Capítulo 39 - Perdas Imperdoáveis

40 3 159
                                    

Pov Bruno

    A tarde daquele dia parecia mais tranquila. Durante o almoço, eu, a filha de Atena e o filho de Apolo estavamos em silencio enquanto Percy e Elisa discutiam como sentiam saudade de conversar com seus amigos, que ficaram no acampamento por segurança. Também, as coisas no acampamento não estão boas. Com uma guerra se aproximando, destinada por uma profecia ao aniversário do filho do deus dos mares, todos estão se preparando ao máximo para o que está por vir.

De repente, Nayelly, como se tomasse um susto, largou seu lanche na metade (e confesso que os sanduíches que Elisa fez eram muito bons) e saiu correndo para sua barraca, com a justificativa de que precisava ver algo. Com a surpresa, imagino que tenha sido uma lembrança recém-recuperada.

— Sabem o que Nay tem? — questionou Rafael para o grupo. Dei de ombros. Não é de agora que noto uma característica nova na prole de Apolo. Ele parecia ser bem mais curioso sobre a nossa líder, as vezes me questionando coisas ilógicas sem que eu pudesse responder, como "Acha que a Nay gosta de música clássica?" ou "Será que ela é alérgica a alguma substância?".

Parecia bobo mas eu o entendo. As vezes eu me pegava pensando em Anya Berkshire e nos seus gostos. Mas apenas de lembrar de seu belo rosto, seu cabelo com um leve aroma de flores, ah como sinto um pesar. Eu era alvo do ataque e por minha causa que ela está morta. E depois, claro, eu tinha que piorar as coisas.

"Não finais felizes para semideuses, especialmente para os filhos do deus do medo."

Nayelly saiu de sua barraca, sem nem prestar atenção a nós. Atentamente, posso ver que guardou a Coruja Dourada, já que não há o brilho do reflexo do ouro pelo Sol. Ela também parecia segurar um papel, dobrado. Suas expressões pareciam de noltagia e curiosidade. Seja o que estiver naquele papel, parece chamar a sua atenção.

A semideusa caminha para mata adentro, se afastando por entre as árvores. Então Rafael encara cada um de nós.

— Ninguém quer ir atrás dela? — perguntou. Elisa Arendelle engoliu um pedaço do seu hambúrguer.

— Bem, se quiser ir, tudo bem. Mas algo me diz que ela quer ficar sozinha... — responde ela. Essa garota sempre foi inteligente. E ela não está enganada. Eu sinto que Nayelly está precisando de um tempo para si. Todos nós, para falar a verdade.

O rapaz se levanta, após finalizar o almoço, limpando a boca com um pano já que não temos guardanapos disponíveis. Ele está determinado a seguir a jovem para saber se ela está bem. Então caminha na direção que a garota partiu calmamente, sem muitos barulhos.

— Vou pegar o Espelho. — diz Elisa, se levantando e batendo as palmas nas coxas para limpar as migalhas. — Nessas horas, talvez alguém esteja com o seu Espelho em um espaço acessível.

Eu e Percy acabamos com nosso lanche em sincronia assim que a guardiã sai da barraca de Nayelly com uma réplica perfeita do famoso espelho de "Bela e a Fera". É a primeira vez que usamos este instrumento durante a missão. Esperamos que a magia de Norte seja de qualidade e resistente depois de tantas altas e baixas em nosso percurso. Seria de grande utilidade se precisássemos uma hora ou outra.

Elisa se senta ao nosso lado e diz em alto e bom som para o Espelho "Ligação Benjamin". A imagem do seu reflexo se nubla como uma nuvem, encobrindo por alguns segundos, até surgir a imagem do teto do chalé dos Guardiões, um chalé extra que o Camp inaugurou para cada um dos oito jovens. Mas segundos depois, visualizamos a imagem se mexendo e virando para o rosto reconhecível do filho de Aladdin e Jasmine. Seu cabelo escuro e grande estava preso num elástico. Tinha traços de quem estava cochilando antes de atender a nossa ligação mas não se importou em acordar, pelo visto. Ainda que ver a imagem de Elisa pelo espelho de Ben seja uma novidade.

Uma Nova Semideusa (LIVRO III) Onde histórias criam vida. Descubra agora