Após perder os pais em um acidente de carro, e ter que passar quatro anos em um orfanato, ao lado de seu irmão menor, Marissa sai de lá e tem que enfrentar os problemas da vida.
Tendo que sustentar-se e cuidar de seu irmãozinho como se fosse seu pr...
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Marissa narrando:
Após deixar Guilherme na escola, vou direto para o trabalho. Estava tão cansada que demorava até para falar. E eu realmente não sabia como estava o humor de Dylan, ou se ele se lembrava do que houve na festa. Espero que a resposta seja não. Poder fingir que nada aconteceu, seria ótimo, tanto para mim quanto para ele. Mas uma coisa é certa: ele deve estar com muita ressaca.
Assim que chego na empresa, cumprimento Aline com um sorriso. Depois daquela mini discussão que tivemos, fingimos que nada aconteceu, e nos tratamos normalmente, mesmo eu ainda sentindo uma ponta de "ódio" vindo dela.
Entro no elevador e vou até o último andar. Quando as portas abrem, caminho até minha mesa, onde coloco a bolsa e sento ofegante.
Pois é, andar de ônibus para lá e para cá, cansa! Ainda mais com a cabeça a mil.
Respiro fundo, ligo o computador e depois de me certificar de que tudo estava em seu lugar, levanto para avisar que cheguei ou até perguntar se Dylan precisava de alguma coisa. E devo admitir que fazer isso talvez tenha sido a ação mais difícil do meu dia. Não queria olhar para ele, pois tinha certeza que em questão de segundos minhas bochechas ficariam roxas.
Bati uma vez na porta de madeira.
- Pode entrar. - Ouço sua voz vindo de dentro da sala.
Assentindo ao seu pedido, adentro o local dando de cara com ele vidrado na tela do computador. Céus! Realmente Dylan parecia muito podre. Suas olheiras estavam em uma proporção jamais vista. Achei que pudessem ser duas grandes almôndegas. Talvez tenha exagerado, mas para uma pessoa que está impecável todos os dias, uma olheira é muita informação. Fora isso, meu chefe estava perfeitamente normal. O terno chique de sempre, cabelo bem arrumado e cheiroso até demais.
Pigarreio.
- Bom dia, senhor. Deseja alguma coisa? - Finjo disciplina ainda perto da porta.
- Na verdade, sim. Sinto muito por ter estrago a festa ontem. - Diz sério, mas sinto um ar de arrependimento em suas palavras. Dylan pedindo desculpas é novidade para mim.
O que ele quis dizer com "estragado a festa"? A briga ou o que aconteceu depois disso?
- Tudo bem. - Sorrio com um pouco de relutância. - Mais alguma coisa?
- Não. - Desvia o olhar novamente para o computador.
Ainda bem!
Quando me viro para sair, ouço sua voz novamente. Agora um pouco mais sútil e baixa:
- Espera... - Passa a mão nos cabelos como se estivesse pensando no que falar. - Sobre o que eu disse para você no quarto, é mentira. Só estava extremamente bêbado e falando coisas que na verdade não sinto. - Seu olhar torna-se pesado novamente.
