— Sara notou que vínhamos da mesma área e até falávamos a mesma língua. Na altura ela já se preparava para ser uma das Ikbals, já havia sido escolhida. Foi aí que ela me contou tudo, e ela julgou ser uma boa ideia, que nós, somente tínhamos de ser as favoritas, ela fez uma trama contra Tamara, a única que até hoje teve um filho homem do sultão, um menino lindo de cinco anos agora. — Sumeya sorriu ao contar.
— Já vi ele brincando no pátio. — Lazima sorriu.
— Quando eu a confrontei, ela afastou-me e depois pôs todos contra mim. Ela tem uma facilidade de manipular todo o mundo. Jamal é apenas mais uma das suas artimanhas, são muito amigos, e ele nunca queixa a Valide das coisas que ela e as amigas dela fazem. Dum momento para o outro todo o mundo odiava-me. Por isso que eu estava só, antes de si, quase um ano aqui e não tinha com quem falar. Por isso alegro-me imenso por ter-te como amiga. —
— Ela que não me tente. — Lazima garantiu. — E a ti também. Estarei aqui para lhe proteger. — Lazima a abraçou. — Eu vi aquele homem, e ele é superestimado, um bruto. Por isso que ele gosta dessa dai, eles se merecem. — Sumeya apenas se riu ao ouvir Lazima falar com tanta firmeza. — Tu mereces um príncipe bem bonito e gentil que irá tratar-te como uma princesa; não tens de tranquilizar-te com menos disso. —
— Somos afortunadas do nosso próprio jeito. — Sumeya falou e levantou o seu dedo mindinho. — Que se dane o sultão. — Lazima olhou confusa, sem entender o que ela queria dizer com aquele sinal.
— Tem de fazer assim, uma jura. — Ela pegou na mão de Lazima e mostrou.
— Que se dane o sultão. — Lazima prometeu. Aquela era promessa que as manteria juntas, mesmo com o harém que se virou contra as duas, assim como Sumeya antecipou; elas tinham uma a outra e fazia tudo menos pesado de carregar.
Jamal guardava o caminho, parado vestia um semblante serio demais, tinha o seu bastão seguro firme na sua mão direita, este que ia até à altura do seu ombro. Os seus trajes eram os usuais de trabalho e na cabeça um cofia vermelho. Lazima se aproximou esguiamente, o observava e estava prestes a confrontar-lhe pelo fato de ele a ignorar ultimamente. Desde que falou com Sara mudou drasticamente e vinha a criticando por tudo e por nada.
Ela notou quando o seu semblante mudou de uma vez, os seus olhos brilharam e o seu sorriso formou um arco jubilante. Ela não pode evitar olhar na direção que os seus olhos se fixaram de forma hipnótica. Sara arrastava o seu vestido pela ala que ia dar ao hamam, andava devagar e com muita classe na companhia das suas homologas, trocavam ideias e sorrisos, mas não foi difícil se aperceber que um daqueles sorrisos, veio acompanhado de um piscar de olhos na direção de Jamal. Independentemente do feitiço que a naja lançou para o eunuco, funcionou muito bem. Lazima se aproximou devagar e encostou-se no pilar de braços cruzados.
— Habari yaku? (Tudo bem?) — Lazima perguntou-lhe e ele simplesmente fechou o seu rosto e sem olhar para ela fingiu não ter ouvido. Lazima não se deu por vencida e andou até mais perto dele. — Je, ni msefu? (Está surdo?) — Ela insistiu, parando em frente dele, pôs as mãos na cintura e olhou-lhe intenso nos olhos, mesmo que ele estivesse a olhar para frente sem piscar o olho. — Existe alguma razão particular pela qual me ignora ou é simplesmente porque aquela naja disse-te para não falares comigo? — Lazima questionou, ganhando a sua atenção logo a seguir. Jamal amarrou rugas.
— Naja? — Procurou saber. Sabia de quem ela se referia. Só não sabia por que chegou àquela conclusão; mas Lazima ia o deixar saber se ele perguntasse.
— Sara. — Lazima foi direta. — Desde o dia em que ela gritou connosco para ficarmos em silêncio, porque não suportava a felicidade alheia, tu ficaste assim. — Pelo rosto de Jamal, Lazima podia ver que ele não gostou nada do comentário. Talvez fora porque chamara a sua dona de naja ou, porque a verdade dos fatos não era tão oculta assim como ele pensava. — Fala logo! — Ela ordenou, mostrando na sua expressão facial que estava pronta para o que for.
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A Rainha do Harém [Desgustação]
Ficción históricaDisponível no Amazon Kindle. Pelo preconceito de sua pele escura como carvão, e seu cabelo rijo, reguila, Lazima talvez nunca seria a Imperatriz de um dos maiores impérios da historia. Mas talvez seria a mais falada nos solos daquele palácio da ex...