Eu sei

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Acordei sozinha na cama, ela já tinha saído, mas estar ali deixava-me alegre. Senti o cheiro dela na almofada. Tinha dormido toda a noite colada a ela e isso deixava-me a irradiar felicidade.

Os meus pais estavam a arranjar o saco para levar para a excursão e Natália estava a ajuda-los. Viram-me sair do quarto da Natália, a minha mãe perguntou:

Mãe: Dormiste aí?

Não sabia o que responder disse, mas não menti.

R: Dormi, estivemos a conversar até tarde e depois não quis dormir sozinha.

Pai: Como sempre.

Diz o meu Pai.

A conversa acabou por ali, almoçamos, eles foram embora ficamos só nos as duas.

R: Que vamos fazer?

N: Não sei, ver um filme. Fazer o Puzzle?

R: Muito gostas tu do puzzle.

N: Pois gosto, é fixe.

R: Vamos lá.

N: Não precisas vir se não queres, faz outra coisa.

R: Não queres que esteja contigo?

N: Não, não é isso. É que se preferes outra coisa...

R: Eu sei, estou a brincar, mas pode ser, vamos lá.

Fomos para a garagem. Eu não gostava muito de puzzle, mas desde pequena fazia com meu pai por isso já tinha alguma paciência.

R: Como é que o meu pai te meteu o vicio?

N: Eu sempre gostei disto e sempre gostei de estar com o teu Pai.

R: A sério? Porque?

N: Porque fala de ti o tempo todo.

Diz sem tirar os olhos do puzzle.

R: Deves passar uns momentos muito bons então. 

Digo em modo de ironia.

N: E são.

R: Ele que diz?

N: Tanta coisa.

R: Diz uma.

N: Contou que tu sempre ias a casa do meu Pai quando vinhas aqui.

R: Sim, para saber se sabia algo de ti. E ve-lo, ele estava sozinho.

N: Um dia quando fui visita-los a Alemanha, numa reunião de família, quando ele já estava lá, ainda começou a falar de ti, mas eu estava tão chateada por não me teres respondido as cartas que pedi para não falar.

R: Falei com minha mãe sobre as cartas, ela diz que foi melhor não terem chegado cartas nenhumas, que como nós éramos uma com a outra que eu ainda ia querer deixar de estudar e ir para ao pé de ti ou vires tu para aqui sem rumo na vida.

N: Eu nunca pensei que isso fosse acontecer, até porque na minha cabeça tu estavas super feliz na cidade, na escola com novos amigos, mas eu tive muita vontade de vir. Houve dias que eu não sei como consegui passar. Houve dias que eu chegava a casa e começava a fazer a mala. De tanto que tinha de te ver. Mas no ultimo momento não ter resposta tua as cartas... na minha cabeça tu já nem te lembravas de mim. Só muito tarde comecei a viver a minha vidinha e a conseguir que fosses um pensamento que estivesse quietinho na minha cabeça. 

Meu Amor (História Lésbica) -completa-Onde histórias criam vida. Descubra agora