3- A Fuga da Princesa

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Depois do pesadelo não consegui mais dormir, contudo já era dia mesmo, resolvi levantar. Na mesinha perto da janela havia comida, água e um bilhete. Era de Sabrina e dizia: "Sei que teve uma noite complicada e deve se sentir desconfortável em ir até a cozinha, então resolvi trazer alguma comida pra você".

Sabrina é uma boa amiga, sempre foi, gostaria de leva-la comigo ao ir pra longe, mas ela tem a mãe doente pra cuidar. Após comer, tomei um banho, coloquei um vestido melhorzinho e fui tentar falar com Odin. O pai de todos já deveria ter deixado ordens pra me mandarem até ele. Andando pelas magníficas varandas de Asgard não me contive em parar e observar um pouco do treino dos guerreiros, os príncipes estavam lá também. Loki acenou pedindo para aguardar um instante. "Deve já ter feito o mapa para minha fuga" pensei comigo e estava certa.

—Oi, Cristie! – Ele tirou um papel do bolso. – Aqui está o que lhe prometi.

—Oi, Loki. – Pego o papel e ele segura minha mão.

—Mas, acho que deveria ficar. – Ele estava com aquele olhar de filhotinho que é muito fofo.

—Eu acho que deveria ir comigo.

—Eu não posso ir.

—Eu não posso ficar.

—Então, isso é um adeus?

Esse olhar dele ainda vai me matar, dei um beijo em seu rosto.

—Adeus, Loki.

Chegando a porta dei uma olhada para trás e vi Thor falando com Loki, penso que estaria aconselhando o irmão a se manter longe de mim. Todos já deveriam saber sobre o ocorrido na cozinha na noite anterior. Nem me preocupo em contar minha versão dos fatos, não acreditariam mesmo. Continuei meu caminho, quase chegando à porta da sala do trono vejo Freya saindo de lá, ela não parecia nada bem. O pai de todos irá esperar afinal minha amiga precisa de mim. Dirigi-me até seu quarto, ela estava encolhida na cama.

—Posso entrar?

—Pode. – Ela senta.

—Você está bem? – Puxo uma cadeira.

—Não. Na verdade, estou péssima.

—O que houve?

—As pessoas da minha família não são bem quem pensei que fossem... Estou triste por tudo que aconteceu com você e com raiva por Odin estar me forçando a casar.

—Sinto muito.

—Cristie, não é sua culpa! – Ela olhou bem fundo em meus olhos.

—Tem algo que possa fazer pra te ajudar?

—Não, porque estou com muita vontade de sumir. O meu maior desejo nesse momento é ir pra longe e nunca mais ser encontrada. – Estava com lágrimas rolando pelo rosto.

Vocês conseguem entender o que é ver sua melhor amiga tão magoada assim? A única pessoa no seu mundo que conseguiu fazer sua existência um pouco melhor estava precisando de ajuda, não uma simples ajuda, uma grande e complicada. Uma criada fugir e não ser mais vista é uma coisa, mas uma princesa?! Argumentei comigo mesma por alguns minutos antes de tomar a decisão.

—Tenho uma coisa pra você.

—O que?

—Uma forma de ir pra Midgard. – Entreguei-lhe o papel.

—Sério?! Mas, você não ia usar? Como conseguiu isso?

—Acabei descobrindo sem querer. Anotei para não esquecer, pode usar.

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