Capítulo 38 - Os Piratas do Caribe

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Pov Nayelly

    Maravilha! Sinto que tenho muito azar! Novamente estou aqui, presa, algemada ao lado do filho de Apolo em meio de homens sujos e bêbados. Quando tentamos remar o mais rápido possível para longe da embarcação pirata, era tarde. Estava tão perto que Rafael não teve escolha de me entregar minha espada e me lançar no mar, se jogando comigo e transformando a nossa boia em um bastão metálico novamente. Ainda não uniu as partes. Achou que poderia ser útil se mantivesse um escondido dos navegantes quando nos desarmassem.

Arrancaram Atenas Fotia de mim. Questionaram sobre uma parte do bastão de Rafael, mas pegaram mesmo assim. Eu continuava me debatendo enquanto um par de mãos fortes me seguravam pelos braços. Nunca me senti tão maltratada em toda minha vida, com homens tentando tocar em mim.

— Oi Princesinha — disse um deles, de globo ocular quase saindo para fora, sorridente para mim com seus dentes podres e amarelos. Sinto vontade de vomitar.

— Deixem ela! — brandou Baker, agitado com dois homens para segura-lo.

— Tive uma idéia — um homem de voz rouca e meio careca começou — Vamos jogar o garoto no mar e tirar todas as roupas dela!

— Yeah! — gritaram todos em coro, aprovando a proposta. Nunca que vou sofrer tal nojeira. É uma situação tão suja e imunda que prefiro ser devorada por tubarões.

Eu tento me concentrar para manter meu corpo quente o suficiente. Ou tentar fazer bolas de fogo nas mãos para queimar a cara desses imprestáveis mas percebo que será uma má idéia. Verão como sou anormal, perceberão que posso ser maligna e ao mesmo tempo valiosa. Me prenderão e me venderão no mercado negro, o que é pior do que me violarem fisicamente.

Então, mesmo que lutasse, sinto mãos subindo minha camisa. Rafael é fortemente levado para a prancha. Olha onde foi que nos metemos!

— PAROLAR! — berro. Automaticamente o navio fica em silêncio.

— O que foi que disse, mocinha? — disse um homem, sacando sua pistola e apontando na minha garganta. Sua expressão me fez estremecer.

— Tem de respeitar o código pirata. Convoco a parola. Desejo conversar com seu capitão! — Eu devo ter aprendido isso quando vi filmes de piratas, mas nunca pensei se o que estava fazendo realmente existia. Mas ninguém ria. Estavam todos muitíssimo sérios.

Olho para meu amigo que também me encara. Surpreso ou orgulhoso, eu não sei. Mas isso nos deu mais tempo de vida.

— Quem deseja falar comigo? — ouço uma voz masculina, grave acima de minha cabeça. Então todos se voltam para o homem que está descendo os degraus que liga o convés com o deque de cima. As botas de couro estrepitam na madeira, as joias que usa se chacoalham em um tintilar. Nunca o vi em toda minha vida mas me parece reconhecível.

— Com minha palavra, capitão. — Um senhor de idade com barba e costeletas por fazer e barrigudo se aproxima do pirata bem vestido que se nomeia o comandante de toda a tripulação. — Acho que a garota pediu a parola. Como o senhor deve se lembrar...

— Sim sim, Gibbs, lembro-me perfeitamente do código. — O capitão se aproxima de mim com um andar pomposo. — Desculpe, senhorita, mas a honra da parola se extinguiu a muito tempo. 

O que?! A única esperança que eu tinha!

— Ainda assim você e seus homens tomaram uma atitude de surpresa. Ainda cumprem com a parola. — disse Rafael, me lançando um sorriso cúmplice. Eu retribuo e me volto ao pirata.

— Ele tem razão. Imagino que o código ainda está de pé para vocês.

— Inteligente... — ele diz, olhando para mim e para o Baker antes de se virar e ordenar aos homens: — Soltem ambos. Quero conversar com os dois no meu gabinete agora.

Uma Nova Semideusa (LIVRO III) Onde histórias criam vida. Descubra agora