3 YOUS & I

42º Capítulo - Risk it all

Se fiquei supresa? Talvez. Durante uns bons 5 segundos. Ou 2. Depois tudo o que se sucedeu foi uma enorme vontade de rir e foi o que fiz até já estar a chorar.

O Louis trabalhar numa ToyRUs era algo tão típico dele que dói. Mas, mais surpreendente era ele ter-me convidado a ir ter com ele à grande loja de brinquedos de Londres hoje.

Passaram algumas semanas desde que o vi na gelataria. Temos falado muito e cada vez conhecemo-nos melhor. Mesmo namorando com uma pessoa, nunca se conhece tudo nela. Cada dia que passa, eu descubro mais pequenos pormenores, que para qualquer outra pessoa não importariam, mas para mim, fazem toda a diferença. Descubro que o gelado preferido dele é menta com chocolate à segunda, descubro que sempre teve um desejo de saber dançar ballet, graças a graciosidade deste desporto, na terça. Descubro que responde tão rápido a mensagens quanto eu, na quarta. Sei que adora filmes de Star Wars na quinta. E ontem, descobri que trabalhava na ToyRUs. O que posso descobrir hoje sobre ele? Não faço ideia! E estou ansiosa para descobrir.

Abano a cabeça para voltar a cair na realidade e olho-me ao espelho, gostando do sorriso estúpido que tenho na cara. Demorei muito tempo a pensar no que vestir. Não podia ser algo digno de um encontro, porque isto não é um encontro. Somos apenas amigos, mesmo ele sabendo que eu ainda gosto dele. Como ainda não tive a confirmação que ele gostava de mim, como dantes, não posso pensar que isto seja um encontro. Mas, também não posso vestir uma roupa muito desleixada. Acabei por escolher o terceiro outfit que tirei do guarda-roupa. Uma camisola de malha simples e preta com as minhas adoradas, mom jeans. Não há nada mais confortável.

Não sei bem porque aceitei ir ter com o Louis à loja. Se ele está a trabalhar, o que poderemos nós fazer? O meu cérebro pode ser matreiro mesmo. Basta ele fazer-me uma pergunta, fico perdida nos olhos dele, e respondo que sim, sem saber ao que respondi. Por outro lado, o que pode correr mal?

Despeço-me da minha mãe e saio de casa e enfrento as ruas frias de Londres em novembro. Daqui a algumas semanas, iríamos ter um ensaio geral da peça de teatro em que os nossos pais e professores podem assistir. Confesso que já sinto o nervosismo no fundo da minha barriga, mas estou mais entusiasmada que assustada. Temos tido imensos ensaios, já sei as falas praticamente de cor e adoro estar em cima do palco com todos os meus colegas. Foi como criar uma pequena família naqueles ensaios de quinta-feira à tarde.

Entro dentro do autocarro, ainda tendo uma viagem de uns bons vinte minutos até chegar à loja. Abro a minha mala e tiro o guião e vou folheando páginas ao calhas. Até que paro numa que particularmente me agrada. "Meu único amor nascido do meu único ódio! Conhecido por acaso e tarde demais! Com esse monstro, o amor, brinca comigo. Apaixonar-me pelo inimigo."

Centro-me na parte do ódio. E volto a lembrar-me do Louis, como sempre. Quando o conheci não gostávamos nada um do outro. Lembro-me de ele ter sido muito arrogante para mim, quando eu apenas queria ser amiga dele. Lembro-me de quase o odiar. Mas não o conseguia odiar quando ele era terrivelmente giro. O Louis já me confessou que apenas estava a tentar afastar-me da confusão que ele é. "Mas que confusão?", perguntei-lhe eu na altura. Ele é o rapaz mais querido e calmo que conheço. "Nem sempre fui assim, Daisy" e tudo o resto foi esquecido, porque a maneira como ele diz o meu nome deixa-me maravilhada. Espero não parecer uma parvinha quando estiver perto dele.

Quem diria que chegaríamos aqui onde estamos? Perdidamente apaixonados um pelo outr- , interrompo a minha linha de pensamentos. Eu estou perdidamente apaixonada por ele. Ele, provavelmente, está com pena de mim, porque se apercebe que sem ele, não sou praticamente nada. Uma onda de tristeza atravessa-me o corpo.

Desde que o conheci a minha vida mudou imenso. Parece que tudo o que eu precisava andava escondido atrás dos olhos azuis dele. E eu apenas quero me perder e perder no fundo daquele manto gigante azul. Ah! , grito mentalmente. Não consigo de parar pensar dele nem por um segundo. O meu coração está constantemente a gritar LOUIS LOUIS LOUIS LOUIS. E a minha cabeça perde-se neste nome.