Capítulo 6: Perdidas

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Assim que Nastácia entra na casa, as fadas rapidamente se dispersam, sumindo de vista em questão de segundos. Antonica e Emília correm animadas pelo sítio, procurando as fadinhas.

Nastácia revela a Benta que avistara as mesmas fadas nos cristais da caverna. Também comenta sobre os caiporas e o saci. Após um breve silêncio, Nastácia relata, um tanto constrangida, seu encontro com a Iara. Percebendo que Nastácia não está à vontade, Benta a tranquiliza:

– Você não teve culpa alguma, minha querida. Além do mais, nada aconteceu de concreto. E, ao que parece, você fez uma amiga entre as criaturas deste lugar, o que é uma coisa boa.

Nastácia sorri e abraça a companheira. Benta chama as meninas para dentro da casa... sem resposta. Chama por elas novamente. Silêncio. Chama uma terceira vez. Nada. Preocupadas, ela e Nastácia decidem procurar as meninas no quintal.

Antonica e Emília costumam respeitar os avisos de não ir muito longe, ainda mais sem avisar. Mas nunca tinham visto fadas antes. De tão maravilhadas, elas se esquecem da distância que percorrem ou por onde estão indo. Antonica pensa ter capturado uma das fadas, mas se decepciona ao perceber que era apenas um vaga-lume.

As irmãs olham em volta. As fadas haviam sumido. Só então elas percebem que estão no meio da mata. E perdidas. Antonica tenta manter a calma:

– O Tio Barnabé falou que a parte mais segura pra gente seguir é o rio. Vamos tentar ouvir pra que lado ele fica.

As meninas ficam em silêncio e se concentram. Conseguem ouvir o barulho da correnteza do lado direito e seguem, devagar, até que encontram o rio. Já está quase anoitecendo, mas, por sorte, o rio reflete a luz do pôr-do-sol. Lembrando-se de mais um dos conselhos de Barnabé, elas seguem no sentido contrário à correnteza, pois este caminho as levaria ao Sítio. Após uns poucos passos, elas avistam uma luz bruxuleante ao longe.

– Acho que é uma lanterna!– Deduz Emília.– Alguém deve ter vindo procurar a gente!

As duas acenam e gritam em direção à luz distante. A luz, então, começa a se mover em direção a elas. Sons de galope ecoam pelo ar.

– É alguém a cavalo, Emilia!

Quando a figura se aproxima, entretanto, as meninas se enchem de pavor: não era uma pessoa a cavalo; era a mula-sem-cabeça, exalando fogo pelo pescoço.  

Sítio do Picapau Amarelo: O inícioOnde histórias criam vida. Descubra agora