O lenço da divina tecelã

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Kelsey puxou uma corda que pendia do teto de madeira da casa na árvore e uma escada desceu. Então ela começou a me explicar sobre os próximos passos. E ela sabia exatamente o que estávamos procurando e o que teríamos que fazer para encontrar. Aparentemente, o corvo Hugin fez com que sua mente trabalhasse com mais clareza, e ela passou a entender a profecia como se fossem visões do futuro.

— Esta escada leva aos galhos externos, que precisamos subir até alcançar o topo, onde encontraremos o ninho de um pássaro gigante. É lá que está o Lenço, assim como os pássaros de ferro.

— Pássaros de ferro?

— Sim, e teremos que lutar contra eles para pegar o Lenço. Espere um segundo— Ela pegou a profecia de Kadam e correu os olhos por ela — Aqui. É contra isto que vamos lutar.

Havia a figura de uma ave assustadora, que parecia mesmo ser feita de algum tipo de metal. Comecei a ler a descrição da tal ave e fiquei um pouco nervoso:

— "Terríveis aves carnívoras, com bicos de ferro, garras de bronze e excrementos tóxicos. "Em geral vivem em grandes colônias."

— Não são uns amores?


— Fique perto de mim, Kells. Não sabemos se você pode cicatrizar aqui.


— Aliás, não sabemos se você também cicatriza aqui — Ela riu e parecia muito segura — Mas vou tentar não deixá-lo sozinho por muito tempo.


— Engraçadinha. Você primeiro.


Subimos pela escada até chegarmos a uma rede de galhos compactos que se estendiam até o alto da árvore e começamos a subir por eles. Pedi à Kelsey para ir na frente, para que eu pudesse segurá-la caso ela escorregasse, o que de fato aconteceu uma vez.

Depois de estarmos subindo há um longo tempo, paramos para descansar em um dos galhos. De repente, Kelsey pareceu percebe algo ali:

— Kishan, dê uma olhada nisso. Acho que estamos olhando para os excrementos tóxicos.

Olhei para aquela pasta verde-amarelada espessa e mal-cheirosa e notei que ela tinha corroído parte do galho.

— E isso é velho, talvez de umas duas semanas atrás. O cheiro é horrível. É ácido e amargo. Está queimando minhas narinas.

— Acho que vamos precisar ficar atentos a bombas tóxicas, hein?


Voltamos a subir pelo galho, mas agora que eu conhecia o cheiro horrível daquelas aves, pude farejar o caminho até o ninho delas.

— Uau, é imenso! Você acha que tem algum pássaro por perto?

— Não ouço nada, mas o cheiro está por toda parte.

— Ah, que sorte a minha ter um nariz de tigre por perto. Não estou sentindo nada.

— Agradeça por isso também. Acho que nunca conseguirei esquecer este cheiro.

— É justo que você tenha que lutar contra aves de cheiro desagradável. Lembre-se de que Ren enfrentou os kappa e os macacos imortais.


Fiquei um pouco irritado com o comentário. Além de pensar em Ren o tempo todo, ela parecia valorizar mais a busca dele em Kishikinda do que a minha, por achar que esta era fácil. Não falei nada e continuei subindo pelos galhos.

O resgate do tigre - POV dos tigresOnde histórias criam vida. Descubra agora