Capítulo Seis

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Mas ela foi salva quando um som fino e alto irrompeu pelas caixas de som, fazendo todos do salão estremecerem. Segundos depois, a voz de seu pai ecoou, alta e limpa.

- Boa noite e bem-vindos ao Baile anual de outono. - Aplausos irromperam da multidão aristocrática - Como vocês devem saber, nós da família Cloverfield dedicamos uma semana inteira para essa comemoração, que honra o dia do nascimento das três mulheres mais belas do mundo, também conhecidas como minhas filhas! - Mais aplausos, alguns assobios e murmúrios de acordo. - Caso não estejam cientes de quem são, o que é muito difícil, irei apresenta-las agora. -

Um enorme feixe de luz vasculhou pelo salão incessantemente, parando sobre uma figura sentada em um banco em frente ao bar.

- A espetacular Alice Cloverfield! - O pai anunciou, de onde quer que ele estivesse.

Alice não se alterou, nem mesmo levantou o olhar. Sua expressão séria a tornava misteriosa e, por algum motivo, sexy e provocante. Um copo com liquido translucido pendia em sua mão e Amelie fingiu que era água. Pura e definitivamente não alcoólica água.

O feixe voltou a se mover, parando a quase três metros dela, sobre a irmã mais velha.

- A magnifica Amber Cloverfield!

Amber jogou os cabelos para trás, os fios finos e leves voando ridiculamente, como se em um comercial de shampoo. Ela abriu bem os olhos azuis cristalinos, sorrindo com dentes brilhantes e certinhos. Se até o coração de Amelie deu um salto, imagine o dos convidados. Disfarçadamente olhou para Elias, que estava com a expressão relaxada, quase indiferente. Entretanto era impossível disfarçar o brilho em seu olhar.

- Eu disse que elas eram lindas... - Amelie sussurrou para ele, que, repentinamente, saiu do transe e a olhou.

O rosto do garoto corou e ele começou a gaguejar, como um menininho tímido, procurando uma desculpa.

O feixe de luz atingiu Amelie ao mesmo tempo que ela ria do rosto dele. Por um sólido momento, todos do salão a fitaram fixamente, hipnotizados. Se algum deles tinha dúvidas quanto sua beleza, elas foram sanadas naquele instante.

Com os olhos semicerrados, o sorriso brincalhão e as bochechas levemente rosadas, Amelie parecia uma pintura. O vestido de tule a enrolava com uma delicadeza majestosa, como um sonho embala uma mente cansada. Os longos cachos desciam pelas suas costas em uma cascata dourada, refletindo a luz branca.

- E, por fim, a brilhante Amelie Cloverfield!

Os olhos dela se abriram com surpresa ao ouvir seu nome, então o momento angelical e calmo acabou. Ela sentiu o suor frio escorrer pela palma das mãos enquanto a luz a cegava por completo. E ela ficou lá, parada, cega, por aquele instante que pareceu não acabar nunca.

Quando a luz finalmente se apagou, a primeira coisa que Amelie pôde ver foram olhos. Olhos castanhos e tristes, diretamente a sua frente.

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