Capítulo I

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Meu nome é Solange Vilela, tenho 32 anos e sou bióloga marinha. A dez anos moro na Austrália onde trabalho em uma ONG de preservação da vida marinha e na universidade de Sydney, no centro de pesquisa onde atualmente estudo os impactos do plástico nos oceanos e na vida marinha.

Sou casada a sete anos com o australiano mais bruto e ogro, Chris Walker

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Sou casada a sete anos com o australiano mais bruto e ogro, Chris Walker. Nós conhecemos na ong onde trabalho ele é fotógrafo e cinegrafista de vida marinha. Em um dos documentários que a ong estava promovendo ele foi escalado para as filmagens.

Foi atração sexual, desejo e uma paixão ardente

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Foi atração sexual, desejo e uma paixão ardente. Tudo em uma única dose. Logo o sexo casual e diário se transformou em namoro e um ano depois estávamos casados. Tudo rápido e descontrolado. Como nós somos.

Mas as coisas mudam e o Chris também mudou. A dois anos ele passou a se distanciar. Passava meses em projetos no exterior. Cada dia nos víamos menos. Não conversávamos e o sexo era cada vez mais raro. Quando estávamos juntos tudo era motivo de briga.

E assim ainda estamos levando. Já são dois anos nessa situação.

Eu me pergunto: por que ainda estamos vivendo isso? Por que não damos um ponto final nisso? Os motivos dele eu desconheço, mas os meus eu sei, eu o amo aquele idiota na mesma intensidade que o odeio.

Estou chegando no cais onde o barco me espera com a minha equipe de biólogos e outros especialistas. Hoje vamos recolher algumas amostras de resíduos que foram fotografados recentemente  próxima a uma área que serve de berçário para muitas espécies, temos algumas hipóteses do que pode ser mas precisamos averiguar de perto.

— Tá atrasado Sol — diz Michael, meu melhor amigo e biólogo também.

— Eu sei, eu sei, me desculpe mas estão todos aqui já? Podemos ir então? — pergunto entrando no barco.

— Ah, Sol… eu esqueci de te avisar uma coisinha — diz Michael com as mãos nos meus ombros e uma cara de quem está escondendo algo de mim que vai deixar muito brava — Eu juro que não sabia que ele vinha, na verdade ninguém sabia nem que ele tinha voltado… — tenta continuar mais ele é interrompido por uma voz que eu conheço muito bem e não ouvia a muito tempo.

— Bom dia minha querida esposa — era só o que me faltava.

Na minha frente está o dono dos meus sonhos e pesadelos e ele parece ainda mais gostoso do que me lembrava.

— Oh, mais que honra saber que você ainda se lembra que tem uma — digo me aproximando dele — Pelo menos no papel você ainda tem uma — paro bem a sua frente o encarando de braços cruzados.

Nossa diferença de tamanho sempre foi nítida, mas depois de tanto tempo sem vê-lo, ele parece ainda mais alto do que me lembrava. Ele está diferente também, mais forte e com novas tatuagens.

Ele me olha tão atentamente e profundamente sem me dizer uma palavra. Ficamos nos olhando até que me dou conta de onde estamos.

— O que faz aqui, Chris? — pergunto a ele desviando o olhar

— Eu ainda faço parte dessa ONG e me preocupo com os projetos dela — diz ele.

— Ninguém sabia onde você estava, cada dia um lugar novo não é? Vivendo uma vida sem nada ou alguém que te prenda — digo sentindo o meu coração se apertar a cada palavra, dói tanto saber que nunca serei suficiente para ele — De qualquer forma, é bom saber que você foi embora mas deixou algo em Sydney que tem importância para você.

Digo e sigo para parte de baixo do barco, deixo ele para trás o mais longe possível de mim naquele momento. Eu só queria ser feliz com o homem que amo, mas que amor é esse que abandona e faz o outro sofrer sem saber o que está acontecendo.

Série - Contos de Amor e Viagem: SydneyOnde histórias criam vida. Descubra agora