Capítulo III

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• Solange Vilela •

Já faz dois meses que Chris voltou. Dois meses que a minha vida virou um inferno. Chris voltou completamente diferente, ele não se parece em nada com o homem que me apaixonei. Está frio e amargurado. E sempre soltando indiretas sobre infidelidade da minha parte ou que sou uma mentirosa. É demais vindo do homem que abandonou a própria mulher sem nenhuma explicação no melhor momento da vida de um casal.

Ele pediu o divórcio e hoje temos uma reunião com os advogados para tentar um divórcio amigável. Nos casamos em regime de comunhão universal de bens, ou seja, eu tenho direito a tudo o que é dele, mas eu não quero nada além de me ver livre dele.

Acabo de chegar no escritório do seu advogado acompanhada da minha advogada. Nós apresentamos a secretária que avisou da nossa chegada. Logo pediu para que seguíssemos ela até a sala de reuniões.

A primeira visão que tenho ao entrar é de Chris em pé na sala vestido um terno. Ele sempre ficou lindo de terno.

— Bom dia, Sra Walker, prazer em conhecê-la, sou Jordan Belfort, advogado do Sr

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— Bom dia, Sra Walker, prazer em conhecê-la, sou Jordan Belfort, advogado do Sr. Walker — me cumprimento o advogado.

— Bom dia, Sr. Belfort, se tudo der certo a partir de hoje não serei mais a Sra Walker então me chame de Sra Vilela — digo olhando para Chris que olha atentamente cada movimento meu.

Depois das apresentações o Sr. Belfort nos convida a sentar a mesa. Até o momento Chris não dirigiu uma palavra para mim. Isso é bom, pelo menos ele não está destilando seu ódio gratuito.

— Bem, hoje nós apresentaremos os termos do acordo do divórcio — o Sr. Belfort começa falando  — Como é de conhecimento de todos o casamento se deu em regime universal de bens então a Sra Vilela tem direito… — o advogado é interrompido por Chris.

— Ela não tem direito a nada, já conversamos sobre isso, essa vagabunda golpista não vai levar nem um centavo meu —  grita Chris apontando o dedo na minha cara.

— Se o senhor não foi orientado, querendo ou não, a minha cliente tem o direito a metade de tudo o que pertence ao senhor — diz a minha advogada.

— Por favor, vamos manter a calma, certo — sugere o advogado de Chris — Sr. Walker, nós já conversamos sobre isso, por favor, mantenha a calma — orienta o advogado.

Chris está irreconhecível. Ele parece um homem transtornado. Eu não sei o que dizer. Ele nunca gritou comigo, isso não parece em nada com o homem que fui casada durante tantos anos.

— A nossa proposta é que a senhora Vilela fique com a casa das montanhas, a cobertura, uma mesada de… — mais uma vez Chris interrompe o advogado.

— Eu contratei você para dar todo o meu dinheiro a essa golpista? Eu prefiro queimar todo o dinheiro, derrubar cada maldita casa, vender todas as ações, qualquer coisa a dá o que é meu a essa vagabu…

O som de estalo forte corta a sala. É o som do tapa que dei na cara de Chris. Meu rosto já está coberto em lágrimas, enquanto ele tem o rosto vermelho com a marca dos meus dedos gravados em sua face. Seus olhos estão em brasa e ele bufa como um touro.

— Você nunca mais ouse me chamar de vagabunda ou golpista. Você é um covarde que me abandonou quando eu mais precisava de você. Eu fiz tudo por você, tudo! E você me abandonou aqui, sozinha, como um covarde que você é. Eu vivi um inferno e agora você volta como se a culpa tivesse sido minha quando o único culpado é você. O único culpado aqui é você! Eu te odeio com todas as minhas forças e  como eu nunca vou odiar outro ser humano. Você quer o divórcio? Eu te dou o divórcio. Você quer o seu dinheiro? Fique com ele, eu não preciso disso — minha advogada interfere e diz que não posso ceder facilmente.

— Não, Kristen, tá tudo bem. Eu vim aqui decidida a abrir mão de tudo, de cada centavo e é o que vou fazer. Eu não preciso de nada que venha dele, me mandem os papéis do divórcio que assino e podem fazer um documento para que eu abra mão legalmente dos bens, eu assino também — digo pegando a minha bolsa e olhando uma última vez para Chris.

— Me tirar o dinheiro não é nada comparado ao bem mais precioso que você me tirou a dois anos — falo saindo da sala.

Série - Contos de Amor e Viagem: SydneyOnde histórias criam vida. Descubra agora