Realidade

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Young observava o braço arroxeado debaixo da água fria que corria por seu corpo. Fechou os olhos. O braço fora uma marca deixada por Seung, quando tentou segurá-lo no hospital, os chupões em seu pescoço e os arranhões em suas costas, já eram provas de sua fraqueza emocional.

- Porra... – murmurou a garota encostando a cabeça na porcaria dos azulejos floridos do motel onde fora parar.

Respirou fundo. Saindo e pegando uma das toalhas... Quem sabe ele já tivesse ido embora... Demorara um bom tempo naquele banho... Ele já poderia ter desaparecido de sua vida novamente.

Abriu a porta.

O rapaz de cabelos vermelhos comia amendoins enquanto olhava com completo desinteresse um filme pornô que passava na TV.

Suspirou.

Não tivera tanta sorte. Merda.

Olhou ao redor, procurando suas roupas...

Quando saiu do hospital, naquele dia infernal, com uma puta dor de cabeça – presente de seu querido líder – o encontrou esperando dentro de seu carro. Quase teve um ataque de fúria. Como ele ousava entrar no seu carro?

"- Mas, eu avisei que viria." – ele respondeu com um sorriso desgraçado.

Estava cansada, ele a convenceu – como sempre – que queria apenas conversar. Acabaram na droga do motel, e agora, ali estava ela, procurando a porcaria das roupas.

"Onde tá a merda da calcinha?" – se questionou olhando ao redor.

Caralho.

Cacete.

Quando ia aprender?

Achou a calcinha e colocou. Foda-se o sutiã ia embora dali sem. Já sentia os próprios olhos marejarem. Como se não bastasse à onda de infelicidade que Sangwoo estava passando, tinha de ser burra e fazer besteira...

"Que líder imbecil fui arranjar, não tá conseguindo nem disfarçar..." – refletiu por meio segundo, enquanto vestia a saia e a blusa.

- Já vai? – a voz levemente arrastada à fez fitar o rapaz que se esticava, preguiçosamente, em cima da cama.

- Óbvio. – respondeu o mais friamente que pode, procurando seus sapatos.

- Hm... Você deve estar exausta depois da confusão no hospital. – o ruivo sorriu: - Normalmente não para antes de pelo menos três... – disse pensativo: - Ou talvez, esteja ficando velha?

Ela atirou o sapato nele: - Quer calar a boca? É óbvio que eu estava cansada. Na real, exausta. Ainda estou e vou para casa! Sem mais "conversas" com você.

Ele riu: - Você notou que atirou o sapato em mim? – deu um sorriso debochado: - E agora ele está comigo? – mostrou o dito cujo em suas mãos.

Porra. Às vezes, ela era muito burra...

Respirou fundo, pegando o resto de suas roupas, incluindo seu casaco e o sutiã, que achou em cima da cômoda, atirado. Bom, ficaria sem um pé do par de sapatos. Virou de costas e andou até a saída do quarto.

- Você queria saber por que eu voltei... Esqueceu?

Young hesitou, sabia que deveria sair daquele quarto e aquela era sua chance, se desse conversa a ele, algo ruim aconteceria... Sempre era assim... Mas... Por que ele voltou?

Fitou de canto o rapaz que comia mais um amendoim como se fosse a pessoa mais inocente do planeta.

Chris sempre fora uma incógnita. Quando namoraram, a conquistou, a usou, e quando contrariado, a largou sem pensar duas vezes. Ele era perigoso. Foi com ele que descobriu que era bobagem achar que ômegas eram ingênuos. Se havia um demônio na porcaria da Terra, esse demônio era ele. E ela não falava isso como metáfora. Já o vira fazendo muitas coisas...

Destinados...?Onde histórias criam vida. Descubra agora