Algum tempo tinha passado, apesar de Amelie não conseguir medir o quanto. Tinha sido arrastada de um lado para o outro pela mãe, que a apresentou para praticamente todos os jovens solteiros do salão. Ela tinha caminhado tanto que toda a sujeira do salão ficou grudada na barra de seu vestido.
Ela respirou fundo, o ar da noite consideravelmente gelado. Não o suficiente para fazê-la desejar um casaco, mas ainda capaz de esfriar os seus pulmões.
- Amelie, chuchu, cadê você? - A mãe bradou de dentro do salão. Mesmo com o burburinho dos convidados sua voz era ouvida bem alta e clara.
Amelie se encolheu mais na a parede do lado de fora do baile, prendendo a respiração quando viu a sombra da mãe se instalar na varanda a sua frente.
- Ora, Senhor Torres, que susto o senhor me deu!
- Perdoe meu descuido, Senhora Cloverfield. Vim para tomar um pouco de ar.
- Sim, entendo... - a mãe murmurou - Bem, então não lhe perturbarei.
Amelie suspirou de alivio quando viu a sombra da mãe se afastar.
- Pode sair agora... - A voz masculina falou.
Ela timidamente espiou pela parede. Elias a olhava com uma taça de vinho na mão, os braços cruzados e um sorriso travesso no rosto pardo.
- Como sabia que eu estava aqui? - Amelie indagou, ainda meio escondida.
- Não sabia. Foi só um palpite de sorte.
Ele saiu para a sacada, andando lentamente pelo piso de pedra polida. Apoiou os braços da cerca de pedra e inspirou profundamente.
- Por que está se escondendo de sua mãe, senhorita?
- Ela quer que eu me case com um dos aliados comerciais da família.
- E qual é o problema? - Ele a olhou sobre o ombro.
Amelie estava com as costas nuas apoiadas na parede de pedra fria. Olhou para o céu, ricamente estrelado pela distância da cidade grande. Viver em uma ilha tinha algumas vantagens, e aquela era definitivamente a mais bonita.
- Você já sentiu que nasceu no tempo errado? Quer dizer, eu amo muito minha família, claro, mas... sei lá...
Elias se virou para ela.
- Todo mundo se sente assim vez ou outra. É perfeitamente compreensível.
- Você acha? - Ele acedeu.
- Eu sei.
Mais uma vez virou para fitar o mar. A sacada, fria e solitária, oferecia a vista para o mar mais limpo e estupendo que Elias já tinha visto. Os peixes coloridos passeavam tranquilamente entre os pedregulhos, amontoados perigosamente próximos a beirada do terraço.
- É estupendo. Sem dúvidas a melhor vista do mundo... - Ele exclamou sem fôlego.
Amelie se aproximou dele, olhando pela imensidão do mar a sua frente.
- Está enganado. - Falou simplesmente.
- Estou? - Ele ergueu uma sobrancelha.
- Está.
- Então prove.
Ela pensou por alguns instantes, checando o perímetro duas ou três vezes. Depois, enlaçou os dedos finos no pulso do homem.
- Venha rápido, antes que sejamos vistos.
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Mais Uma História de Amor
Chick-LitA personagem principal desse conto é Amelie, a herdeira de uma enorme empresa de exportação, que é submetida, junto a suas duas irmãs gêmeas, a um casamento forçado. Entretanto, uma reviravolta acontece quando ela e seu suposto marido se apaixonam e...