O Mundo de Aura (+18)

A profecia da bruxa

Bom dia! Desculpem a demora do capítulo!

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Kurama corria o mais rápido que podia para fugir dos Ortros, que apesar de toda a ferocidade não eram tão ágeis. Eram mais de trinta cães no encalço deles, uivando a meter medo. Conseguiram escapar através de um portal que Karin abriu proferindo palavras aurianas, e após passar por ele Naruto percebeu terem ido parar no chalé da ruiva. Desmontaram e ele teve de segurá-la para que não caísse.

- Karin, o que você tem? - perguntou ele preocupado.

- Abrir um portal requer muita magia e meu organismo não aguenta tanto. Só preciso descansar um pouco - disse ela com dificuldade. O loiro a levou no colo para dentro do chalé e deitou-a no divã da sala, indo logo pegar um copo com água para ela beber. Kurama olhou pela janela e percebeu nuvens rosadas à leste, o dia já começava a despontar.

- Já está quase amanhecendo - disse ele - Os Ortros não irão nos procurar à luz do sol.

- Já é alguma coisa - Naruto deu a água para a garota, que bebeu aos pouquinhos. Ela voltou a se deitar no divã e notou a expressão de dúvida do primo.

- Aconteceu alguma coisa?

- Nada. Eu só estava pensando no que fiz com aqueles cães. - Ele se sentou em um banco perto dela. - Alguém no meu lugar certamente sentiria medo e ficaria hesitante. Eu não senti nada disso enquanto os matava. Era como se… eu estivesse fazendo aquilo porque tinha que fazer.

- O instinto de sobrevivência foi o que manteve a nossa família viva e forte por gerações. Matamos porque temos que matar. Matar e sobreviver… é o nosso dom, mas também é nossa maldição. Antes de se preocupar com o inimigo preocupe-se com você mesmo - falou com convicção.

- Isso é uma guerra não é? Uma guerra pela sobrevivência do mais forte. Algo que vai decidir o destino de todos - Naruto inclinou-se para a frente, descansou os cotovelos nas coxas e apoiou a cabeça nas mãos - Mas não precisava ser tão cruel.

Até pouco tempo atrás Naruto não conseguiria cogitar a ideia de ser alguém de outro mundo com poderes mágicos. Ele era apenas um garoto normal como todos os outros, gostava de esportes como todo mundo, de se divertir com os amigos... parecia mentira que os membros de sua família, aparentemente tão comuns, haviam sido mercenários do avô de Hinata, o governante supremo e guardião de um mundo até então desconhecido. Isso fazia dele um mercenário também, a serviço de Hinata, a quem devia respeitar e obedecer. Perguntava-se onde ela estaria agora, se em Aura ou em outro lugar, o que estaria fazendo, se estava bem… Desejava poder reencontrá-la e lhe pedir perdão por tudo, além de fazer Shion pagar pelo que fez. Se tivesse ido atrás daquela história do roubo, nada daquilo estaria acontecendo agora, e seus pais não teriam sido raptados e levados para um local perigoso como o castelo imperial.

Naruto só saiu para fora quando o sol apareceu por completo. Tudo estava normal: os pássaros cantavam, as flores se abriam, as carpas saltavam no lago. Porém… até quando iriam ficar daquele jeito? Por quanto tempo? Era apenas questão de dias, talvez até horas que Shion e seus cães demoníacos os encontrassem, pois mesmo que o chalé e seus arredores estivessem protegidos, a bruxa poderia facilmente desfazer o encantamento. O loiro suspirou frustrado sem saber o que fazer.

Karin havia se recuperado e agora preparava o café da manhã. Apesar de aparentar estar bem, seu olhar era o mais triste e distante possível. Era como se soubesse que não viveria o suficiente para ajudar Naruto a chegar em Aura; sentia um aperto no coração e uma vontade de chorar por causa disso. Desde criança, quando sua mãe lhe transferiu seus direitos de líder do clã Uzumaki e sua missão de reerguê-lo com os membros restantes ela sentia estar carregando um fardo nas costas, um peso que ela não poderia mais sustentar. Se algo acontecesse à ela Naruto deveria assumir seu lugar de líder, mesmo não querendo que ele sofresse com isso. Contudo, era algo inevitável.