Happiness

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Sentia meu corpo relaxar a cada palavra que Justin pronunciava, não sabia explicar o porquê disto, era inevitável, cada vez ele me puxava mais para perto, se isso se quer fosse possível, meu coração desacelerava o ritmo, e no meu rosto ainda havia resquícios de um sorriso.

— Me desculpe por ser tão fraca ao ponto de chorar na sua frente e... — Minha fala foi bruscamente interrompida por ele.

Você não é fraca, Lively, muito pelo contrário, você é muito mais forte do que pensa.

— Não, eu não sou.

Soltei uma risada fraca, Justin não tinha a mínima ideia do quão fraca eu conseguia ser, de quantas noites eu venho passando triste e chorando desde pequena.

— Você se manteve forte durante todos esses anos, por você, você foi forte por você. Pode não admitir isso Lively, mas todos reconhecem o quão forte você é.

Eu o encarava confusa, sem entender o porquê daquilo.

—Olha, eu não sou próximo de você ao ponto de ser seu melhor amigo, como Chaz, mas me considero seu amigo agora, se você quiser é claro. — Soltou uma risada fraca, que me fez encarar sua boca. — Charles passa horas falando de você, do quanto ele se orgulha de ser seu amigo, de ter vivenciado tudo isso com você. Ele me contou tudo que vocês dois já passaram juntos. — Senti o meu corpo tencionar, não é possível que Chaz é tão boca grande assim.

— E se me permite dizer, eu sinto orgulho de você. Posso não conhecer e talvez nem saber o sentimento de perda, mas imagino o quão devastador é, e mesmo assim você continua aqui, Liv. — Ele sorriu fraco, olhando em meus olhos.

Eu me mantinha calada, sem ter a mínima ideia do que falar.

— Poucas pessoas conseguem passar por tudo isso sozinhas, mas você é única, e sabe o porquê? — Neguei rapidamente, o esperando continuar. —Porque além de passar por tudo isso só, você passou tudo isso com um sorriso no rosto.

— Nota-se a garota incrível que você é apenas em te olhar, digo isso pois foi o que percebi quando te vi pela primeira vez nos corredores da escola junto à Chaz. Aquele pequeno sorriso que você dava quando ele dizia algo completamente idiota, a forma como você não deixava isso influenciar na amizade de vocês, o jeito que você evita falar sobre esse assunto para não o preocupar com seus problemas.

Meu coração batia acelerado, e eu me encontrava surpresa ao ouvir e digerir todas aquelas palavras.

— Não se culpe pela morte de Sarah, Liv. Sua mãe te amava tanto que a única coisa que ela quis foi te dar a chance de ser feliz, você era a prioridade dela Lively, ela se foi para te deixar viver, te deu a oportunidade de realizar os seus sonhos, e mesmo não estando presente você sabe que ela sempre vai estar com você. — Ele segurou meu rosto com ambas as mãos e sorriu. — Ela está no seu coração Liv, e você á leva para todos os lugares que vai. Tenho certeza que ela, assim como eu e Chaz, se orgulha de você, por ter se tornado essa mulher incrível, não seja tão dura consigo mesma, você também merece ser feliz.

Meu coração parece se desmanchar ao ouvir aquelas palavras. Você também merece ser feliz. O encarei e sorri novamente, talvez eu devesse dar uma chance a mim mesma, sei que não vou conseguir esquecer que uma parcela da culpa é minha, mas eu poderia tentar não me torturar tanto, afinal ela ficaria feliz por mim, não é?

Mas meu sorriso murchou assim que a imagem dela veio em minha mente, me lembrando da foto que Arthur havia me mostrado quando eu era pequena, e meus olhos se encheram de lágrimas novamente.

— Se não fosse por mim, ela poderia estar aqui. —Gritei enquanto Justin ainda me tinha em seus braços, fazendo questão de me abraçar mais forte agora. — Ela poderia estar viva.

