Segundo Ato - Engano - Cena 1
O choque inicial deu lugar a um sangue tão quente que tinha virado lava correndo nas veias. Eu me sentia completamente vermelha e em brasa, mas não era de vergonha. Tinha certeza que até meu pescoço tinha manchinhas avermelhadas e minhas mãos ficariam roxas se eu continuasse mantendo meus punhos tão apertados. Bufante marcho com rapidez até a lixeira, desejando ter um isqueiro pra colocar fogo em tudo aquilo. Ou um coquetel molotov a postos pra esse tipo de emergência. Porém, na falta das minhas duas primeiras opções usei minhas próprias mãos. Primeiro arranquei os dois cartazes com toda minha ignorância, sob os olhares cuidadosos do refeitório inteiro e suas risadinhas debochadas, rasguei os papéis e amassei junto ao meu corpo. Todo meu show parecia divertir quem quer que estivesse ali, então furiosa dei um chute na lata de lixo, espalhando tudo pelo chão limpo.
- Vadia é a puta que pariu! Seus imbecis subdesenvolvidos – falo ríspida, conseguindo silenciar a maioria.
Meu olhar raivoso recai sobre algumas pessoas sentadas nas mesas mais próximas e eu sequer reconheci nenhum rosto. Nem sabia quem eram a maioria daquelas pessoas, mas agora todas elas me conheciam.
Sem ao menos ter chegado até a cantina, saio de lá sentindo cem pares de olhos nas minhas costas. Desço os degraus correndo e procuro a lixeira mais próxima pra agora me desfazer dos cartazes picotados. Amasso tudo mais umas dez vezes, antes de jogar no fundo daquela lata que cheirava comida velha. O que tinha tudo pra ser um dia ótimo, agora havia sido arruinado. Eu nem tinha mais cabeça pra continuar no campus.
Saio da faculdade com um pensamento simples e contínuo:
Que ódio! Que ódio! Que ódio! Que ódio!
(...)
Não adiantou discutir com Patrick. Ele só arranjava mais desculpas para tentar sair comigo.
Não adiantou tirar satisfações com Jacob. Ele jurava de pés juntos que não tinha nada a ver com aquilo.
Não adiantou quase bater na Bianca. Ela continuava rindo da minha cara, afirmando que "infelizmente não teve a ideia de fazer isso primeiro".
No final das contas poderia ser qualquer um ou nenhum. E sabe-se lá se aquilo fazia alguma diferença agora. A história sobre "a vadia de Auckland" já tinha tomado proporções muito maiores do que quem quer que tivesse começado os rumores. Estava circulando por todos os corredores, do prédio de exatas ao de humanas, nas quadras esportivas e nos dormitórios. Talvez apenas o corpo docente estivesse de fora das últimas notícias. Ou seja, meus dias se tornaram um pequeno tormento.
Mas o pior de tudo era que Kim Namjoon tinha ouvidos.
- Estava usando alguém do seu passado? – o professor de produção de espetáculos pergunta assim que eu termino meu texto.
- Não. Achei que seria melhor não misturar nenhuma experiência particular. Quero que seja autêntico – respondo séria.
- Esse foi seu erro. – dita simplista – Usar sua imaginação estava ótimo quando você tinha apenas que decorar textos aleatórios. Agora você tem toda uma carga emocional de uma história inteira nas suas costas e você tem que me fazer acreditar que sente tudo que está dizendo. Que já passou por isso.
- Mas se eu conseguir interpretar as emoções qual a diferença professor Derian?
Ele era um britânico com um nome anglo-saxão bem incomum. Além de ter um sotaque engraçado e forte. Não que uma coisa tenha nada a ver com a outra, mas ele era meu melhor professor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ShortFics Feitas Para Durar - BTS
FanfictionUma série de pequenas histórias (shortfics) com os membros do BTS em diversas situações diferentes. contos de fadas; erros; suposições; diferença de idade; confiança; Inspirações reais com garotos incríveis.