38 | A E x p l i c a ç ã o L e v a À C u r a

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Teresa


Quando cheguei no local  que tinha deixado Felipe, enchi-me de esperanças ao vê-lo vivo, mesmo que em péssimas condições. Ele estava meio deitado e com as costas encostadas na parede de pedras escuras, suas mãos repousavam no machucado da barriga. Foi difícil observá-lo com uma expressão de dor e, ao me ver, abrir um sorriso para me tranquilizar. Então, corri até o seu lado e me sentei. Com cuidado, coloquei sua cabeça no meu colo. Isso o fez soltar um grunhido de dor.

— Demorei? Não sabe o que eu tive que passar para chegar aqui. Foram tantos testes...

— Testes? — ele franziu o cenho e ofegou — Mas...só demorou alguns minutos.

— Minutos?

Ele assentiu.

— Está bem? — Felipe perguntou, e eu ri sem humor.

— Era para eu estar perguntando-lhe isso.

Sem mais demoras, retirei a flor da minha mão e deixei-a nas dele. Era linda e cintilante, mas, ao passar para suas mãos, transformou-se em um cálice de cristal fino com um líquido branco e leitoso. Surpreendi-me ao ver a rápida modificação.

— Era...

— Eu sei. — ele me cortou — A Rosa genuína.

— Como você... sabe?

Ele me ignorou.

— Ela tem muitos objetivos, até mesmo para curar perdas de memória. — Lipe colocou a cabeça mais para cima no meu colo e me olhou. Abaixei o olhar. — Tem certeza do que está fazendo?

— Tenho. — disse sem hesitação — Esse líquido é sua cura. Quero que tome.

— Tes...

— Tome-o! — disse firme, segurando sua mão — Não passei tudo aquilo para recuperar minha memória, passei para curá-lo. Entende?

Ele assentiu e suspirou.

— Agora vem a parte mais difícil.

— Não mesmo. — eu disse, cutucando seu cabelo — Passei por um tanto de coisas com o babaca do Eneka que nem faço mais ideia de quem sou. Como que a parte difícil fica para você?

— Porque, agora, eu vou ter que contar toda a verdade. — ele falando assim parecia até um lamento.

— O que?  — perguntei, pasma. 

— Lótus veio me ver, Tessa. E, antes que pergunte: sim, eu sei da sua existência. Lótus deixou bem claro para mim como que eu me curaria. Encontrou a flor, ótimo. Porém, isso não significa que não trará consequências para mim.

— Isso significa...?

— Significa que, para eu me curar, terei que contar à você todos os meus segredos. Tudo que estive escondendo durante todo esse tempo. Afinal, é uma rosa genuína, esperava o que?

Olhei para o teto quebrado e sujo do castelo e respirei fundo. Não tinha muito tempo que eu havia viso imagens estranhas sobre meu passado nos espelhos do Eneka. Saber a verdade era o que eu queria, mas, não agora. Eu já estava confusa comigo mesma, se Felipe me contasse mais coisas...tudo iria ficar mais complicado ainda.

Suspirei e o ajeitei no meu colo.

— Isso começa desde quando? — perguntei.

— Desde o momento em que te vi, ou um pouco antes. Eu...estávamos em guerra. Se lembra? — neguei — Verdade, esqueci-me que foi antes das suas...memórias se irem. O que importa é que o conselho de Luminus foi avisado de que haviam invadido uma área menor do Outono. Os Sombrios haviam tomado um castelo pequeno ao sul do castelo principal, então fomos enviados até aquela região. Lembro-me de ter ido, Leo e Lucas também me ajudaram. O que ninguém sabe é que a pessoa que avisou o conselho fui eu.

AMOR PERDIDO (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora