42 | D e s d e Q u e F i q u e m o s J u n t o s

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Teresa


Eu costumava achar que era ruim não saber sobre tudo o que tinha acontecido comigo. Quando cheguei em Luminus pela primeira vez, assim que levantei-me em um quarto estranho e sem nenhuma noção do que tinha acontecido comigo, pensei que era a coisa mais apavorante que poderia ter acontecido. Mas não era. Naquele momento, eu estava muito mais apavorada do que em qualquer outro. Larissa estava morta. Lucas estava morto. Felipe estava acamado. Nathan era meu "guardião". Thiago era a reencarnação de Linus. E, minha deusa!, eu era... bem... eu sabia o porquê conseguia ver Eve. Afinal, nós tínhamos uma conexão muito forte. Só que, em momento algum passou pela minha cabeça que eu pudesse vê-la estivesse ligado a reencarnação.

E tinha o assunto da Anna.

Toda vez que eu me lembrava que nós duas éramos a mesma pessoa, minha mente dava voltas. Eu não tinha nenhuma lembrança. Não me recordava das minhas irmãs, do meu irmão, dos meus pais e... dos momentos que passei com Felipe. A coisa mais próxima, talvez, que eu tenha sentido, fora quando conversei com o rei Car... meu pai. Lembrei-me de ter visto aqueles olhos grandes e azuis e ter me sentido confortável. Porém, nem mesmo por saber quem era a minha família eu me sentiria mais aliviada. 

Afinal das contas, só uma coisa importava: eu continuaria com Felipe? Eles permitiriam?

Eu não conseguia conter outro sentimento senão tristeza. E por mais que tivessem muitos assuntos na minha cabeça, a morte da Larissa ainda era o ponto marcante. Eu não queria me concentrar no que vinha a minha mente, como todas as coisas que deixaria de fazer com ela, coisas que eu deveria ter dito antes que ela se fosse e outros momentos que não compartilharíamos mais. Tudo relacionado a Larissa me deixava cada vez mais para baixo. E era difícil olhar ao redor e não me lembrar dela.

Eu ainda estava meio deitada e sentada perto da cama em que Felipe descansava, minha aparência não devia ser muito boa (assim como a de todos), quando ouvi um barulho na porta. Naquele cômodo estávamos nós dois e mais duas conjuradoras inconscientes. Forcei meus olhos a se ajustarem com a claridade que entrou quando a porta se abriu. Deparei-me com os olhos verdes mais cansados que já tinha visto.

— Leo. — murmurei.

Ele sorriu para mim e continuou perto da porta. Logo depois, fez um gesto para que eu fosse até ele. Olhei relutante para meu noivo, temendo deixá-lo sozinho. Eram tantas coisas que nos separaram que eu não gostava da ideia de me separar sequer um segundo. No entanto, como se Leonardo já tivesse pensado nisso, Tatiana entrou e tomou o meu lugar, afirmando que tomaria conta do irmão. Após uma pequena hesitação, segui Leo pelos corredores agitados, andamos em silêncio durante o caminho todo.

Vi um conhecido ou outro enquanto passávamos, mas havia tantas pessoa por ali que era difícil saber se realmente era um amigo. Leo pegou meu braço e me guiou até a ala norte, do Verão. Quanto mais íamos caminhando, os corredores foram esvaziando-se. Então, quando paramos em uma porta avermelhada, percebi que era seu quarto. Tecnicamente, ele o dividia com... Lucas.

Era uma ambiente confortável. Havia duas camas com lençóis em cores quentes, vários livros e anotações em cima das mesas e muitos papéis colados nas paredes, alguns escritos, com uma letra nada caprichosa, Técnicas de Batalha e Política (Chata!). Enrijeci ao perceber que as coisas do Lucas estavam intactas em um canto, e talvez permanecessem ali por um tempo. Ele não retornaria.

— Eu... Hã... — Leo esfregou os olhos com força — Ainda não descobri o que fazer com as coisas dele. Gostaria de ficar com algumas e... os familiares também, é claro. Avisamos para a família dele.

AMOR PERDIDO (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora