Lembranças

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Não voltei ao escritório nesse dia. Liguei ao meu colega e amigo Mauro que trabalhava noutro escritório, marquei a reunião para Natália. Falei com ele sobre tudo o que sabia do caso. Disse que qualquer custo era minha responsabilidade. Enviei a ela mensagem a dizer-lhe local e hora para se encontrar com ele. Fiquei como uma criança a espera de resposta dela. O "ok" dela matou-me. Só "ok", fiquei com um pouco de raiva dela.

Fui para casa, estava rodeada de pensamentos de Natália quando chega o Miguel, com mil e uma questões sobre o porque de eu pensar sequer em abortar se já nos imos casar e timos tudo para constituir família. Não tinha cabeça para aquilo.

R: Posso pensar nisso e falarmos depois?

M: Não há que pensar.

R: Para mim há.

M: Não aceito isso.

R: É o meu corpo, é o meu tempo, é uma série de coisas que eu nunca tinha pensado. Nem sequer sei se quero ser mãe.

M: Ok, não tinhas pensado, mas agora aconteceu, tens de lidar com isso.

R: Eu estou a lidar.

M: Mas não estás a ser razoável.

R: Eu estou, tu é que não. Mas olha, tive um dia de malucos, vais ter de me deixar este bocado em paz Miguel. Falamos disto depois.

M: O que se passou mais?

R: A cliente que eu ia ver de manhã era nada mais nada menos que uma amiga minha de infância. E é uma situação complicada.

M: Que amiga?

R: Natália.

M: A sério? Aquela da aldeia?

R: Sim, ela mesmo.

M: Como isso aconteceu?

R: Ela não sabia que era eu, nem eu sabia que era ela. Era o primeiro encontro. Não me quer como advogada, nem ao meu escritório.

M: Lamento.

R: Tenho de a ajudar.

M: Ok, faz como quiseres. Mas não te preocupes muito com isso, se ela quisesse muito a tua ajuda tinha-te procurado logo no inicio.

Ainda não sabia como reagir ao aparecimento de Natália. Só sabia que não tinha pensado em mais nada desde que a vi de manhã naquela sala.

Mal dormi a noite. Não fui trabalhar de manhã e esperei pelo telefonema do Mauro que lhe tinha pedido para me ligar quando acabasse de falar com Natália.

Ligou-me por volta das 12horas:

Mauro: É complicado o caso da tua amiga.

R: Quanto complicado?

Mauro: Ela esteve muito tempo com o acusado. Diz que não, mas é provável que estivesse lá de consciência e de certeza que já sabia o que ele fazia à muito tempo. O ela denunciar a ele e a outros parece-me que a vai deixar numa situação de perigo porque tudo aquilo cheira um bocado a máfia de grupo. Esta uma teia ali. Muitas ligações, muitos dentro e muitos fora. É complicado. Temos de ver.

R: Ok, obrigada.

Liguei imediatamente a Natália.

R: Vamos almoçar?

N: Não estou com vontade para te dizer a verdade.

R: Eu vou ter contigo, levo almoço. Manda-me a tua morada.

Meu Amor (História Lésbica) -completa-Onde histórias criam vida. Descubra agora