AMOR PERDIDO (Revisão)

46| A l i a d o s

Teresa

Borboletas. Borboletas foram a primeira coisa que eu vi assim que abri meus olhos. Eram insetos com asas belas e elegantes, pintadas em um azul-claro que se destacavam no teto logo a cima da minha cama. Era uma pintura que eu tinha feito em uma época distante, feita para me lembrar da minha Borboleta Azul. Fechei meus olhos.

Felipe... 

Demorei um bom tempo para conseguir tomar consciência de onde eu me encontrava e do motivo de estar ali. Consegui me lembrar das palavras do Felipe sendo sussurradas para mim antes que a escuridão começasse a rodear minha visão e meu peso parecesse irrelevante à gravidade, fazendo-me tombar para o lado. Minhas pálpebras se descolaram rapidamente, ouvindo algum resmungo ao meu lado, mas diferente da outra vez que tinha aberto meus olhos, um rosto apareceu em minha visão.

— Você acordou.

Pisquei mais duas vezes, tirando o embaçado da vista, e encontrei um par de olhos esverdeados, um tanto aliviados e preocupados, os olhos do meu irmão. Tentei observar algo ou alguém aos lados, mas só havia nós dois dentro do quarto, ao que parecia.

— O que houve? — Perguntei.

Minha voz estava arranhada, minha garganta seca e me sentia um tanto fraca, mas, ainda assim, tinha a sensação que se pedisse algo para comer ou se me sentasse, vomitaria no mesmo instante.

— Depende do que quer dizer. O que houve com a maldição, com o Felipe, com os reis, com você ou com a guerra?

Franzi o cenho. Ainda não tinha pensado sobre o futuro das estações e sobre o fato da maldição ter sido quebrada. O que aconteceria com os reinos, com Luminus? Virei meus olhos para a janela mais ao lado, procurando por um sinal de que estava tudo certo, que o sol tinha voltado com intensidade ou o calor estivesse proporcional ao Verão, mas as janelas estavam cobertas.

— Podemos falar disso depois. — Falou encostando sua mão na minha testa, como se verificando minha temperatura — Você esta bem?

Apertei meus lábios, um contra o outro, enquanto sentia meus músculos se contraírem. Um pontinho de  traição ainda pinicava no meu coração, me fazendo querer ignorar a pergunta, mas observando as íris claras, a preocupação que eu via era tanta, que me permiti relaxar um pouco, ainda que meio receosa.

— Estou bem — Confessei, analisando seu rosto — Por quanto tempo eu dormi?

— Por um dia inteirinho.

Senti meus olhos se arregalarem em meu rosto.

— Um dia? — Perguntei incrédula — Mas... Eu ainda me sinto tão cansada. É como se eu apenas tivesse fechado meus olhos por alguns poucos segundos.

— Efeito da maldição, eu acho — explicou suspirando, enquanto se deixava cair ao meu lado na cama — O Felipe também ficou assim, só que não desmaiou como você. Parece que exigiu um nível de habilidades muito grande para poder juntar os elementos ao mesmo tempo e cruzar a linha que quebrava um feitiço, que por falar nisso, era um feitiço muito antigo e feito por uma deusa. 

De repente, tudo me voltou a cabeça, em uma velocidade tão grande, que fechei meus olhos, deixando-me ser tomada pela tontura. A guerra dos Sombrios contra os Conjuradores, a perseguição do Thiago, meus poderes falhando, o Felipe e a quebra da maldição e... O Bebê. Meus olhos se abriram e foram, imediatamente, para abaixo do meu estômago.

— Ah! Sim... — Leonardo seguiu o meu olhar, antes de voltar a me observar, com um sorriso nos lábios — O bebê. Ele esta bem! Ou ela... eu não sei. Um curandeiro veio para cá e passou bastante tempo examinando-lhe. Ele disse que talvez você tenha alguns momentos de fraqueza, porquê o bebê tem sangue do Inverno também e o seu corpo é basicamente o sangue oposto, por isso não sabemos se você vai conseguir usar suas habilidades e magia nesse período. O Felipe também ficou aqui no início, mas... Pela Deusa! Você não sabe como todos estão surpresos com isso. Os reis e as rainhas começaram a gritar entre si e até chegaram a pensar em não comunicar a ninguém sobre isso, só que... Meio que acabou se espalhando, agora não tem como evitar.