Saí sem ela acordar. Tive de voltar a casa. Miguel passou a noite a ligar-me. Mais um pouco ainda ligava à polícia para me procurar.
Tinha de tomar banho, cheirava a sexo, estava completamente lambuzada por saliva, por ela, por suor. Mas tinha o cheiro dela e eu queria ficar com aquilo. Era a primeira vez que depois de fazer sexo não tinha vontade de me lavar. Avisei o Miguel que já estava em casa mas não fui para a cama, fiquei no sofá da sala, a lembrar-me daquela noite e a sorrir com o meu corpo todo a saber a ela.
M: Bom dia. Estás bem? Afinal que se passou?
Diz Miguel assim que chega a sala.
R: Foi a minha amiga, precisou de mim.
M: Disseste que ias buscar uma coisa.
Diz enquanto me olha. Eu não sabia o que lhe dizer.
M: Eu não sei o que se passa contigo, mas tu não tens andado bem desde segunda.
R: Porque será?
M: Já marcaste consulta no medico? Estás a ser um bocadinho criança com essa história de não saberes se queres ter o bebé, não?
R: Não estou, tens de perceber.
M: Não, tu é que tens de perceber...
R: Acabou.
Digo alto para o interromper. Não o queria ouvir.
R: Eu tenho os meus motivos, mas estive a pensar e sim, vou ter este filho.
Mentira. Não tinha pensado nisso. Aliás não tinha sequer ainda pensado em nada. Natália era tudo o que estava na minha cabeça por estes dias. Mas apesar de tudo, eu sabia que não ia abortar. E antes que aquilo desse para discussão pior confirmei logo ao Miguel. Que ficou tão eufórico como quando soube que estava grávida.
Fui ao médico, fui trabalhar, passaram-se dias. Não falei com Natália. Nem sabia que lhe dizer. No trabalho já dei a notícia de estar grávida para justificar as faltas nos julgamentos. Uma colega em conversa num almoço diz:
Colega: Eu quando estava grávida a expressão "excitação à flor da pele" aplicou-se plenamente em mim. Andava sempre danada por sexo. O libido é fodido, fica-se mesmo uma bomba relógio, prestes a explodir de desejo.
R: A sério? A gravidez provoca isso?
"Isso explica muita coisa" penso.
Colega: Ai não sabias? E ainda vai ser pior.
"Então a gravidez provocava vontade de sexo". Eu andava consumida de desejo sem dúvida. Mas de Natália, não de mais ninguém. Dava por mim a imaginar aquela noite e sentia um arrepio da espinha até a nuca. Não tinha voltado a falar com ela. Não sabia o que dizer e ela no fundo tinha razão, tinha passado muito tempo, podíamos ter coisas mal resolvidas, mas era impossível ser o mesmo sentimento porque já não éramos as mesmas pessoas.
Um dia estava em casa a noite e tenho uma chamada do meu amigo advogado.
R: Tudo bem?
Mauro: Sim, tudo e tu?
R: Também. Então o que é?
Mauro: Tu disseste para te dar novidades no caso da tua amiga e olha que não estão a acontecer coisas muito boas.
R: Então que se passa?
Mauro: Já existem vários processos, ela ao denuncia-los, é acabar com eles. Como te disse são uma rede. Ela está a ser ameaçada. Há dois que estão a solta e que acredito podem fazer-lhe mal.
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Meu Amor (História Lésbica) -completa-
Short StoryPrimeiro amor... reencontro... encontros e amor para sempre. Há quem viva um só amor toda a sua vida!!