Capítulo 37 - Uma Canção

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O amor esta no ar...

Pov Nayelly

Devia ser final da tarde agora, quando eu podia ver o sol se pôr no horizonte. Me embrulho no cobertor que Rafael encontrou nos suprimentos. Ele sempre levava a segunda metade do seu bastão no bolso. No final, até que ele sabia que dividir seu bastão seria necessário.

Sinto meu rosto ser aquecido pelos últimos raios de Sol. Eu fecho os olhos, apreciando aquela sensação. Me sentia melhor. Foi quando senti alguém se sentar ao meu lado, e abri meus olhos para ver Rafael também observando o pôr do Sol.

— Meu pai deve saber que estou aqui agora. Logo em breve será Ártemis em sua "carruagem lunar e prateada", como dizem. — ele revira os olhos, sorrindo.

— Bem, pelo menos o Olimpo saberá que estamos vivos ainda. — eu dou de ombros. Então deito minha cabeça em seu ombro, me lembrando das vezes que sentia nojo de apenas ser tocada por ele. Eu solto um risinho baixo e abafado.

— O que foi? — ele me pergunta.

— Nada. Só acho que... — procuro pelas palavras certas. — Evoluímos tanto de uns dias para cá... Lembra quando reclamava de apenas encostar minha cabeça em seu ombro ou quase dormimos de conchinha? Haha como bons e apaixonados namorados.

Ele também solta uma risada, leve e gostosa. Isso me contagia. Até que estar no fim do mundo com Rafael Baker não é tão ruim...

— E vale lembrar de como fui um idiota com você naquele vôlei. Ou quando te surpreendi no Captura a Bandeira. Eu era... um idiota mesmo. — Ele olha para baixo, com um olhar triste. Ele se arrepende de tudo.

— Já falamos sobre isso, meu raio de Sol. — eu toco seu ombro. — Começamos com o pé esquerdo. Fomos dois imbecis. Mas agora olha para nós! Somos praticamente bons amigos. Ótimos até.

— Nunca duvidei que você estivesse certa. — Ele levanta o olhar para o pôr do Sol, que já estava com poucos centímetros da linha do horizonte. Observamos os segundos finais daquela cena encantadora.

Rafael se levanta do lugar e começa a ir em direção a tal caixa de suprimentos que veio com a boia salva vidas. Ele se ajoelha para abrir a caixa e vasculhar as coisas que lá tinha.

— A noite será longa e fria. Precisaremos de... aqui. — ele mostra uma lamparina pequena. — Será que a senhorita poderia me servir de isqueiro?

Eu sorrio maliciosamente. Eu definitivamente não vejo graça nessa piada. Agora estou servindo de isqueiro!

Acendo uma chama dançando na ponta do meu dedo, e com cuidado eu coloco fogo na lamparina. Vai pelo menos nos manter iluminados nesta noite que acaba de começar.

Sinto meu estômago roncar um pouco. Faz... quando foi a última vez que comi? No almoço com os outros. E eu nem havia terminado de comer. Eu saí correndo para ver... a carta da Rayssa.

Dou um tapa em mim mesma! Eu perdi a carta! Perdi a carta da minha irmãzinha, e nem sei se foi na floresta, ou com o encontro com Logan, ou neste vasto mar!

— O que foi? — o filho do Sol me questiona, franzindo a testa com um olhar preocupado.

— Eu... — Seria bom desabafar esse erro estúpido com ele? Me viro de costas, indo até a ponta da boia para cruzar os braços em frente ao peito e suspirar. Não é uma boa falar. Minha cabeça se enche de mais e mais pensamentos.

Encaro o oceano e o céu que escurecida mais a cada minuto, dando espaço para as estrelas brilharem no vasto domínio do deus Zeus. Então sinto mãos grandes acariciarem meus braços. Embora seja esquisito, não me mexo. O contato com o filho de Apolo era aconchegante.

Uma Nova Semideusa (LIVRO III) Onde histórias criam vida. Descubra agora