Pov Nayelly
Já parei para pensar que a sorte é algo que não tenho. Talvez seja normal para semideuses ter tanto azar, mas pelos deuses, as inúmeras vezes que cai em armadilhas nesta missão é incrível.
E o pior de tudo é que trouxe Rafael comigo. Devo ser a pior amiga do mundo. Vou morrer e o levo junto.
Pisco atordoada, tentando recuperar a visão. Estava tudo... cinza e azul. Meio embaçado mas consigo sentir algo gelado em meus pés. São meus sapatos encharcados.
— O quê...? Onde...? — murmuro, e finalmente minha visão entra em foco. Estou no banco do passageiro de um carro. Meu sangue gela ao ver o lado de fora. Estou em pleno alto mar.
Água... Água... E mais água. Isto só pode ser um pesadelo!
Então percebo que estou amarrada a cordas no banco do carro. Que lindo! Não tenho como queimar as amarras se não queimo o carro inteiro!
Mas não era o caso de meu companheiro. Rafael ainda se mantinha inconsciente, mas só estava amarrado pelos tornozelos e pulsos. Eu poderia ajudá-lo para receber o mesmo. Poderíamos sair... Eu tinha esperança!
Me esgueiro um pouco para a esquerda, a fim de tentar cutucar meu parceiro com o ombro. Porém mesmo empurrando sua carne do braço um pouco, Rafael continuava inconsciente. Opto pela segunda opção:
— Rafael... acorda... por favor! — sussurro o mais perto possível dele mesmo que seja uma tarefa complicada por estar totalmente presa ao banco! Mas desta vez pelo menos ouço alguns gemidos saindo dos lábios de Baker.
Olho o nível da água aos meus pés. Está chegando a altura dos tornozelos. E isso não é nada bom.
— Rafael! Acorda agora! — falo mais alto, desesperada. Ele precisa acordar! Precisamos sair daqui agora!
Então bato minha cabeça contra a dele, fazendo o que chamamos na física de "toda ação, tem uma reação". E assim, a cabeça dele bate diretamente na sua janela, provocando o que poderia ser uma bela dor. Mas pelo nem o funcionou. Ele acordou, atordoado.
— EU TE SALVO! — ele gritou ao acordar. E então começou a ver ao seu redor, e talvez raciocinar. Ele me encara, e como a água esta cada vez mais próxima de meus joelhos, eu começo a entrar em pânico.
— Olha, seja o que tiver em mente, não esta na hora para brincadeiras, ta. — digo, com a voz meio trêmula. Droga, eu estou com medo!
Ele tenta puxar suas mãos, mas as suas amarras do pulso estão presas ao volante. Ah, muito legal. Essa cena realmente me conforta!
— Não entramos em pânico. Eu sei que estamos presos... mas vamos manter a calma agora okay — a voz de Rafael soa tão tranquila. Mas isso não me ajuda de jeito nenhum com a situação.
— Como ficar calmo quando na verdade... nós vamos morrer?! — eu quase grito.
— Não vamos morrer... — falou ele, pensativo. Por favor que ele esteja tendo uma idéia. Eu posso ser filha de Atena e sei planejar fugas, mas desta vez minha cabeça esta descontrolada. — Não vamos morrer hoje... Precisamos nos desamarrar primeiro. Consegue alcançar meu bastão? Está no meu bolso da calça.
Olho diretamente para seu quadril, e depois para minha mão, que estava ao lado e livre das amarras que me apertavam os braços contra meu corpo. Só que era um pouco complicado por ter todo o freio de mão separando nos dois.
Rafael entende a situação e tenta trazer o quadril o mais próximo possível para, com muito esforço, eu consigo puxar a sua arma metálica com os dedos para mim.
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Uma Nova Semideusa (LIVRO III)
AdventureLivro 3 de Descendentes (Depois de A Batalha do Labirinto) Nessa nova aventura, temos Nayelly Cardoso, uma menina de 16 anos que sofre de dislexia e TDAH, tinha uma vida um pouco anormal. Achava que nao pertencia a sua familia e ainda tinha as div...