Passaram-se duas semanas, fazia exatas duas semanas que eu estava ignorando Justin, a única coisa que eu precisava era distância, distância de toda a sua doçura e carinho comigo. Não posso deixá-lo entrar na minha vida, Justin não pode sofrer, ele tinha que se afastar, mas eu sabia que ele não faria isso por vontade própria, ou faria, quem quer ficar perto de uma garota depressiva e infeliz? Ninguém.Também evitava Chaz, não saí de casa nesse período de tempo, permaneci no meu quarto, saía dali apenas para comer, mas nem ânimo para isso eu tinha. À campainha soou lá embaixo, ouvi a porta sendo aberta e logo sendo fechada. Blake provavelmente estava em casa, conclui assim que passos foram ouvidos subindo as escadas.
Me acomodei melhor na cama, virando e ficando de frente à grande porta de vidro que dava acesso a varanda, que se situava de frente à porta. Meu quarto era na parte de cima da casa, ali tinha espaço suficiente para mim, sempre achei exagero de Arthur e Sarah, mas era grata por tudo. Blake também tinha seu quarto no primeiro andar, o problema era que o mesmo mal dormia lá por preguiça de subir as escadas, dormindo no que era da antiga empregada.
Ouço as batidas na porta de meu quarto e logo em seguida o barulho dela sendo aberta.
— Loira?
Permaneci quieta, sabia o que ele faria em seguida. Chaz deitou-se ao meu lado, esticando seu braço para alcançar meus cabelos, fazendo carinho ali.
— Senti a sua falta. — Era sempre assim, eu passava alguns dias afastada e ele vinha me ver. Ele não ligava, porque sabia que ele vir significava que ainda se importava comigo. — O grupo não é o mesmo sem você Liv, sabe disso.
— Eu... — Minha fala foi interrompida por ele, assim que respirou fundo.
— Precisava de um tempo, eu sei, isso acontece a treze anos.
Continuamos ali, em silêncio, até Charles abrir a boca, falando quase em um sussurro.
— Justin perguntou de você.
Me virei para ele, sentindo todo o meu corpo tencionar.
— O quê?
— Justin perguntou de você. — Repetiu o que tinha dito, mas não parou por aí. — Todos os dias, Lively, Justin perguntava de você todos os dias.
Sentei na cama passando as mãos no rosto, não era possível. Chaz tratou de fazer o mesmo, me puxando para seu colo, envolvi meus braços ao redor de seu pescoço, sendo abraçada por ele pela cintura.
— Eu não quero envolvê-lo nisso, Chaz. Justin não merece passar por isso.
— Por que não deixa ele se aproximar, ser como um dos garotos? — Ele se referia aos meninos do nosso grupo.
— Porque Justin sabe de tudo que eu passei, graças a você, ele deve sentir pena de mim, por isso que ele me ajudou no dia que nos conhecemos. Eu não preciso que ninguém sinta pena de mim, Charles, também não preciso de alguém se preocupando.
— Ele é meu melhor amigo, loira, não tinha como eu não contar para ele, eu precisava de alguém para colocar tudo isso pra fora, não consegui aguentar.
Ele percebeu o que havia dito assim que sai de seu colo, me levantando da cama e indo para frente da varanda.
— Eu não quero ver outra pessoa passando por isso, ninguém merece sofrer por culpa dos meus problemas. — Me virei, vendo o mesmo cabisbaixo. — Você já aguenta muita coisa, Chaz.
Charles ficou em pé, caminhando até parar em minha frente.
— Foi uma escolha minha, loira. Eu escolhi passar por tudo isso com você, eu escolhi não te dar as costas todo esse tempo, eu escolhi não desistir de você. Sofrer faz parte de te aceitar como amiga, e não me arrependo em nenhum momento dessa escolha. Você precisa dar uma chance as pessoas, tudo bem não querer que elas sofram, mas quem escolhe isso não é você. Dê uma chance a si mesma também, de fazer novas amizades, de ser mais aberta, de se sentir bem, até de se apaixonar. Se você não se der uma chance, nada vai mudar.
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Surf Boy
FanfictionMesmo após dezessete anos, Lively não conseguiu superar a falta feita por sua amada mãe, desistindo de criar laços com as pessoas, deixando sua confiança nas mãos de seu pai, irmão e melhor amigo. Mas a aparição de um garoto ao lado de seu melhor am...