A casa das sereias

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Nós subimos as escadas durante horas. Eu não estava conseguindo seguir o ritmo de Kelsey, que se mantinha alguns passos à minha frente:

— Vamos parar e comer alguma coisa, Kells. Não consigo acompanhá-la. Eu me pergunto quanto tempo o efeito de sua bebida energética especial vai durar.

— Agora você sabe como me sinto tentando acompanhar o ritmo de vocês, tigres, o tempo todo.

Eu a alcancei e nós nos sentamos. Peguei o fruto na mochila e sorri, pensando no prato que eu queria. Pedi um dahl, e um prato de legumes ensopados com Curry quentinho apareceu na minha frente. Kelsey franziu o nariz por causa cheiro:

— Curry? Argh. Minha vez.


Ela pediu batata gratinada, tênder com calda de cereja, vagem com amêndoas e pães com manteiga e mel. Quando o prato de Kelsey surgiu, eu olhei e fiquei com vontade de comer o mesmo que ela. Então propus que dividíssemos nossas refeições.

— Não, obrigada. Não sou fã de curry.

Terminei meu prato rapidamente e fiquei tentando distrair Kelsey para pegar um pouco de sua comida. Ela acabou deixando metade do prato para mim. Estava realmente delicioso.

Quando voltamos a subir as escadas, o efeito do energético de Kelsey havia passado. Depois de uma hora caminhando, eu a deixei descansando e fui procurar a entrada para a próxima casa.


Voltei para avisá-la que havia encontrado a porta, não muito longe dali e que ela poderia descansar lá. Quando chegamos, ouvimos sons vindo do outro lado.

— Tem gente lá dentro. Vamos ter cuidado.


Kelsey preparou uma flecha enquanto eu pegava o chakram no meu cinto.

— Pronta?

— Pronta.

Abri a porta devagar. Havia duas mulheres lá dentro. Uma delas caminhou até nós e segurou meu braço. Ela era linda, com a pele muito branca e longos cabelos castanhos, olhos verdes e a boca vermelha.

— Pobrezinhos. Devem estar cansados depois dessa viagem. Entrem. Vocês podem tomar um banho e descansar.

— Um banho me parece ótimo — Respondi.

Eu a acompanhei, enquanto ela me dizia que, depois do banho em água quente, eu poderia me deitar para descansar em uma cama com travesseiros macios onde elas me serviriam refrescos.


Uma outra mulher, tão linda quanto a primeira se aproximou de nós e começou a me acariciar. Esta era loira e tinha olhos azuis. Ambas se vestiam como princesas e falavam com muita doçura.

— Isso, venha. Você encontrará conforto aqui. Por favor, siga-nos.

Eu as seguia quando ouvi Kelsey me chamar. Virei-me para olhar, mas um homem loiro se aproximou dela.

— Olá. Bem-vinda ao nosso humilde lar. Minhas irmãs e eu raramente temos visitas. Adoraríamos que vocês ficassem conosco algum tempo.

Ela baixou os olhos e corou a face:

— É... é muita generosidade sua — falou gaguejando.

Eu franzi a testa, e pensei em ir até Kelsey e afastá-la daquele homem, mas as duas belas mulheres capturaram minha atenção. Elas acariciavam minha pele e piscavam para mim. Eu acabei seguindo-as até um outro cômodo da casa.

As mulheres começaram a encostar seus corpos no meu, massageando meus ombros e mãos. Elas me elogiavam o tempo todo, dizendo como eu era forte e másculo e o quanto elas precisavam de um homem como eu para protegê-las. Elas se ofereceram a mim e disseram que com elas, eu nunca mais me sentiria sozinho, que eu poderia ter todo o amor de que eu precisava e nós formaríamos a família que eu tanto sonhava, eu só precisava ficar com elas.

— Nós vamos ficar juntos para sempre, e você não vai precisar de mais nada, nunca mais.

Os lábios da mulher de olhos azuis tocavam a pele da minha nuca, enquanto os da outra mulher aproximavam-se dos meus lábios. Eu fechei os olhos e por alguns instantes, pensei nos lábios de Kelsey. Abri meus olhos rapidamente e me afastei da mulher, colocando-me de pé.

— Eu quero sair daqui agora!

— Por favor, não vá. Fique conosco...

Elas recomeçaram a me beijar e a tocar meu corpo. Aquilo era muito bom e me distraiu novamente.

As mulheres tiraram minha roupa e me levaram até uma banheira com água quente e me pediram para entrar. Quando eu estava dentro da banheira, elas tiraram as próprias roupas e entraram comigo, então, começaram a esfregar meu corpo com um sabonete muito perfumado que me deixava um pouco tonto, enquanto me acariciavam, esfregando o corpo no meu e me fazendo promessas.


A mulher de cabelos castanhos me ofereceu uma bebida doce e borbulhante, enquanto a loira colocava uvas na minha boca. Elas saíram da banheira e me chamaram, enrolando-me eu uma toalha macia. Me conduziram a uma cama e deitaram-se comigo. Eu adormeci e sonhei com Kelsey. Ela brincava com um bebê e sorria.

Acordei assustado e me deparei com as duas mulheres me olhando com intensidade.

— Dormiu bem meu querido?

— Eu preciso sair daqui agora!

— Vc quer nos abandonar? O que será de nós duas sem você aqui? Estamos apaixonadas por você!

— Não. Onde está Kelsey? Nós precisamos sair daqui agora.

— Ela está com nossos irmãos. Aposto que ela vai ficar com eles.

— Não vai. Eu não vou deixar!

— A decisão é dela. Se quer ir embora, vá. Mas você não pode fazer nada se ela resolver ficar.

Eu vesti a minha roupa e saí daquele quarto para procurar por Kelsey. As duas mulheres se aproximaram de mim, e sua expressão era de tristeza. Me mandaram sair imediatamente de sua casa, expulsando-me dali.

Eu me afastei um pouco da casa, preocupado com Kelsey, até que a vi, enrolada no saco de dormir. Fui até ela, feliz e toquei em seu ombro, acordando-a.

— Kishan? Você ficou muito tempo lá.

— É. Não foi exatamente fácil me livrar daquelas mulheres.

— Sei o que quer dizer. Precisei ameaçar atirar naqueles caras para eles me deixarem em paz. Na verdade estou surpresa que tenha conseguido sair. Como foi que eliminou a influência delas sobre sua mente?

— Mais tarde eu falo sobre isso. Estou cansado, Kells.

— Está bem. Aqui, pegue minha colcha. Não vou sugerir que a gente divida o saco de dormir. Chega de homens por hoje.

— Entendo perfeitamente. Obrigado. Boa noite, Kells.

O resgate do tigre - POV dos tigresOnde histórias criam vida. Descubra agora