Capítulo 5

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Ao chegarmos no restaurante me impressionou como tudo mudou, nem parece que ali era o Espargo. Parece que passaram dez anos desde minha ida e não apenas dois, não sei porque mas nunca pensei que as coisas poderiam mudar tanto.

Meu pai desce do carro, pego minha bolso e o sigo. Olho mais uma vez para o carro não acreditando ter ganhado ele. Provavelmente meu pai deve ter usado toda a sua economia para comprá-lo. Paramos na frente do restaurante que mal entrei já acho muito chique.

- Muito bonito, né?- meu pai diz virando para mim, apenas balanço a cabeça em concordância, ele entrelaça os braços nos meus e assim entramos no restaurante.

Ele é simplesmente magnífico, não é chique e também não é simples. É um lugar digamos perfeito para se ter uma refeição. Meu pai me guia até uma mesa redonda que fica perto de uma grande janela de vidro dando a vista para a rua. Assim que sentamos não demorou muito pra uma moça que devia ter entre vinte a vinte e cinco anos, vir nos atender.

- Olá, Sr. Evans. Que bom vê-lo por aqui, o senhor estava sumido! - ela diz com um sorriso genuíno. - O que você deseja hoje?

- Bom, eu quero o de sempre e a Emma... - ele me olha esperando eu escolher algo pego o cardápio em cima da mesa e dou uma olhada, imediatamente me assusto com os preços.

- Ah, quero apenas uma carne ao molho madeira. - A moça anota o pedido, elogia mais uma vez meu pai e sai.

- "Que bom vê-lo por aqui" - digo imitando-a e rindo, meu pai se junta a mim, mas logo após me repreende. - quer dizer que o senhor frequenta bastante esse lugar?

- Gosto do ambiente que ele trás e é bem perto do trabalho. - ele diz dando de ombros. - mas agora não vamos falar de mim. Me conta como foi a viagem de vinda? Muito cansativa?

- Extremamente. - falo jogando a cabeça pra trás. - fazia muito tempo que não andava de avião e muito menos de avião por sete horas.

- Você sempre odiou mesmo andar de avião, lembro de como sua mãe tinha que compra você com doces para você subir no avião. - ele diz com um sorriso triste na cara.

- É, eu sinto falta dela. - Digo olhando para a rua

- Ela fez sua escolha filha, nós só temos agora que aceitar. - Ele pega minha mão me fazendo olhar para ele, nos seus olhos ainda há dor mas mesmo assim ele dar um sorriso tentando me confortar.

- Eu nunca vou conseguir entender o motivo pra ela ter feito isso. - tento conter as lágrimas que insiste em cair, faz nem dois dias que voltei e já virei uma completa chorona. - E sobre o que é o seu caso, pai? - pergunto tentando mudar de assunto.

No mesmo instante ele se empolga e começa a narrar toda a história, sorrio com sua empolgação, e como é bom ver ele assim, empenhado, trabalhando de novo, vivendo!

- Estou muito convicto que ganho esse caso. - ele termina e no mesmo instante a comida chega.

Dou a primeira garfada no meu almoço e me impressiono do quão bom é a comida daqui, meu pai acertou em cheio quando disse que era tão bom quanto o Espargo. Levanto o olhar e vejo meu pai me observando.

- O que foi? - pergunto assim que término de mastigar.

- É tão bom quanto, não é? - ele fala todo animado.

- Sim pai, é tão bom quanto! - respondo dando uma pequena risadinha.

- Sabia que você iria amar.

- E o senhor, está amando alguém? - pergunto e no mesmo instante ele fica todo vermelho.

- Não, Emma! Claro que não. - responde um pouco nervoso.

Apenas um erroOnde histórias criam vida. Descubra agora