Laços do Tempo

Obito

E aqui estou eu, com a minha estranha mania de me pegar encarando a janela, sempre pensativo. Desta vez era sobre Arika. Eu me sentia estranho sobre ela. Apesar de já ter lido várias vezes sobre amor em livros, e presenciado o mesmo sentimento com meus alunos, eu o desconhecia dentro de mim. Sabia seus conceitos, porém não sabia como identificá-lo.
 
 Será que o que eu sinto é realmente amor?

 Em questão de segundos eu já não estava mais em meu gabinete. Olhei ao redor, sentindo a brisa do outono soprar em meu rosto. As folhas alaranjadas caindo lentamente. Me virei para a pessoa que se encontrava em meu lado e me deparei com Arika. Ela me encarava nervosa e envergonhada. Seu traje era branco com detalhes vermelhos. Seus cabelos estavam presos em um enorme coque, diferente das tranças que ela geralmente fazia. Segurei suas mãos firmemente, com a intenção de nunca soltá-la e a levei em direção ao altar.
 Entretanto, percebi que havia dormido quando Shikamaru entrou com uma pilha de papéis em minha sala, enquanto eu me encontrava babando em uma outra.

-Você dormiu aqui novamente? -questionou curioso.
-Sim. -falei desgrudando um dos papéis de meu rosto.
-Caramba. Descobriu pelo menos o caso da Arika-sama? -perguntou se aproximando.
-Sim. Parece que a família dela exige um árduo treinamento desde criança, para aprender a controlar os poderes do Dragão. E com ela não foi diferente. -expliquei.
-Entendo. E quanto ao clã que estava atrás dela? -perguntou novamente.
-Depois do ocorrido, acho que agora eles não tornarão a perseguí-la. O meu medo é de que essas histórias sobre o Dragão tenham sido passadas de geração a geração para não só um, mas vários clãs. -falei preocupado.
-Tem razão. Se isso acontecer, o que faremos? -questionou com o mesmo tom de preocupação.
-Teremos de escondê-la. -falei suspirando.
-Mas e quanto a você? Você vai se casar com ela amanhã, certo?
-Exato. Se isso acontecer, eu terei de ir com ela, e deixar a vila nas mãos de Naruto. -falei apoiando meu queixo sobre as duas mãos.
-Entendo. -suspirou Shikamaru.
-Enfim, hoje é o dia em que você vai soltá-lo, não é? -questionou.
-Sim. Eu esperei por isso desde o final da guerra ninja. -suspirei com um leve sorriso no rosto, virando a cadeira e encarando a janela novamente.
-Fico feliz que ele tenha mudado. -Shikamaru sorriu.
-Eu também. -sorri de volta.

 Espere, Obito... Logo você estará livre.

 Entrando na cela onde Obito se encontrava, o mesmo me encarou se levantando. Havia semanas que o mesmo estava ali, desde o final da guerra ninja, quando ele resolveu passar para o nosso lado com a ajuda de um alguém inesperado. Após isso, ele passou seus dias em uma cela, esperando a minha decisão como Hokage sobre o futuro dele, e não só minha, como a do meu conselheiro Shikamaru, que o visitava frequentemente para mandar recados por mim, e também a dos anciãos, que concordaram gentilmente com a idéia de torná-lo delegado da antiga força policial dos Uchihas. Neste momento ele deixara de ser um renegado para virar novamente membro de Konoha, além de liderar toda a segurança de nossa vila.

-Muito Obrigado, Kakashi. -falou sorrindo. Um sorriso tão grande e alegre que me fazia lembrar dos velhos tempos ao lado de Rin.
-Não precisa agradecer, Obito. Você foi de grande ajuda durante a guerra ninja. Não podíamos deixar você ficar para sempre dentro de uma cela. -falei retribuindo o sorriso.
-Você sabe onde ela está? Eu preciso vê-la. -questionou curioso e eufórico.
-Ela queria vir comigo, mas eu não permiti. Então ela disse que iria esperá-lo perto da academia, no banco onde vocês costumavam se sentar. -falei coçando a nuca.
-Entendi! -sorriu e saiu correndo em direção ao local mencionado. Por um segundo eu o vi ainda criança, agindo da mesma maneira. Ele realmente não mudara e continuava o mesmo Obito de sempre.

 Agora eu só preciso pensar sobre o casamento. É amanhã.