Capítulo 1

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Marissa narrando

"- Deixe suas coisas próximas a você, durma com um dos olhos fechados e o outro aberto, não se esqueça: isso não é um acampamento de férias. Boa sorte. – Disse como se falasse isso a todos chegavam no abrigo.
Ela era alta, com grandes olheiras, e aparentava ter uns 48 anos.

Quando saiu, me vi segurando a mão de meu irmão Guilherme , na outra mão com algumas sacolas de roupas, parada em frente a um beliche. O pequeno aparentava estar assustado -assim como eu- então me senti na obrigação de dizer algo.

- Ei, olhe para mim- segurava calorosamente seus braços- Vai ficar tudo bem. Você apesar de ter somente 5 anos é um menino muito forte. Onde quer que a mamãe e o papai estejam, eles gostariam de nos ver enfrentando tudo de cabeça erguida.

- Nós poderíamos estar junto com eles no carro – ele diz de cabeça baixa

- Mas não estávamos – dei-lhe um abraço e sentei na cama- Venha, deite e tente dormir- passei minha mão pelo colchão tentando despertar interesse naqueles olhinhos cor de mel

Ele sentou-se e ficou observando o local.

Tinham várias crianças e adolescentes, afinal era um abrigo. As paredes eram claras, com algumas manchas de infiltração. Possuía vários beliches, e todos estavam ocupados. As pessoas dormiam profundamente, só tinha eu e meu irmão acordados.

Coloquei a sacola, com roupas minhas e dele na minha cama, especificamente embaixo do meu travesseiro, para assim como a mulher nada simpática disse, não serem roubados. Quando estava subindo na parte de cima, ele diz:

- Marissa, fique comigo, estou com medo-fala deitado, todo encolhido.

- Claro."

Sou despertada de meus pensamentos com uma mulher entrando na loja que trabalho.

-Em que posso ajudá-la? - digo tentando parecer o mais simpática possível

-Estou procurando um presente para minha sobrinha. Quero um brinquedo bem legal! Você sabe... As crianças amam- ela ri muito animada

-Ah claro! Posso ajudá-la a achar o presente perfeito...

Encontro um brinquedo interessante, mostro a ela, e a mesma compra sem pensar. Deixando-me sozinha com meus pensamentos novamente.

Minha vida nunca foi muito fácil. Aos 14 anos, eu e meu irmão perdemos nossos pais em um acidente de carro, tendo então que ir para um orfanato. Foram os piores 4 anos da minha vida.
Guilherme, não entendia muito bem o que estava acontecendo, pois só tinha apenas 5 anos na época. Foi isso que me fez ser forte. Fui forte por ele.

Bom, atingindo a maioridade, pude tirar-nos de lá. Mas adivinha só? A vida não tem sido fácil DE NOVO

Trabalho o dia todo em uma loja de esquina, onde vende brinquedos. Não estudo, por mais que queira.
Sempre soube que não seria fácil entrar em uma faculdade, mas pelo menos acreditava que teria chance.

Nunca fui aquela menina que tinha tudo, minhas roupas eram básicas, nada de marca, somente o que meus pais podiam pagar. Meus sapatos eram gastos por ter de andar sempre até a escola. Em casa, tínhamos na geladeira e nos armários, só o necessário para viver, nada de excedente. Nosso carro era usado, e barato, somente para meu pai poder se transportar do trabalho para casa.
Já que minha mãe não trabalhava, ficava cuidando de nós. Mas mesmo assim não deixava de contribuir com algum dinheiro, pois o que meu pai ganhava não era suficiente para todas as contas.
Eu sempre nos finais de semana, cuidava da filha da vizinha, e de segunda a quinta, passeava com os cachorros de um outro vizinho. Tudo em troca de alguns trocados, para poder ajudar em casa também.
Por mais que trabalhássemos tanto, éramos felizes, conseguíamos viver confortavelmente, e sempre tínhamos tempo para nos amar, o que papai achava muito importante. Mas tudo se perdeu em um acidente de carro. Em um maldito acidente de carro!

Lembro que no dia em que tudo aconteceu, meu pai havia conseguido uma promoção em seu emprego, então pela primeira vez decidiram sair para comemorar, nos deixando em casa sozinhos, onde prometi que cuidaria do meu irmão , e que eles deviam aproveitar, pois já tinha 14 anos e sabia me virar sozinha. Saíram muito alegres de casa, prometendo que voltariam até as 23h, mas eles nunca voltaram...

Agora, com 19 anos, tento pagar o aluguel e as despesas do apartamento, sobrando dinheiro para quase nada. Mas o que me faz levantar todos os dias da cama, é o Gui, sei que tenho que dar o meu melhor para ele ter uma vida mais feliz. Isso me motiva a continuar...



Bom gente, essa é a minha primeira história aqui no wattpad, peço que deem um desconto para qualquer errinho. Com o tempo vou aprendendo ksksks.
Não esqueçam de deixar seu voto e comentar!
Bjsss😘❤️

O que restou de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora