Capítulo 9

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Pela primeira vez em toda sua vida, Trinahh não conseguia falar. As palavras surgiam em sua mente e morriam na boca, antes da primeira sílaba ser proferida. Ela estava realmente diante de Isaxi? Seus olhos não lhe pregaram uma peça? Era muito difícil para a maga ver e ouvir a voz da amiga que não via há tantos anos. Um misto de tristeza e alegria a invadiu como um tsunami. Milhões de lembranças pipocavam em sua cabeça e pequenos vislumbres de momentos felizes ao lado de seus antigos companheiros dançavam, embaralhadas, aumentando ainda mais aquele carrossel de emoções. Ela se sentia enjoada. Tantos anos distante. Tantos anos sem notícias da elfa noturna e acreditando que estivesse morta... Seu coração batia contra o peito, tão forte, provocando uma dor prazerosa. Sim, ela estava viva e a apenas três passos de distância! Tudo o que mais queria era se jogar nos braços da amiga e demorar num abraço apertado. Sabia que não podia fazer isso. Ao menos ainda não.

Isaxi a olhava de cima a baixo, estudando-a. Era perceptível a repulsa que sentia por estar tão perto de uma elfa sangrenta. Aquele olhar de nojo e desdém perfuravam Trinahh como punhais afiados, arremessados por um exímio atirador. Era compreensível, a maga tinha consciência disso, pois as diferenças entre os dois povos já se estendia por anos. Apesar de entender, isso a machucava profundamente, deixando-a paralisada, sem conseguir dizer uma só palavra em meio às lágrimas e a boca abrindo e fechando igual a um peixe desesperado por ar fora d'água. Percebendo o estado de Trinahh, Eridormu interviu, quebrando o silêncio.

― Não vai me dar um abraço, Isaxi?

A druida trocou olhares com o guerreiro e baixou a guarda. Até o momento Trinahh não havia percebido que prendia a respiração e puxou com toda força o ar para dentro de seus pulmões. Respirando lentamente, tentava controlar os sentimentos agitados. Isaxi sorria carinhosamente enquanto caminhava de braços abertos em direção ao dragão. A beleza da elfa era estonteante. Suas curvas bem definidas e músculos torneados, combinavam perfeitamente com o balançar sensual de seus quadris. Ela andava de uma maneira graciosa, quase um convite para todos a admirarem.

―  Elune-Adore ! Eridormu, achei que nunca mais veria você

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Elune-Adore ! Eridormu, achei que nunca mais veria você.

Ishnu-alah. ― sorrindo, abraçou forte a druida. Seus sentimentos misturavam-se com os de Trinahh por causa da forte ligação entre os dois e o dragão não conseguiu conter as lágrimas. ― Pensamos que você estivesse morta, Isaxi. Onde andou todo esse tempo?

― É uma longa história, Eridormu.

Trinahh permanecia na mesma posição, em pé, com os braços estendidos ao lado do corpo e mãos fechadas em punho, observando os amigos abraçados e o elfo que olhava para Isaxi com um sorriso no rosto. O dragão a encarou e percebendo sua paralisia, soltou gentilmente a druida, caminhando até parar de pé ao seu lado. Uma sensação de conforto a dominou quando sentiu os dedos do dragão se entrelaçando aos seus. O gesto foi suficiente para trazê-la de volta e naquele momento percebeu que Eridormu era sua âncora. Olhando dentro dos olhos âmbar, fez um gesto quase imperceptível para ele, assegurando-o que ela estava bem.

A Maldição do SádicoWhere stories live. Discover now