o primeiro encontro de dois mundos

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Renjun ensaiava pela quarta vez a mesma coreografia. Seus pés estavam exaustos, sua musculatura doía por causa das repetições incessáveis que seu corpo fazia, e se encontrava praticando por horas.

A insegurança gritava dentro de si de dia e de noite afirmando que não era bom o suficiente. O medo de errar na frente de todos, era imenso, e por culpa dos diversos pensamentos enganosos, ele esperava o ensaio com seu grupo terminar para continuar ensaiando pela longa noite que se seguia.

Entretanto naquela noite, estava deveras cansado. Seu corpo parecia não reagir aos comandos. Tentou ser forte e se manter em pé, mas falhou. Em um instante seu corpo parecia pesar uma tonelada e suas pernas não aguentaram tanto peso, se desfez permitindo que sua silhueta viesse ao chão e as pálpebras pesadas se ajuntassem, e assim... Não sentiu nada mais! Apenas o gelado do chão tocar sua pele e o escuro na visão.

O relógio no pulso fino de Na Jaemin marcava o horário tão almejado o sorriso em seus lábios já estava se formado, quando se aproximou da porta da sala de ensaios, mas logo se desfez, ao perceber que som nenhum vinha do cômodo.

A luz estava acesa, logo aproximou-se e buscou com o olhar pela figura dentro sala. Forçou a visão desacreditado pelo que via. Nada pensou, unicamente  correu até o corpo do desconhecido que se encontrava desfalecido ao chão.

Jaemin sentiu um amargo na boca e seu coração martelando na parede do tórax. Ao se aproximar, repousou suas mãos gentilmente nos ombros do rapaz, lutando para o acordar: ao que fora sem sucesso.

Decidiu pegá-lo cuidadosamente no colo, não poderia deixar de notar o quão era pequeno e leve. O carregou com poucos passos até o sofá mais próximo. Pousou o corpo do rapaz sobre o acolchoado e o observou.

Não conseguia pensar em nada possivél para fazer, se chamasse alguém para o ajudar com o garoto, o mesmo correria risco por estar na sala de ensaios tarde da noite e além do mais, estavam todos dormindo.

A preocupação corroía Jaemin, enquanto ele analisava a face desacordada. E sem nenhum comando, sua destra foi de encontro com a fronte desconhecida, e lá se repousou levemente comparado ao toque de uma pena assim que dedilhou pelo rosto bronzeado.

- Por favor, acorda. – Ele cochichou com os olhos fechados em uma prece.

Sem resposta, nada pôde fazer, apenas esperar que Renjun despertasse. E assim fez, por alguns minutos, onde pousou a cabeça nos pés do sofá e tentou refletir no que havia acontecido com o garoto.

E segundo após, preocupado, escutou um grunhir irreconhecível vindo dele. E serenamente, levantou o torso, ficando de frente para ele que estava deitado ainda com os olhos cobertos porém com o cenho franzido.

- Ei.

Jaemin o chamou com a voz baixa, observando-o desunir as pálpebras sem pressa. Notou o quanto esse ato foi deveras meigo. Renjun que estava deitado, abriu os olhos para si, e o semblante dele permaneceu assustado.

- Como se sente?

Se referiu com olhar preocupado ao perceber a feição apreensiva do rapaz.

- Você desmaiou, estava no chão gelado. – Justificou.

- Eu tô bem, quer dizer, meu corpo dói, mas estou bem.

Renjun pronunciou num timbre fraco e o olhar cabisbaixo.

- Você não acha melhor ir na enfermaria? – Jaemin sugeriu. – Eu sei que deve está fechada agora, mas se for uma emergência eles podem-...

Renjun o interveio.

- Obrigado por ter me levado para o sofá.

E pela primeira vez as duas íris se encontraram.

- Não foi nada.

Jaemin ligeiramente corou, acanhado. Renjun em reposta do ato nítido, sobrepôs:

- Foi sim, tá tarde, você deveria estar dormindo e mesmo assim parou pra me socorrer.

Num murmúrio, retrucou, desviando o olhar de Jaemin. Sentiu-se… Afetado? Pelo rubor nas bochechas dele.

- Você também deveria estar dormindo não é?

Jaemin propositalmente encarou a face do rapaz, analisando qualquer sinal de desconforto. Aquela não era intenção dele. Na verdade, ele sentia dentro de si uma necessidade abundante de cuidar do outro.

- Vem, eu te levo para o dormitório.  

A frase saiu sem comando nenhum. O garoto se assustou, por ter pronunciado aquela frase, mas não se arrependeu. Sabia que por estar na presença de Renjun sua fala saía descompassada. Sua mente virava uma bagunça, e não conseguia nem por deus, se comportar normalmente com  aquela figura em sua frente.

- Você tá fraco ainda, pode segurar no meu ombro.

Renjun aproximou-se de si, e seus batimentos cardíacos pareciam ter triplicado. Se encostasse muito, tinha certeza que ele ouviria seu coração pulsar tão alto.

- Ok….

Renjun sussurrou, apoiando-se sobre o outro que gentilmente caminhou com sua destra, guiando-o pela cintura.

Caminharam em silêncio até o dormitório do garoto. Jaemin não teve dificuldades com o peso do outro sobre si e até gostou daquela aproximadamente quente e a sensação boa do contato dele.

- É aqui.

Pronunciou Renjun parando a marcha e olhando fixamente para porta em frente.

- Obrigado de novo. – Continuou.

- Sabe, você deveria descansar mais e se alimentar direitinho.

Jaemin sentiu os efeitos dentro de si novamente, mas em sua mente não poderia deixar de falar aquilo, queria ver o pequeno bem e saudável.

- Eu vou, não se preocupe.

Renjun encarava o chão e Jaemin não conseguia entender porque, parecia envergonhado ou este era seu semblante normal. Jaemin queria dizer que seu rosto era lindo e o brilho dos olhos se igualavam os tons de mercúrios tão iluminados quanto a lua ou ainda mais do que ela.

- Você… – Juntou coragem e terminou a frase. - Você me promete?

Assim que terminou, os olhos brilhantes do outro caíram sobre si de maneira incrédula por milésimos de segundo quando avistou-lhe mostrar o dedo mindinho.

- Prometo.

mercúrio. renminOnde histórias criam vida. Descubra agora