A Maldição do Sádico

Capítulo 5

O dragão batia suas asas fortemente, levando sua musculatura ao extremo, impulsionando o corpanzil para frente. Vez ou outra olhava para trás, conferindo se a maga permanecia bem segura em suas costas. Trinahh inclinou o corpo e agarrou-se ao pescoço escamoso de Eridormu com toda sua força. Apesar da velocidade em que estavam, ela sentia-se protegida. Sabendo que a viagem não seria segura para Corgíneo, a elfa deixou apenas uma pequena abertura em sua mochila para que ele respirasse e o cachorro, obedientemente, se mantinha bem quieto dentro da mesma, apenas com a ponta do focinho para fora.

Ela estava eufórica e aflita ao mesmo tempo e cada músculo do seu corpo tremia. Será que finalmente haviam encontrado a última parte do cajado? Será que seu tormento chegaria ao fim? Esses pensamentos a dominaram por todo o percurso de Uldum até Tanaris e Eridormu sentia-se tenso tanto quanto a maga. Seu enorme coração pulsava violentamente contra o peito, tão forte que parecia o retumbar de tambores de guerra e não era só pelo esforço que fazia ao voar.

- Tudo bem por aí, pequena? Segure-se que nós já vamos descer.

- Se eu segurar mais firme do que isso irei me fundir a você, Eri. - Trinahh aperta um pouco mais forte o pescoço do dragão e sorri nervosamente.

Sobrevoando o acampamento, os dois observam um aglomerado de cabeças observando um buraco, todos muito agitados e gesticulando para alguém dentro da depressão. O dragão pousa pesadamente próximo a algazarra, assustando-os e Pengusso, ao reconhecer o casal, corre tropegamente de encontro à eles.

- Trinashh, você chegou... finalmente... hic!

- O que está acontecendo aqui, Pengusso?

- Venha ver com seus própriosh olhosh... hic!

- Será que vai existir algum dia em que não te verei bêbado, Pen? - Desceu das costas de Eridormu, sorrindo de orelha a orelha para o amigo pandaren e retirou Corgíneo da mochila. O cachorro saiu correndo em direção a uma pedra e fez xixi, demorando um tempão até se aliviar completamente.

Em um campo de batalha é quase impossível não temer a enorme ferocidade do homem panda. Com seus 2,07 metros de altura, o monge desfere golpes precisos em seu oponente, aproveitando dos mais de 180 quilos para impulsionar o corpanzil e atacar com maestria os pontos corretos, derrubando o inimigo que se atrever a entrar em seu campo de visão. Coberto com uma pelagem cinza escuro e branca nas regiões do rosto, peito e costas das mãos, o pandaren é ao mesmo tempo uma criatura assustadora e bela. Ostentando uma enorme pança - que é seu maior orgulho - e uma barbicha trançada no queixo, o mestre cervejeiro vive inventando novos sabores de cerveja, passando horas entre barris cheios dos mais diversos ingredientes, salas de maltagem e vapores dos mais variados, deixando seus pêlos impregnados com o aroma de lêvedo e do líquido dourado, que carrega sempre consigo em uma garrafa pendurada no cinturão envolvendo sua redonda cintura. Pengusso é um dos muitos amigos inusitados que Trinahh conquistou durante seu período como elfa sangrenta.

Ao lado do gigante, a maga sente-se como uma criatura pequenina e frágil, mas ao mesmo tempo a sensação de segurança a domina. Seus amigos são o bem mais precioso que ela conquistou e ao pensar sobre a quebra da maldição, seu coração se despedaça, pois ficarão de lados opostos quando voltar a ser uma gnomida.

Seguindo Pengusso, com Eridormu logo atrás, a maga compreende que toda aquela agitação vista do alto eram gritos de comemoração. Ao aproximar-se da cratera, o monge abre caminho para a professora passar e Trinahh avista um Dubaii sorridente, dançando alguns golpes de capoeira, segurando na enorme mão um pequeno pedaço prateado. Seu coração se enche de alegria ao notar os entalhes roxos que circulam o fragmento, formando um emaranhado de linhas que se entrelaçam por todo o comprimento do cajado. Sem sombra de dúvidas eles encontraram o último pedaço que faltava.