Diminui a intensidade da minha voz, dizendo quase em um sussurro. Eu sentia seu peito subir e descer conforme ele respirava, as batidas do seu coração estavam rápidas. Não queria que Justin estivesse ali, apesar dele dizer que me conhecia, isso não era verdade, e não será agora que ele irá me conhecer. Não quero decepcionar mais pessoas do que eu já decepcionei.

Primeiro papai, por tirar a vida da mulher que ele mais amava no mundo.

Segundo Blake, por também retirar a vida de sua mãe e por não ser a irmã que ele precisa.

Terceiro Chaz, por não ser boa o suficiente como amiga.

Não queria ter que incluir Justin nessa lista, ele é bom demais para mim, ele é bom demais para sofrer.

*

Vi o sol começar a aparecer através do vidro da janela, mais uma noite mal dormida. Além de ter passado a madrugada inteira chorando, meus pensamentos também se voltaram para Justin.

Depois de ter me despedido dele, eu havia ido direto para casa e me trancado dentro do quarto. O pobre garoto não merecia conhecer o completo desastre que eu era, Chaz sofreu até demais, ver outra pessoa passar pelo mesmo por minha culpa era inaceitável, não permitiria isso.

Respirei fundo, me levantando e indo em direção a minha escrivaninha, abrindo a terceira gaveta e vendo uma caixa surgir. A peguei com cuidado, levando a mesma até a minha cama e logo abrindo a caixinha.

Lá estava ela, a única foto que eu tinha de minha mãe. Os seus cabelos loiros assim como os meus, seus olhos verdes assim como os meus, e o seu sorriso. Seu sorriso era o que eu mais achava bonito nela, a forma como ela sorria fazendo algumas ruguinhas se formarem ao lado de seus olhos, eu tinha a mesma coisa.

Coloquei a foto em cima da cama, pegando o que estava embaixo da foto, seu anel de casamento. Era o anel mais bonito que eu já havia visto, era dourado, e na parte de dentro continha uma inicial, juntamente com um coração ao lado.

Guardei tudo em seu devido lugar e sai do quarto, descendo as escadas e parando no final dela, em frente à sala. Detectei o cheiro da fumaça, e me dirigi para a varanda, Blake estava sentado em um dos lados do balanço com um cigarro na boca, ele não era de fumar. Meu irmão só fumava em um dia do ano, 3 de setembro, dia do aniversário de Sarah.

E eu me sentia extremamente culpada por ter esquecido.

Sentei ao seu lado e observei o mar, tinha uma quantidade pequena de pessoas para um domingo, mas todas elas sorriam, sorriam como se fossem felizes.

Talvez elas fossem, ou talvez eu era a única infeliz ali.

Não costumava sorrir, aconteceram poucas vezes durante esses anos, e a cada ano que se passava o número de vezes diminuía. Não haviam motivos para sorrir, não depois do que aconteceu.

Blake apoiou seu braço ao redor do meu pescoço, me puxando para deitar a cabeça em seu ombro.

Me peguei pensando no que Justin havia me dito, não sei se eu realmente merecia ser feliz, porque eu seria feliz se matei minha mãe?

Ele direcionou seu olhar para mim, virando seu rosto e cutucando minha barriga com um dos dedos.

— O que você tem, pirralha? — O encarei, deixando a pergunta me consumir e finalmente criar coragem para fazê-la.

— Blake? — Perguntei, deixando com que o garoto largasse o cigarro e me encarasse, preocupado.

Sim?

— Você acha que eu mereço ser feliz?

Meu irmão se virou completamente para mim, sorrindo. Eu tinha medo de sua resposta, e se fosse diferente da que eu estava esperando? Eu estava a ponto de chorar novamente pelos pensamentos tomando conta da minha mente.

— É algo que eu mais tenho certeza, Liv. Você não só merece como deve, você se culpa demais, minha princesa, as vezes a gente tem que esquecer um pouco do passado e viver o presente, senão ele se vai também.

*

Oi meus amores, espero do fundo do meu coração que estejam gostando da história, estou modificando algumas coisas então as antigas leitoras, não estranhem. Boa leitura a todas, amo vocês.

Surf BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora