Capítulo 4 ✔

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Balanço a cabeça freneticamente para expulasar esses pensamentos. Agora é foco total em surfar! Em cima da prancha, sentanda esperando a onda, avisto uma. Sorrio de lado e nado em direção a mesma me colocando de pé na prancha e sentindo a mesma balançar com o movimento da água. Ao longe, avisto o pessoal e eles me acenavam e assobiavam sem parar.

A brisa refrescante que o mar transmitia, beijava meu rosto e remexia meus cabelos castanhos soltos, agora húmidos. Os salpicos do mar que me atingiam, embora pequenos, transmitiam paz e confiança. Fecho os olhos e vou manobrando na prancha e quando dou por mim, estou num túnel de água.

Microfone: E lá vai a Rainha das Ondas, dentro do túnel!

Ok, então não é uma alucinação!

Me agacho um pouco na prancha, devido ao tamanho do túnel, e quando já estou perto do fim do mesmo, uma espécie de mão feita de água empurra meu corpo e eu caio da prancha entrando, dessa vez, completamente na água, mas algo que surpreendeu, foi não estar com nem um pingo de medo. Era como se eu já esperasse por isso. Minha prancha começa a subir para a superfície e me puxa junto com ela, mas eu automaticamente, tiro o fio preto que enrolava o meu tronozelo e me unia a prancha.

Logo depois, como se meu corpo só estivesse a espera de eu retirar a fita negra, as escamas brancas azuladas começam a aparecer em torno da minha cintura, começando do umbigo. Algo envolve minhas pernas, como se fosse a própria água a fazer uma espécie de fita elaçada em volta das minhas pernas, e a medida que ela sumia, de cima para baixo, as escamas apareciam preenchendo minhas pernas fazendo elas se unirem.

Na parte superior da minha, sei lá, da minha... Cauda? Tinha uma espécie de coroa dourada, como um arco, que rodeava toda a extensão da minha cintura.

- O que está acontecendo? - quase grit... Um minuto. Eu estava falando embaixo de água? Isso não é possível,... Ou é?

Novamente olho para onde estavam minhas pernas á um segundo atrás e... Oh meu Deus, eu sou uma... Sereia?
Mas, eu cresci na Terra, embora sempre tenha tido uma atração indescritível pela água do oceano. Sorrio, e sem pensar, desato a nadar como se aquilo já fizesse parte de mim a muito tempo e eu já soubesse como usar a minha... Cauda.

Quando tento ir para a superfície, é como se a água prende-se a minha cauda e me puxa-se para baixo me fazendo afundar. Insisto em subir, mas mais uma vez, ela me puxa até que desito.

- Melody Hetter, vem até mim, Melody, vem até mim! - uma voz por mim conhecida, chama um nome estranho, mas é como se eu o conhessece a anos. Sem pensar, eu nado até onde a voz me guia - Rápido, vem até mim! - a voz insistia e eu, aguçando meus sentidos, consigo sentir que a voz estava perto. Olho lara baixo e vejo uma mulher de cabelos negros como a noite, olhos castanhos dourados, como se tivessem a cor de ouro, um corpo escultural, lábios finos e avermelhados, e carregava um sorriso terno no rosto, e algo que me chamou a atenção foi a corrente dourada com uma medalha em dorma de tridente, que ela carregava no seu pescoço fino e delicado.

Como um Flashback, minha mente acaba por aterrar numa espécie de mundo paralelo. Eu estava num castelo deitada na cama, levantei e saí correndo, e sim, no castelo não tinha gravidade, eu estava com pernas, quando uma mulher entrou no quarto e eu abracei as suas pernas fazendo a mesma se desiquilibrar e cair sentada e juntas começamos a rir. Ela se levanta e me pega no colo, fazendo carinhonna minha cabeça.
Eu apenas sorri e toquei na corrente dela, na corrente da minha... Tia...

- Melody? - sua voz calma, suave, delicada e calorosa.

- Desculpe, deve estar me confundindo! - digo nadando para perto dela.

- Não estou não, pequena Mel!

- Pode me dizer quem é e o que aconteceu comigo? - digo calma.

- Eu sou sua... Sua tia, Arícha! - ela diz meio cabisbaixa e do nada a mesma imagem que apareceu em minha mente tempos atrás reaparece.
Sinto meus olhos arderem enquanto as lágrimas surgiam em meus olhos querendo rolar.

- Era você? Era você na minha visão,... Tia... Tia Arícha? - sussurro a última parte já sentindo as lágrimas rolarem. Era ela que me acarinhava nas noites, era ela quem me penteava os cabelos e me levava a passear, eram essas as imagens que apareciam em minha mente. Ela a tratar e cuidar de mim.

- Você, você lembrou Melody! - ela diz e agora eu lembrava de todos os momentos que ela me chamava para passear durante o dia. Eu via centenas e milhares de sereias e tritões a nadarem de um lado para o outro.

- Sim... Tia, eu, me recordo. - digo e num impulso nado até seus braços me colocando a chorar neles. Ela, tal como fazia antigamente, começou a acariciar meus cabelos que flutuavam com o movimento da água e me apertou contra si.

- Senti tanto a sua falta, Mel! - ela diz e eu fecho os olhos sentindo o seu toque delicado em meu rosto, que já fazia falta.

🔸🔹🔸

Depois do nosso momento, eu a olhei e ela sorrio ternamente para mim.

- Mas... E, e minha mãe, o que aconteceu com ela? Porque eu não me lembro de nada?

- Melody, sua mãe esta presa no Reino Obscuro, o reino do seu... Pai, e você, é a única que a pode salvar! - ela diz séria.

Como ela me vem com essa bomba relógio assim do nada?

- Mas, porque é que meu pai faria isso?

- Porque ele é o pior feiticeiro alguma vez visto no mundo aquático, ele... Já não é memo. - ela diz e nos seus olhos eu podia ver dor amontuada querendo explodir.

- Mas, eu não sei o que fazer, eu sou apenas uma garot..

- Você é Melody Hetter, minh sobrinha, Herdeira do Trono, Rainha, Guardiã e Protetora de todo o mar!

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