Capítulo 25

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Jess ON

Dizem que quando você está correndo perigo de morte, um filme de toda a sua vida passa pela sua cabeça.
Todas as conquistas e arrependimentos, todas as vitórias e derrotas, todos os amores e os ódios, tudo o que passou de bom e de ruim na sua vida, passa exatamente no momento em que o desespero toma conta do seu corpo, quando você tem quase certeza de que o seu momento de passagem, vai ser agora.

E foi assim que eu me senti quando o Christopher me pôs num carro e me levou para algum lugar. Tudo que eu conseguia ver eram borrões pretos por conta da venda, mas me lembro de paramos num posto de gasolina, identifiquei o local pelo forte cheiro de combustível, e também me lembro de alguém entrar no carro junto com ele e logo depois apagar.

******

Horas depois, eu acho, ou dias depois, não tinha noção de tempo naquele lugar. Eu despertei com muita dor de cabeça e comecei a gritar mas tinha uma mordaça na minha boca e meus braços e pernas estavam amarrados na cadeira na qual eu estava.

O lugar que eu estava certamente era um galpão, tinham caixas e barris por toda a extenção do lugar, tinha também um colchão e uma mesinha com várias embalagens de comida, diversas garrafas de bebida alcoólica e acho que drogas também. Tinham alguns saquinhos trasparentes com um pó branco dentro. Aquele certamente era o lugar que o maníaco do Christopher estava vivendo.

Eu chorava descontroladamente, eu só conseguia pensar na Sara, em como ela ia me achar e como ela ia se sentir quando não me achasse naquele quarto do hospital, só conseguia pensar no seu desespero, e

Puta merda

Ainda tinha o nosso bebê, ela não conseguiria se manter calma o suficiente para não prejudicar o bebê.

Eu sentia tanta falta do calor do seu corpo contra o meu, eu estava sentindo tanta falta do seu perfume inconfundível e do seu sorriso radiante, sentia falta de sua voz rouca e da sua mania maravilhosa de me beijar apaixonadamente antes de dormir, eu sentia falta de cada parte dela, e eu lutaria quanto fosse necessário para sair dali somente para beija-la novamente.

Eu não tinha muita certeza de quanto tempo estava ali, mas sabia que estava de noite e, senti instanteneamente a falta do nosso beijo de amor antes de dormirmos.
Meu estômago roncava alto de fome mas não tinha ninguém ali, somente eu e a solidão e, não sei o que era pior a solidão, ou alguém que poderia me matar ali.

*****

Eu tinha quase certeza que em todos os momentos que eu me esforçei para não ter um AVC ou ter um ataque cardíaco foram desperdiçados, porque tenho certeza que meu coração parou de pânico quando o Christopher entrou com seu "guarda costas" com uma arma na mão.

-Meu amor! Que bom que acordou! Já ia pedir para o meu amigo aqui te acordar!

Ele chegou perto de mim e pôs suas mãos sujas no meu rosto, mexi meu rosto rapidamente recusando seu toque e então ele me deu um tapa e segurou o meu queixo

-Vai ter que colaborar pra não morrer por aqui!

Ele tirou a mordaça, gemi sentindo a dor das marcas que ela deixou no meu rosto. Ele tentou me beijar, virei o rosto negando, ele me deu outro tapa forte no rosto, gemi de dor novamente.

-Já disse que vai ter que colaborar senão vai morrer!

Disse gritando e pondo a arma na minha cabeça. Ele segurou com força o meu rosto e me beijou, senti uma vontade enorme de vomitar quando sua língua invadiu a minha boca, não correspondi um minuto sequer ao seu beijo nojento, meu corpo se contorcia para tentar evitar o contato. Ele terminou o beijo mordendo meu lábio inferior, gemi de dor novamente. Cuspi no chão tentando despejar todo o nojo que eu tinha por ele ter tocado novamente em mim.

Seu olhar foi de raiva para mim, mas ele se conteve e cochichou algo para o homem que saiu do local logo depois.

-Está com fome?

-Sim

-Vai continuar pelo seu mau comportamento!

-Por favor!

Ele sorriu maliciosamente

-Se você fizer algo por mim!

Ele foi chegando perto de mim, eu neguei com a cabeça me recusando a ter alguma relação sexual com ele novamente

-Prefiro morrer de fome!

Ele se afastou e disse:

-Eu vou pensar se faço o que eu quero com você ou respeito o seu pedido. Vou ser bonzinho com você! Vou desamarrar as suas pernas e braços e vou te por na cama e só amarrar uma de suas pernas.

Ele chegou perto de mim, eu podia sentir o seu hálito podre de alcool. Ele disse bem perto do meu rosto:

-Se você fizer alguma coisa, eu juro que você vai se arrepender de ter nascido!-Assenti com a cabeça chorando.

Ele retirou as cordas pouco a pouco e depois me instruiu a levantar, ele segurou meus braços em minhas costas, depois de me deitar na cama algemou minha perna a uma pilastra que tinha ali.

-Muito bem!-ele deu um tapinha na minha cabeça- vou pensar se você vai comer ou não, vou deixar você descansar.

Ele ficou um tempão me observando, vendo quando eu iria dormir, eu fingi que estava dormindo; ele veio até mim e disse, sabendo que eu estava dormindo:

-Até que enfim meu plano está funcionando. Só falta aquela vagabunda da sua namoradinha aparecer para completa-lo.




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