto, havia um mural, fotos, mais papéis, mapas e outras coisas presas por tarraxas e fitas adesivas coloridas, dois fones de ouvido e um headphone pendurados em um gancho ao lado do mural. Uma cadeira de rodinhas rosa com o encosto alto estava parada em frente ao painel. Marinette havia se sentado em frente ao emaranhado de coisas que aquilo era e ficou analisando, entendendo a complexidade das informações, ficando ali por horas no dia anterior, apenas encarando o mural.

  Marinette trouxera o notebook consigo, pegando um dos fones e o conectando ao aparelho, sentando na cadeira e indo até mesa, os pés apoiados na borda. Digitava rapidamente, ouvindo a gravação do depoimento de Pollen Bourgeois, analisando cuidadosamente cada palavra que a loira disse. Enquanto Chat parecia perdido em seus próprios devaneios naquela hora, Marinette prestava atenção em cada sílaba e letra pronunciada por Pollen, uma única pergunta presa em sua mente.

  Como ela soube da morte da irmã?

  A autópsia do corpo da Bourgeois mais nova indicava que a morte ocorreu entre às quatro e seis da manhã, o corpo sendo descoberto por uma camareira do Hotel às onze. Às onze e vinte e sete, Duusu e os outros chegaram na cena do crime, enquanto Marinette estava na prisão com Chat. Às uma da tarde, chegara com o parceiro na delegacia, saindo de lá às uma e trinta e três da tarde, chegando no hotel às duas em ponto. Encontrara-se com Pollen mais ou menos às quatro da tarde. Marinette deduzira que Pollen teria informantes na cena, mas agora duvidava da própria afirmação.

  Então, coloca-se em jogo o álibi de Pollen: segundo a própria, chegou na delegacia às nove da manhã, logo quando recebeu a notícia, o que sabe-se que foi mentira. Então, onde Pollen realmente estava antes? Marinette mordiscou o fio do fone, pensativa. Teria que investigar mais a fundo.

  De repente, a garota ouve um barulho fora do escritório, como se algo tivesse caído no chão. Tirou os fones e bloqueou os computadores, levantando o teclado do computador e pegando uma arma que havia ali debaixo por segurança, presa com fita adesiva, pegando-a cuidadosamente. Levantou-se lentamente e sentiu um arrepio no corpo, os pés descalços tocando o chão gelado lhe causando um pequeno e breve choque térmico. A porta entreaberta do escritório lhe dava visão para o corredor escuro, a sala logo adiante lhe esperando como uma fera de boca aberta.

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