Inesperado

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Sinto baterem-me na cara e a dizerem: "Rita, acorda". Abro os olhos e vejo o teto muito alto, branco com desenhos, olho a minha volta e vejo uma rapariga que não conheço. Pergunto:

R: O que aconteceu?

Rapariga: Desmaiaste.

R: A Natália, a Natália estava aqui.

N: Eu estou aqui.

Diz ela enquanto aparece a minha frente. Era mesmo ela, eu nem conseguia acreditar. Tento levantar-me mas a rapariga não deixa, e a Natália baixa-se até ao pé de mim.

N: Estás bem?

R: Olá.

Digo, enquanto sorrio. 

N: Olá.

Responde ela retribuindo o sorriso.

N: És mesmo tu. Pensei que estava a ficar maluca.

Digo enquanto lhe passo as mãos pela cara.

R: Sou eu sim.

Sorri Natália, enquanto pergunta de novo:

N: Estás bem?

R: Acho que sim, não me doí nada. Queria-me por a pé, posso?

Rapariga: É melhor não. Deve ser só quebra de tensão, mas mesmo assim é melhor esperar pela ambulância para seres melhor examinada no hospital.

R: Não é preciso, eu não tomei o pequeno almoço. Deve ter sido isso.

Rapariga: É provável então. Mas de todas as maneiras tens de ir ao hospital.

Não conseguia parar de olhar para a Natália. Os olhos azuis dela eram os mesmos de há quinze anos atrás. O cabelo, as pestanas, as sardas. Não sei quanto tempo estive a olha-la. Sinto os paramédicos a chegar. Protesto que não quero ir, mas levam-me mesmo assim. Natália fica na sala. 

R: Esperem, deixem-me falar com a Natália.

N:  Vai em paz, falamos depois. 

No hospital tiram-me sangue. Fazem-me analises. Enquanto espero pelo resultado ligo para a minha secretária, a dizer o que aconteceu, peço para avisar Miguel do que se passou e digo que preciso do número da Natália. Ela diz que não tem e eu peço para ela arranjar rápido. Entretanto ela liga-me e diz-me que Natália nos contactou a dizer que não quer que eu seja advogada dela. Fico um bocado enervada, digo-lhe que isso não é ela que tem de decidir. Peço a Carla, secretária, para me dar o número que lhe ligou. Ligo-lhe, ela atende.

N: Estou.

R: Não te atrevas a desaparecer outra vez.

N: Olá. Como se sentes?

R: Já ligaste para o escritório a dizer que não me queres como advogada? Porque? Nem sequer sabes se sou boa advogada ou não.

N: Não é por isso. Tenho a certeza que és boa advogada. Mas eu não ia estar a vontade contigo e isso podia ser prejudicial para mim. Não há uma lei qualquer que diz que os advogados não devem defender pessoas conhecida?

R: O quê? Claro que não.

N: Ok. Mas eu não me ia sentir a vontade.

R: Porquê? Não percebo porquê.

N: Rita, falamos depois. Agora não é boa hora.

R: Falamos depois se não desapareceres entretanto não é.

Meu Amor (História Lésbica) -completa-Onde histórias criam vida. Descubra agora