Prólogo

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Oito anos atrás...

Os primeiros raios de sol despontam no horizonte e as aves começam a se agitar, iniciando seus vôos matinais em busca de alimento. O brilho do grande astro sobre a copa das árvores róseas da Floresta do Canto Cristalino faz dela um lugar muito especial.

A cidade suspensa amanhecia tranquila e silenciosa, possibilitando moradores e visitantes ouvirem o chilrear dos pássaros através das janelas de seus quartos nas estalagens. Silêncio e calmaria são coisas bem distantes nas cozinhas das tavernas da cidade mágica. Enquanto as pessoas dormem tranquilamente, cozinheiros correm de um lado para o outro preparando os mais variados pratos e atendentes andam apressadas pelo salão depositando os utensílios nas mesas para deixar tudo perfeitamente arrumado na hora de receber os hóspedes para o desjejum.

Apesar de parecer um dia normal em Azeroth, para a gnomida ele se mostrará um dia peculiar... A maga passou semanas no deserto de Uldum com um grupo de arqueólogos comandados por ela, em busca do precioso pergaminho, Frasco das Areias. Seu sonho de tornar-se um dragão ainda é latente.

Atordoada e com a cabeça latejando de dor, a pequena abre lentamente os olhos, se deparando com tecidos bem finos, em um tom de roxo, tão familiar à maga. Tenta se mexer e ao apalpar o local onde está deitada, sente o fino tecido de seda, comercializado pelos goblins. Coisas tão caras e finas assim, são vendidas apenas pelos verdinhos. "Não é possível", pensou Arviny.

Ela estava em um local bem conhecido; aquele era seu quarto em Dalaran, ou no mínimo, um muito parecido com o seu. Mas como havia chegado ali? Puxando por sua memória, a última coisa que consegue lembrar é que estava com sua equipe em Uldum e de ter ouvido uma grande explosão e depois... nada mais. E que sensação incômoda é essa de tudo parecer diferente? Aquele era seu quarto com toda certeza, mas tudo parecia estar... menor. O que estava acontecendo?

Tentou levantar da cama, mas nem chegou a erguer a cabeça. Seu corpo inteiro doía e o pequeno movimento fez o mundo inteiro girar, escurecendo sua visão. Arviny gemeu e voltou à posição em que estava, deitada de costas na cama, com os braços estendidos ao lado do corpo. Tentando compreender o que tinha acontecido e sem conseguir levantar, Arviny aguarda ouvir algum barulho do lado de fora de seu quarto e quando percebe uma movimentação, chama pela estalajadeira assistente, Afsaneh Asrar para obter algumas respostas.

- Afsaneh - chamou com dificuldade. A garganta seca fez com que sua voz saísse bem baixa e ela teve certeza de que seria impossível alguém ouvi-la do lado de fora. Para sua sorte, a porta do quarto abriu e Afsaneh entrou.

- Senhora Trinahh, finalmente acordou!

- Trinahh, quem é Trinahh? Está louca Afsaneh?! Não me conhece mais? Sou eu, Arviny! - deu sua risada habitual, mas achou que o tom de sua voz estava diferente.

Afsaneh a encarava como se estivesse diante de um ser de sete cabeças, com uma expressão confusa no olhar, sem conseguir entender porque a maga falara aquilo.

Arviny ficou ainda mais confusa sem entender o porquê de sua amiga a chamar por outro nome. Ao notar que a elfa falava sério, pensou em um modo de obter respostas e o primeiro passo seria descobrir o motivo dessa dor que estava sentindo ao tentar se mover. Fechando os olhos, respirou fundo e começou a apalpar o corpo, percebendo que seus bracinhos não eram mais tão pequenos... Lentamente, ela continuou a exploração, percebendo que seus membros, tronco e estatura estavam bem maiores do que o normal e ela estava mais magra! Assustada, notou pela primeira vez que seu cabelo estava enorme e... vermelho! Seu cabelo agora era vermelho! Onde foram parar os cachinhos cor de rosa que ela tanto se orgulhava? Arviny não se lembrava de ter ido a nenhum salão de beleza mudar seu visual.

A Maldição do SádicoWhere stories live. Discover now