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• Sabrina •

O sinal tocou e todos voltaram pra sala.

As aulas passaram bem devagar.

Acho até que dormi na aula de história.

...

Voltei para casa andando. Minha vó não tinha conseguido entrar em contato com o ônibus do colégio e como não temos carro, irei todos os dias assim.

Eu paro e penso as vezes como que eles conseguiram minha vaga nesse lugar, onde só tem pessoas de classe alta.

Média pra alta.

Enquanto eu estou na baixa.

Baixa a média, talvez.

- Voltei vovô! - falo entrando em casa.

Sim, eu chamo ele de vovô.

Posso ter 17 anos mas nada me impede.

João - Já? Achei que ia ficar mais tempo sem te ver. - segura o riso e eu dou língua.

Sendo sincera, meu vô, não parece um vovô.

Não sei explicar
Meus avós não parecem avós.

Eles tem uma certa idade mas seus rostos são de bebês.

Bebês idosos.

Ri com meus pensamentos e a Dona Maria me chama.

Maria - Fez muitos amigos?

- Meio que sou antisocial - dou risada - Então não, vou ir pro meu quarto.

Subo as escadas e entro no mesmo.

Jogo minha mochila em algum lugar e logo em seguida me jogo na cama.

Eu queria, mas não conseguia parar de pensar naquele garoto.

Seus cabelos castanhos e o sorriso.

Que sorriso.

Eu queria, mas o rosto e a voz dele não saiam da minha cabeça.

Pense em outro coisa Sabrina!

Balanço a cabeça negativamente e pego meu violão.

Arrumo as cordas do mesmo e respiro fundo.

Eu - Moça, sai da sacada
Você é muito nova pra brincar de morrer
Me diz o que há, o quê que a vida aprontou dessa vez?

Começo a cantar de olhos fechados, enquanto tocava uma de minhas músicas brasileiras preferidas.

Podia ser difícil cantar algo em português, mas com muita prática consegui gravar todas as palavras.

Ou quase todas.

Moço, ninguém é de ferro
Somos programados pra cair.

Random |•| Shawn Mendes (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora