— Lazima! O que fazes aqui? — Sumeya perguntou antes de ver as roupas que estavam sobre a cama, todas escangalhadas e sujas. — O que foi que fizeste com as minhas roupas? — Lazima constatou o quão desapontada a moça na sua frente estava.
— Eu não fiz nada. — Lazima tentou explicar. — Quero dizer, eu não sabia que eram tuas. Não fiz de propósito. —
— Não sabias? — Sumeya sentiu a raiva subir através da sua espinha dorsal. Nunca pensou que Lazima fosse fazer uma coisa igual. Por acaso pensou que aquela briga que tiveram fosse passar com o tempo. Mas agora estava claro que para Lazima estava muito mais serio do que ela imaginava. — Que tipo de pessoa és tu? —
— Perdoa-me. Eu não queria sabotar-te, foi Sara que me puxou e rasgou. — Sumeya apenas olhou incrédula.
— SAI! — Sumeya ordenou.
— Eu não queria que tu te tornasses uma Ikbal, mas eu nunca ia sabotar-te. — Lazima explicou, mas logo entrou no quarto o Eunuco, atendendo ao chamado da companheira de quarto de Sumeya.
Lazima sentiu o peso da bofetada antes que pudesse se aperceber do movimento de Ishmail Agha. — Sabe o quanto um vestido daqueles, custa? Custa mais do que a sua mísera existência. — Não que causaria qualquer maior dano aos cofres do palácio. Mas esfregar aquela informação na cara de quem quer que não podia comprar um daqueles por si próprio, era necessário.
— Isto é um harém. Não é um campo de batalhas. Eu faço as decisões e tu, aceitas. — Valide cuspiu as palavras sem deixar campo para protestos.
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— O que foi que fizeste? — Gulsum Kalfa perguntou ao ver a moça a chorar no canto da sua cama.
— Eu não sabia que era dela. Sara fez-me acreditar que era uma roupa dela. Eu ia tirar da mão dela, e rasgou-se. — Lazima explicou entre os seus soluços.
— Ya Alá (O meu Deus). Não enerve a Valide. — Gulsum Kalfa acariciou o seu rosto. — Siga o meu conselho e não se meta com as demais. Ser odalisca pode ser fácil, mas também estamos propensas a injustiças iguais. Se distancie dela. — Lazima apenas abanou a cabeça.
— Sumeya?! — Sara chamou ao entrar no quarto.
— O que quer? — Sumeya perguntou, deitada na cama pensativa.
— Conversar. Ouvi o que aquela dai fez com as suas roupas. Ela é uma invejosa. — Sara aproximou-se devagar e sentou-se a cama mesmo sem ser convidada. A olhou por algum tempo sem dizer nada.
— Não me diga! Ela disse-me que foi você. — Sumeya se sentou, olhando para a Ikbal que vestia a sombra de um sorriso nos seus lábios.
— Por favor. — Sara revirou os olhos. — E tu acreditaste. — Sumeya riu por entre os dentes. — Mesmo apôs ela ter-te rogado praga por seres uma Ikbal. Tem uma razão pela qual, nós ikbal não nos metemos com essa gente, tem inveja que somos mais próximos da Valide, do que delas. Agora que foste escolhida, és uma de nos. E tu sabes bem que somos unidas. Se és uma de nós, tem a nossa proteção. —
— Sara. — Gulsum Kalfa chamou ao entrar no quarto. Ela logo levantou-se e deu um leve sorriso a Sumeya. — O que faz aqui? —
— Conversar. — A Ikbal deu de ombros.
— Sumeya tem de se preparar. — Gulsum Kalfa informou com um olhar meio irritado.
— Boa sorte. — Sara desejou a Sumeya, mas quando ia sair Gulsum Kalfa pegou a sua mão e viu as manchas de tinta. Sara logo retirou a sua mão da de Gulsum Kalfa e a deu um olhar frio antes de sair. Gulsum Kalfa abanou a cabeça, desapontada. Pode comprovar que Lazima não mentia.
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A Rainha do Harém [Desgustação]
Historical FictionDisponível no Amazon Kindle. Pelo preconceito de sua pele escura como carvão, e seu cabelo rijo, reguila, Lazima talvez nunca seria a Imperatriz de um dos maiores impérios da historia. Mas talvez seria a mais falada nos solos daquele palácio da ex...